O Desertas, na Costa Nova, a caminho do seu regresso ao mar. Foto muito divulgada, mas sempre apreciada.
quinta-feira, 29 de setembro de 2022
Sinodais a irradiar
Uma reflexão de Georgino Rocha
para este tempo
A renovação da Igreja está a urgir
e a transformação e a humanização da cultura são prementes
A comunidade católica quer “continuar o exercício exigente e nunca acabado de promover a sinodalidade na vida e na missão da Igreja”, escreve D. João Lavrador na Carta Pastoral «Eu renovo todas as coisas» para o ano apostólico 2022-2023.
Cada ano que começa é “sempre uma oportunidade para a renovação e para sonhar novos caminhos, a nível pessoal, familiar e comunitário”.
Os Conselhos Pastorais, Diocesano, Paroquiais, de Unidade Pastoral e Arciprestal, “a que temos de dar novo vigor, revestem-se de máxima importância no exercício da sinodalidade eclesial”.
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
Dia Internacional do Acesso Universal à Informação
Celebra-se hoje, 28, o Dia Internacional do Acesso Universal à Informação. Esta data é comemorada desde 2015, por decisão 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, onde se sublinha que se trata de “um direito humano fundamental que desempenha um papel central na capacitação dos cidadãos”.
Todos sabemos que o acesso à informação não é plenamente respeitado, com limitações a todos os níveis. Não é gratuita nos vários âmbitos: jornais, televisões, rádios, internet, literatura, cinema, teatro, etc., e nem sempre está acessível.
Para além disso, todos sabemos que há, direta ou indiretamente, manipulação em situações que o comum dos mortais não consegue distinguir. No fundo, importa fazer um esforço permanente no sentido de se consultarem diversas fontes para tirar dúvidas.
Só a paz pode lavar pecados
Costuma-se dizer que na guerra, em qualquer guerra, a primeira vítima é a verdade. No meio da informação e contrainformação, nas diferentes razões e causas, nos interesses em conflito, pouco sobra para a racionalidade e ainda menos para a verdade, que é mais alcançável pelo diálogo do que pela força. No caso da guerra da Rússia na Ucrânia há outra vítima: a fé ortodoxa.
Foi especialmente doloroso, porque incongruente, ver o presidente Putin na celebração da Páscoa ortodoxa. A Páscoa da Ressurreição transformada em propaganda de morte. Putin com uma vela na mão, luz-vida que faz desaparecer as trevas-morte, enquanto os seus soldados semeiam morte – e sofrem eles próprios às mãos dos ucranianos.
Agora é o Patriarca de Moscovo, Cirilo I, que faz afirmações de estremecer, se as levarmos a sério. Convenientemente faltou ao Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais, no Cazaquistão. Boicotou uma cimeira de paz. Diz o Patriarca, depois da chamada dos trezentos mil reservistas: “Se morrerem pelo país, entrarão no Reino de Deus.” Ou “Acreditamos que este sacrifício lava todos os pecados que a pessoa tenha cometido”. Ele, que já tinha dito, no início da guerra: “Entrámos numa luta que não é apenas física, mas tem um significado metafísico”.
Sabemos que alguns consideram que a Rússia ortodoxa, a “Santa Rússia”, tem uma missão no mundo, uma espécie de cruzada em que ninguém acredita fora da Rússia. Não podemos deixar de repudiar a mistura da fé cristã com o nacionalismo. A religião não pode acolitar o poder político. Perde credibilidade. E o diálogo com os ortodoxos, que foi prioridade para os papas desde Paulo VI, fica mais difícil.
J.P.F.
NOTA: Publicado no Correio do Vouga desta semana
terça-feira, 27 de setembro de 2022
OUTONO — O jasmim perdeu os seus adornos
O outono montou a sua tenda branca sobre os montes;
tiraram-lhes o tapete verdejante.
O ramo do jasmim perdeu os seus adornos
e a rósea olaia deixa cair as suas flores.
O pálido marmelo amarelece; a romã cora;
ó surpresa! terá um deles bebido o sangue do outro?
Os jardins estão assombrados por negros saltadores:
os negros corvos, com as suas vestes manchadas de pez.
Esses bailarinos do outono começaram a agitar-se;
as aves da primavera calaram os seus brancos concertos.
Amáveis servidores, para festejar o equinócio,
trazem os seus presentes ao afortunado príncipe.
E o longínquo mar encarregou a nuvem
de lhe lançar no trono, de presente, algumas pérolas.
Mo’ezzi (1084 – 1147) é um poeta persa
In Rosa do Mundo
Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo
A sobrevivência da nossa civilização
"Não foi a libertação do medo, mas o equilíbrio do medo, que tornou possível a sobrevivência da nossa civilização"
Golda Meir
Em Escrito na Pedra do PÚBLICO
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
Um poema de Tolentino Mendonça
Nesses dias distantes eu vagueava pelas matas
enchia a espingarda de chumbo e disparava
contra o silêncio das árvores altas
só para assistir ao espectáculo dos pássaros
contra o silêncio das árvores altas
só para assistir ao espectáculo dos pássaros
em debandada
experimentava uma exaltação — de que tenho hoje pudor
perante imagens que partem:
fragmentos rápidos, passagens, segredos que se apagam
nesses dias distantes nem suspeitava
a vida pode ser interminável
o que deixaste abandonado regressa — aprende-se depois
quando, por exemplo, a esquecida infância se parece
com certos cães deixados de propósito a muitos quilómetros
que ladram não se percebe como
à porta da velha casa
In "A NOITE ABRE MEUS OLHOS"
Nota: Humilde homenagem ao poeta que tive o prazer de ouvir e ver em diversas circunstância da minha vida. Mas também pela admiração que por ele nutro e pela sua recente nomeação pelo Papa Francisco para as responsabilidades de primeiro prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, da Santa Sé.
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