quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A Gafanha já foi mar


O espaço seco que hoje habitamos, com o mar e a ria a limitá-lo na sua grande parte, não é de sempre. Observando mapas e lendo registos fica-nos a certeza de que o mar foi dono das atuais Gafanhas
Há mil anos as águas salgadas ainda dominavam estes espaços, em jeito de quem sonha com uma ria e o rio Vouga abertos ao mundo.
A restinga de areia que se formou ao longo de séculos, 25 segundo Araújo e Silva, com o qual concorda Alberto Souto, protegendo-nos dos avanços e ataques do oceano, foi criando condições capazes de atrair pessoas habituadas a enfrentar dificuldades.
Orlando de Oliveira, no seu livro “Origens da Ria de Aveiro”, avança com a certeza de que a laguna, delimitada como presentemente a podemos ver, vem do tempo da fundação da nacionalidade.
«Podemos dizer com orgulho que a Ria de Aveiro e Portugal se formaram ao mesmo tempo. Nasceram simultaneamente por alturas do século XII e poderíamos dizer, fantasiando um pouco, que, enquanto os nossos primeiros Reis e os seus homens iam dilatando as terras peninsulares, a Mãe-Natureza ia conquistando ao mar esta jóia prodigiosa que generosamente viria ofertar às nossas terras alavarienses», afirma Orlando de Oliveira.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Estado de espírito

 
Tenho idade que me permite perceber o meu estado de espírito. Quando me sinto por baixo, salto para o quintal, aprecio a natureza, contemplo as flores e a normalidade volta.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Sabe o que é um agueiro?

Nas praias, todo o cuidado é pouco


«Um agueiro é um fenómeno que acontece no mar, junto à praia, e que consiste na existência de uma corrente, com a direção da terra para o mar, criada pelo retorno da água trazida pelas ondas para a praia. A zona do agueiro é caracterizada pela ausência de ondas e, por isso, muitos banhistas são levados a pensar que são as melhores áreas para tomar banho, mas são muito perigosas. Um agueiro pode ser identificado pelas setas sobre a água, pela existência de espuma à superfície e também por se encontrar revolta e com movimento contrário ao da rebentação.»

Notas: 
1. Transcrito da agenda da CMI referente a Agosto, com ligeira alteração;
2. Foto Google

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Festival do Bacalhau - Já esta semana





Depois do confinamento imposto pelo COVID-19, o Festival do Bacalhau volta a animar o nosso Verão. Nosso e de todos os que sentem a necessidade da alegria, do convívio e de saborosos petiscos, porque nem só de trabalho e canseiras pode ser a vida de cada um.
O Festival do Bacalhau vai realizar-se entre 10 e 14 de Agosto, no Jardim Oudinot, Gafanha da Nazaré, com a participação de instituições do nosso concelho e de outras convidadas pela organização.
Sendo certo que o rei da festa tem de ser o bacalhau, que os marítimos da nossa região pescam desde tempos ancestrais nos mares da Terra Nova e Groenlândia, a verdade é que a festa não se faz só à mesa, havendo outros motivos de interesse que justificam uma visita às nossas terras já naquelas datas.
O passeio ao Jardim Oudinot, sala de visitas da região, o usufruto das belezas da Ria, o Navio Museu Santo André, o convívio com todos os visitantes, os concertos musicais a seu tempo anunciados e, finalmente, a degustação das mil e uma maneiras de preparar o fiel amigo justificam a deslocação ao Festival do Bacalhau. 
Lembramos que cada instituição com tenda montada tem a sua especialidade bem explicada na carta que será exibida a quem chega com apetite. Mais ainda: para além da posta do bacalhau, há as caras, os samos, as línguas,  as espinhas do fiel amigo e muito mais para petiscar e saborear. 

domingo, 7 de agosto de 2022

Ana Luísa Amaral

Homenagem à poeta Ana Luísa Amaral
que faleceu na sexta feira











«O vitelo mais gordo»
disse o pai. Mas era para o outro
que falava

E ele interrogou-se confundido,
o coração pesado de negócios,
esquecido de viagens e sonhos
por fazer

Deve ser coisa estranha
a lealdade,
como penoso o ofício
de amar

Perdida a juventude
entre contas e servos,
entre terras vedadas e cega obediência
que lhe restava

Senão juntar-se à festa
e comer do vitelo
e fingir alegria
em pródigos sorrisos?



Nota: Do livro ÁGORA. Ler mais aqui

Celebramos hoje 57 anos de casados

Recomeço hoje, 7 de Agosto, dia em que celebramos 57 anos de casados. Foi na igreja matriz do Bunheiro, Murtosa, em cerimónia presidida pelo nosso comum amigo, Pe. Manuel Ribau Lopes Lé, que eu e a Lita prometemos fidelidade e amor até ao fim dos tempos. E cá estamos a recordar os bons momentos que temos vivido, mas também os menos bons que soubemos ultrapassar, sempre com os nossos filhos (Fernando, Pedro, Paulo e Aida), netos (Filipa, Ricardo e Dinis) e agora uma bisneta (Benedita), filha do Ricardo e da Inês, nos nossos pensamentos e nos nossos corações, que nos hão de perpetuar no mundo.
Aqui ficam  votos sinceros das maiores venturas para familiares e amigos.

Lita e Fernando

sábado, 6 de agosto de 2022

Nietzsche e Deus

Crónica de Anselmo Borges 

Quando lemos atentamente a obra de Friedrich Nietzsche e nos debruçamos com simpatia sobre a sua vida, não podemos deixar de ficar afectados pelo drama até à loucura que a questão de Deus constituiu para ele, filho de pastor protestante. Aquele que fora uma criança piedosa e estudara teologia havia de proclamar publicamente em 1882, através de um louco, em A Gaia Ciência, a morte de Deus: "Deus morreu! Deus está morto! E fomos nós que o matámos!" "Conta-se ainda - continua - que o louco entrou nesse mesmo dia em várias igrejas e aí cantou o seu requiem aeternam deo. Expulso dos templos, ripostou sempre apenas isto: "Que são agora ainda estas igrejas senão os túmulos e os monumentos funerários de Deus?"."
Mas, ao mesmo tempo, o júbilo perante o "acto mais grandioso da História", que foi a morte de Deus, é atravessado por estas perguntas terríveis: "Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? Que fizemos nós, quando soltámos a corrente que ligava esta terra ao sol? Para onde se dirige ela agora? Para onde vamos nós? Para longe de todos os sóis? Não estaremos a precipitar-nos para todo o sempre? E a precipitar-nos para trás, para os lados, para todos os lados? Será que ainda existe um em cima de um em baixo? Não andaremos errantes através de um nada infinito? Não estaremos a sentir o sopro do espaço vazio? Não estará agora a fazer mais frio? Não estará a ser noite para todo o sempre, e cada vez mais noite?".