Estar na Figueira da Foz é um prazer. E quando passo por lá sinto pena de a deixar. Contudo, vou-me conformando com a impossibilidade de passar férias naquele ambiente. No verão, o movimento já nos incomoda. Eu sei que temos ao nosso dispor, bem perto de casa, a Barra, a Costa Nova e a Vagueira. Mas há gostos e lembranças que nos marcam para a vida. Aconteceu isso mesmo comigo.
domingo, 19 de novembro de 2023
Orlando Figueiredo - ÁGUA
ÁGUA
Mar fecundo
de velas abertas em cristais de ternura
sais impuros sem repouso
Vasos comunicantes
braços tranquilos fatigados
Doce mistério de gestos repetidos
compassados sons de maternidade
gritos surdos
espelhados no verde das algas
Aqui
neste espaço febril
somos plancton dedos luz
somos aves sem retorno
água que corre
Orlando Figueiredo
In “Guardador de sonhos”
sábado, 18 de novembro de 2023
Espiritualidade, religião e saúde
Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias
Em todas as licenciaturas, há uma cadeira que se imporia: Antropologia, pois é sempre o ser humano que está em causa.
1. E quando falamos do ser humano, temos de ter sempre em consideração que se trata de uma unidade em tensão. Assim, ele apareceu na história da evolução e, por isso, é preciso dizer que ele vem da natureza, mas, ao mesmo tempo ele é na natureza, pois é nele que a natureza e a evolução sabem de si. Ele é no tempo: vem do passado, vive no presente e projecta-se no futuro. Ele é simultaneamente impulso, emoção e razão. É consciente, consciente de que é consciente, mas mergulha no inconsciente, o isso em nós sem nós, de tal modo, que por vezes perguntamos: eu fiz isso?, aí não era eu. Limitado, o ser humano é uma abertura ilimitada, nunca estamos suficientemente feitos, estamos abertos a tudo, à Transcendência.
2. Deste modo, encontramos o cuidado. Cuidaram de nós e nós devemos cuidar: cuidar de nós (desde o que comemos ao repouso...), cuidar dos outros (só sou eu face ao tu), cuidar da natureza (há uma ligação estreita entre a saúde e o ambiente), cuidar do Sagrado, de Deus.
sexta-feira, 17 de novembro de 2023
As Palavras no Som da Pintura
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Quero de ti
O fogo soberano que beija a esperança,
Onde rebentam as águas
Que incendeiam a seiva
Nascida no refúgio dos deuses.
O perfume do teu sangue
Afofa e ameiga
A dureza das fragas
Que suportas nas crateras
Expostas ao sabor
Eflúvio do teu ser.
O sangue é sempre
Um grito vindo do abismo vigoroso,
No silêncio da claridade
E na escuridão de uma noite
Em que se trocam destinos profundos,
E palavras que desconhecem
O palpitar das rosas
Pelo fogo que a alma deixa cair aos teus pés.
O mar da serenidade
Flutua num lençol
Tão puro que se oculta em si
E ceifa a sede desértica
Que aniquilou o caule espinhoso
Dos segredos subtis.
Tu és o poema indiviso
E a ilha na sua plena majestade.
“As Palavras no Som da Pintura”
Inocêncio Paulo Moreira - Poemas
Paula Teixeira - Ilustrações
NOTA:
1 - Diz Paulo Moreira que os seus poemas deste livro são a sua "visão interpretativa dos quadros que a Paula selecionou para esta obra".
2 - Sobre o livro, tentarei escrever algo brevemente.
Recordações — Lago azul
LAGO AZUL
O vento brando
suave e quente
enche velas esguias
e coloridas
No entardecer
no lago azul e liso
barcos deslizam
suavemente
E o vento brando diz
convencido
Aqui no lago azul e liso
o rei ainda sou eu
FM
Agosto de 2008
quinta-feira, 16 de novembro de 2023
Jorge Ribau - Mais um prémio
O nosso conterrâneo e bom amigo, Jorge Ribau, venceu mais um concurso de culinária, desta feita na área da sobremesa, do programa "A mesa dos portugueses". Trata-se de um Pudim de Laranja que, pelo aspeto, deve ter saído saborosíssimo.
Os prazeres das pessoas não devem brotar espontaneamente, ou talvez sim. Tanto quanto sei, o Jorge Ribau teve uma grande mestra, sua avó materna, Dona Aurora, que eu tive o prazer de conhecer. Um abraço, meu caro, com votos dos maiores sucessos.
GAFANHA DA NAZARÉ — Igreja Matriz
Todos somos sensíveis às cores, às formas, aos volumes. Em suma, à beleza. Quando entro numa igreja, sabe-me bem apreciar o bom gosto e a harmonia, tal como me sabe bem ouvir belos cânticos de louvor a Deus. De modo que não posso deixar de partilhar aquilo que, na minha opinião, enriquece a nossa sensibilidade.
Nota: A nossa Igreja Matriz está recheada de janelões com vidros pintados. Temática religiosa.
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