quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Sem rumo




Será que da pandemia poderemos colher ideias novas? Tenho para mim que sim. Para já, admito que aprendi a importância de andar por aí ao deus-dará. Sem rumo definido, sem norte, como se dizia noutros tempos, sem pressas de regressar a casa, sem objetivos definidos, mas andar. Há dias fizemos isso. Porque era preciso caminhar, porque era importante desentorpecer os membros perros.   
Saímos sem metas à vista. Parávamos onde calhava para desfrutar o silêncio. Olhávamos o horizonte sem olhar o relógio. Estávamos por ali. Conversávamos por vezes para não estarmos calados. A Lita reparava nos que nem dos carros saíam. Nós fomos os únicos que enfrentámos a aragem húmida e fresca da maresia, que apreciámos os pescadores solitários da ria e que assistimos à chegada com partida logo depois do ferry-boat “Cale de Aveiro” que faz regularmente a ligação  a São Jacinto. Naquela viagem de poucos carros e pouca gente, o ritual da atracação e partida foi feito com serenidade e saber.  Ontem como sempre, naturalmente.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Jardim Oudinot em maré de limpezas

 


Cheguei a tempo. O outono tinha dado sinais de se ter prostrado na relva verdejante. Havia autênticos tapetes de folhas a cobrir o chão, mas os funcionários não tardaram e lá andavam eles na tarefa de limpeza do Jardim Oudinot. Este recanto da nossa terras precisa, realmente, de cuidados especiais, como sala de visitas que é.

Pescador solitário no esplendor da nossa laguna

 
Nunca fui pescador por mais tentativas que fizesse. Bem me explicavam como devia proceder, mas o peixe não queria nada comigo. Um dia veio um robalito por engano e eu, miúdo, fiquei aflito para o safar do anzol. Como havia de fazer para o não ferir?

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Um desafio para quem passa

 

Talvez derrubada pelo vento, estaria condenada a morte lenta. Não há sinais da ação humana para a levantar nem de suportes para a manter vertical. Mas a árvore teimou e das fraquezas arranjou coragem. Olhou para o sol que ama quem não desiste e sobreviveu. Um desafio para quem passa.

domingo, 28 de novembro de 2021

Filarmónica Gafanhense celebra 185 anos de vida


A Filarmónica Gafanhense comemora hoje o seu 185.º aniversário. Mais idosa do que a freguesia Gafanha da Nazaré, que nasceu apenas em 1910, muitos questionar-se-ão sobre as razões por que se apresenta com o nome de gafanhense.
Realmente, a Filarmónica Gafanhense é a sucessora legítima da Sociedade Filarmónica Ilhavense, criada em 1836 por António José da Rocha e José da Cunha e Sousa. Os anos passaram com muitos gafanhões a darem os primeiros passos na música naquela sociedade e a integrarem a filarmónica como músicos e mestres de novos membros. A dada altura, predominavam os gafanhões na Filarmónica Ilhavense, nomeadamente, maestro, mestres e executantes.
Em 1972, foi criada a Escola de Música Gafanhense, na Gafanha da Nazaré, cujos alunos e professores eram, maioritariamente, da nossa freguesia  e membros da Filarmónica Ilhavense.
No inicio de 1986, a Associação Musical Filarmónica Ilhavense começou a festejar os seus 150 anos de existência, tendo realizado a escritura de Constituição na Secretaria Notarial de Aveiro, a 24 de Abril do mesmo ano.
No dia 13 de Outubro de 1986 realizou-se, na Secretaria Notarial de Aveiro, a escritura de alteração de estatutos, que consistiu na mudança da Sede Social para a Gafanha da Nazaré, passando a chamar-se Filarmónica Gafanhense.
A Filarmónica Gafanhense é a Associação mais antiga do Município de Ílhavo, tendo sido agraciada com a Medalha do Concelho em Ouro pela Câmara Municipal em 2005.
Hoje, a Filarmónica Gafanhense (dirigentes, maestro, mestres e executantes) participou na missa das 10h30, em espírito de ação de graças, tendo o nosso prior, Pe. César Fernandes, sublinhado a efeméride e a prestimosa cooperação entre a Igreja e aquela instituição.
Associaram-se à festa os autarcas da CMI e da Junta de Freguesia, liderados, respetivamente, pelos seus  presidentes, João Campolargo e Carlos Rocha. 

F. M.

sábado, 27 de novembro de 2021

O Menino do Presépio já vem a caminho


Nas vésperas deste domingo, o mais próximo do dia 30 de novembro, começa o Advento, tempo forte do Ano Litúrgico, que prepara a festa do nascimento do Verbo de Deus feito homem, Jesus Cristo. O Natal do nosso Salvador merece de todos os cristãos uma preparação especial. Não de forma desligada da comunidade a que cada um pertence, mas assente nela, sem excluir, naturalmente, as reflexões pessoais de acordo com a sensibilidade de cada um.
O Advento é um tempo de construção da paz, da harmonia, da alegria, da partilha e  de oração, rumo à fraternidade universal. O Menino do presépio já vem a caminho. Saibamos acolhê-l'O.

Fernando Martins

NOTA: Durante o Advento publicarei, com frequência, poemas e outros textos alusivos à vinda do Messias. O« meu blogue estará aberto à colaboração de todos os meus amigos e leitores. 

Religião a mais? Deus e dignidade

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



1 O filósofo Henri Bergson, na obra famosa As Duas Fontes da Moral e da Religião, mostrou a distinção entre dois tipos de religiosidade. A primeira - a religiosidade estática - tem a sua base na angústia da morte e no sentimento de abandono perante uma Natureza tantas vezes cruel, e, a partir do instinto de sobrevivência, procura protecção divina para a pequenez humana. A outra - a religiosidade dinâmica - assenta na intuição do Mistério Último experienciado como amor. Esta exprime a grandeza do ser humano e apoia-se na experiência de pessoas excepcionais - os místicos. Mas a mística autêntica e completa é acção, pois o místico verdadeiro, "através de Deus, por Deus, ama a Humanidade inteira com um amor divino".