Estratégia definida esta manhã
A Cáritas Portuguesa e as Cáritas Diocesanas vão apostar na ajuda de emergência às famílias mais carenciadas que foram atingidas pelos incêndios de 2005
Os representantes das Cáritas Diocesanas das zonas mais atingidas pela recente vaga de incêndios reuniram-se hoje na Casa de Nossa Senhora do Carmo (Fátima) para definir as estratégias de apoio às vítimas.O objectivo do encontro foi fazer o ponto da situação dos contactos e acções, até agora, levados a efeito e, tendo em conta a experiência de há dois anos, afinar critérios de actuação no apoio a conceder. Estiveram presentes representantes da Cáritas na Guarda, Viseu, Santarém, Leiria e Coimbra.
Manuel Nazaré, responsável pela Cáritas em Santarém, uma das regiões mais atingidas pelos incêndios, explica à Agência ECCLESIA que “todas as Cáritas estiveram no terreno e já falaram com as Câmaras Municipais e outras entidades, pondo-se à disposição de todas elas”.“Os critérios da Cáritas são, obviamente, os de ajudar as pessoas que não vão ter acesso a outros fundos existentes. A experiência que nós tivemos, em Santarém, com os incêndios da Chamusca em 2003, passou por uma articulação muito boa com a Câmara Municipal que permitiu resolver todas as situações”, acrescenta.
Este responsável apresenta um balanço da reunião desta manhã e revela que a organização católica já deixou compromissos de colaboração efectiva junto das Autarquias de Leiria, Pombal, Ourém e de Seia, porque, após a conclusão de todas as fases do “Programa de Apoio às Vítimas dos Incêndios” de 2003, ainda dispõe de alguma verba resultante da campanha de recolha de donativos levada a efeito na ocasião. Lembre-se que a campanha de há dois anos recolheu cerca de 2,5 milhões de Euros, empregues até agora em ajuda às pessoas mais pobres atingidas pelos incêndios, na reconstrução de habitações e em auxílio de emergência – como se volta a verificar este ano.
A Cáritas, receando que os fundos disponíveis não venham a ser suficiente para atender a todas as situações que lhe possam vir a ser apresentadas, já procedeu à reabertura da conta da Caixa Geral de Depósitos, com o n.º 0697602410830 e a designação de “Renascença Cáritas-Ajuda Portugal”.
Manuel Nazaré assegura que “a resolução dos problemas deve resultar de parcerias entre as instituições que estão no terreno, ouvindo os grupos socio-caritativos das paróquias em que a situação se deu, para que haja garantias de que os casos contemplados são os que merecem a nossa ajuda”. Este responsável adiantou que alguns dos municípios contactados asseguraram ter capacidade para dar resposta a todas as situações que surgiram e, por isso, recusaram a ajuda da Cáritas.
O organismo católico para a assistência e a acção social tem-se distinguido pela rapidez com que apresenta resposta a situações dramáticas e Manuel Nazaré afirma que esta é a melhor forma de “fazer pressão, no melhor sentido da palavra, contra a inércia que normalmente acontece noutras estruturas burocráticas”.
:
Fonte: ECCLESIA
FADO PORTUGUÊS
O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.
Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.
Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Excerto de "Fado Português", in "Fado"
