domingo, 13 de março de 2022

Problemas da Paz


"A guerra é a saída cobarde para os problemas da paz"

Thomas Mann,
escritor




Em Escrito na Pedra do PÚBLICO de hoje

sábado, 12 de março de 2022

Efemérides de Março: Estrada - Ponte - Farol

Primeiras estrada que atravessou a Gafanha
Ponte que ligou Ílhavo à Gafanha
Farol começou a ser construído 

Ponte e primeira estrada

Se pensarmos um pouco, descobriremos que uma terra, qualquer que ela seja, tem sempre efemérides que preenchem a sua história. E a Gafanha da Nazaré está carregada de eventos que ouso lembrar de quando em vez. 
Em março, no dia 12 de 1860, foi iniciada a construção da primeira estrada que atravessou a região da Gafanha até ao Forte e que foi batizada, em data posterior, com o nome de Av. José Estêvão. Contudo, é justo lembrar que esta estrada, bem como outras que se construíram naquela época, se ficou a dever à influência de José Estêvão. 

Farol em construção

Curioso será imaginar o movimento que esta longa estrada teve, em épocas de veraneio, com destino às praias da Barra e Costa Nova, sobretudo aos fins de semana. Na altura, dizia-se que era a estrada rural com maior trânsito no país. Será exagero, mas ouvi essa afirmação inúmeras vezes. 
Também neste mês, no dia 24 de 1862, se iniciou a construção da ponte que ligou Ílhavo à Gafanha. E em março de 1885 iniciou-se a construção do nosso Farol, que foi inaugurado em 31 de agosto de 1893.
Interessante seria que nos debruçássemos, de vez em quando, sobre o progresso da nossa terra, a partir de datas marcantes da nossa caminhada na história.

As tentações do poder e a tragédia

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

"Sr. Putin, permita que lhe pergunte: afinal, quem é? Nasceu de pai e mãe? Tem coração que bate? Pensa? Sente? Já alguma vez sofreu? Já chorou? Como é possível sob o seu comando tanta gente perder a vida, perder a paz, ter de abandonar as suas casas, fugir das armas e tanques de guerra, tudo sob o seu comando? Como pode ver crianças a sofrer, a chorar assustadas, crianças mortas? Crianças a nascer em bunkers, mulheres a ver os seus maridos e filhos a morrer? Quem é afinal, Sr. Putin?


Perante os horrores que estamos a viver, escrever o quê? O meu desejo era tão-só pôr como título - Ucrânia: o horror. Depois, pedir para colocarem na página em branco a imagem de uma cruz e, no fundo, à direita, duas palavras: lágrimas e solidariedade. E era tudo.
Mas estamos na Quaresma e, no Domingo passado, o Evangelho narrava as três tentações de Jesus, tentações que, lá no fundo, não são senão uma só: a tentação do poder total enquanto domínio: o poder económico - o diabo disse a Jesus: "Diz a estas pedras que se transformem em pão" -, o poder religioso - levou-o ao pináculo do Templo e disse-lhe: "Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, os anjos levar-te-ão nas suas mãos" -, o poder total - "o diabo mostrou-lhe todos os reinos do universo: Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória; se te prostrares diante de mim, tudo será teu".

sexta-feira, 11 de março de 2022

Escutar Jesus, o Filho Amado de Deus Pai

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Segundo Domingo da Quaresma 

A transfiguração faz-nos ver a autenticidade de Jesus, o Filho de Deus, dá lucidez e coragem aos seus amigos e seguidores para verem a outra face da vida, abre horizontes de ressurreição aos acontecimentos “negros” da paixão injusta e da morte aniquiladora

“Diz-me o coração: «Procurai a face do Senhor». A vossa face, Senhor, eu procuro; não escondais de mim o vosso rosto”. É esta a antífona de entrada da celebração litúrgica do domingo da Transfiguração de Jesus, ocorrida no monte Tabor. Antífona que desvenda o íntimo do coração humano desejoso de ver o rosto de Deus e, cheio de confiança, Lhe suplica que se mostre. Antífona que nos predispõe a acolher a mensagem das leituras de hoje. Em sintonia com a Igreja, vamos fazer o percurso dos discípulos eleitos de Jesus para serem testemunhas da sua transfiguração e revigorarmos a nossa fé. Lc 9, 28b-36.
Ao desejo do coração humano responde Deus Pai indicando o caminho seguro de escutar Jesus, seu Filho amado. Escutar é uma constante bíblica que desvenda a relação humana que sintoniza com o preceito divino. Escutar com o coração disponível a acolher e com todas as faculdades humanas despertas e prontas a corresponder. “Quem dera ouvísseis hoje a voz do Senhor” exorta o salmista ao começar a oração da manhã da Liturgia das Horas.

Os Irmãos

Da Ucrânia com amor, crónica 
de Adriano Miranda no PÚBLICO

Fixo um jovem fardado e hirto. Tem consigo a bandeira que jurou defender. É parecido com o meu filho mais velho. Recordo o rosto do João. Recuso-me a imaginá-lo de arma em punho.

O autocarro com militares está estacionado numa rua perto da igreja. Alguns comem. Imagino que o pequeno-almoço no quartel tenha sido madrugador. Uma bandeira da Ucrânia está enrolada num pau grosso e castanho. Fazem um compasso de espera. Chegará em breve o camarada. Ou dois camaradas. Ou três camaradas. Morto, ou mortos, na linha da frente. Será a hora da despedida. De homenagear com flores e lágrimas. São os novos heróis do país. Anónimos com bravura ou sem bravura.
Alinhados, os jovens militares comungam da oração. O que será uma bala? O que será um estilhaço? Como será a dor da pele a estalar e da carne a abrir? Qual o sentido desta guerra? Mas que guerra faz sentido? Fixo um jovem fardado e hirto. Tem consigo a bandeira que jurou defender. É parecido com o meu filho mais velho. Recordo o rosto do João. Recuso-me a imaginá-lo de arma em punho. Vestido de farda e colete à prova de bala. A matar para não morrer. O soldado do outro lado da trincheira também mata para não morrer. Afinal, são ambos soldados e juraram defender uma bandeira. Mas antes do juramento, são filhos do ventre de mães felizes na hora do primeiro choro e na alegria do primeiro banho. Depois virão os vermes. Sentados em luxuosas cadeiras, com dedos grossos e cachuchos reluzentes. As mães terão de dar os seus filhos. Será o juramento da hipocrisia e da vergonha. Os vermes riem de prazer. Terão carne para se defender.
Militares mortos entrarão pela cidade com grande frequência. A cidade ganhará nova rotina. Haverá muitos pais sem filhos e muitos filhos sem pais. Nervos contidos. Impotência devastadora. A guerra continua. As vidas estão suspensas ou desfeitas. A dor tomou conta de tudo e de todos. É a luta de irmãos contra irmãos. De mães contra mães. No horizonte, não se vislumbra o mastro da bandeira branca. Ninguém tem imaginação suficiente para adivinhar o fim. A guerra não é um conto de fadas.

Adriano Miranda no PÚBLICO   de  ontem

quinta-feira, 10 de março de 2022

A Lita celebrou mais um aniversário

Celebrar um aniversário é sempre um motivo, cá em casa, para evocar momentos felizes. E para mim é ainda um desafio para retroceder no tempo e reescrever, na minha memória, tantas horas felizes de partilha de sentimentos e emoções. 
Hoje foi a Lita a aniversariante e para além dos parabéns pelos seus 82 anos de vida, quase 60 comigo a seu lado, dirigi a Deus uma prece para que a conserve lúcida e ativa como sempre a vi, senti e apreciei.
Os filhos e netos também não esqueceram a mãe e a avó, que tem uma habilidade rara para escrever bilhetinhos com recados para tudo e mais alguma coisa e para colher a flor certa para ofertar na hora própria.
Apesar do otimismo que apostamos em cultivar, sentimos o peso da carga dos anos e procuramos, por isso, a entreajuda como paradigma do nosso amor. E a vida, assim, continuará até Deus nos chamar para o seu regaço maternal.

Fernando 

UCRÂNIA - Todos saberemos cooperar


Ainda menino, percebi as consequências da segunda grande guerra e dela ouvi falar imensas vezes na minha vida. Depois vieram outras guerras com Portugal em África a não aceitar o óbvio, por imposição de um ditador “orgulhosamente só”, que sacrificou tantos portugueses para nada. 
Outras guerras envolveram países um pouco por todo o lado, com sofrimentos que nos passavam ao lado sem afetarem grandemente os nossos quotidianos. E os anos foram passando a correr com a paz as marcar os nossos dias. 
Quezílias e guerrinhas domésticas não ensombravam os nossos futuros, neste país de brandos costumes, com o mar a abrir-nos a sonhos de novos e amplos horizontes. Vivíamos em paz, apenas preocupados com pobrezas injustas de muitos compatriotas. Mas a tranquilidade que ao longo de décadas nos embalou, perdeu-se de um momento para o outro pela ação de um louco que lidera uma nação poderosa. 
A guerra, qualquer que ela seja, é sempre destruidora e mortífera. A Ucrânia está a ser massacrada e o seu povo ficará sem futuro à vista. Mulheres, crianças e velhos em fuga procuram refúgio nos países da Europa. Os homens tentam defender a sua pátria enquanto todo o universo das nações civilizadas estabelece uma guerra económica com a Rússia agressora, numa tentativa de a vencer sem armas.
O povo ucraniano contará com a ajuda de todos os países pacíficos. Direta ou indiretamente todos saberemos cooperar. E a Rússia acabará derrotada pela força da razão dos que amam a justiça, a liberdade e a paz.

Fernando Martins