terça-feira, 3 de novembro de 2020

NOVEMBRO COMEÇOU BEM


Novembro começou bem. O primeiro dia foi para todos os santos. Tantos são eles que não caberiam no nosso mundo, nos altares e fora deles. E o segundo foi para todos os que já morreram, santos ou não. Incontáveis são os seus números também. E agora vamos entrar na vida dos vivos, os homens e mulheres que habitam a Terra. Dos outros planetas não sabemos nada, mas seria interessante que se descobrissem planetas com gente como nós. Gente capaz de comer, beber, rir e chorar. Gente capaz de amar e gerar vidas. Para já, sabe-se que na Lua há água,  mas  a nossa ignorância sobre o que haverá à distância de milénios-luz persistirá. Bom novembro para todos, na esperança de que algo de novo, bom e positivo nos possa acontecer enquanto por aqui andamos. 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

AS ROSAS VIERAM VISITAR-NOS

 


Nem só as pessoas têm gostos e desejos. Estas rosas entenderam que era tempo de nos virem visitar. Deixando por algum tempo o seu espaço, vieram até nós. E com satisfação as cumprimentámos: Bem-vindas sejam! 

domingo, 1 de novembro de 2020

Prenúncio de Inverno

Foto registada em Vouzela
 
O outono continua  para nosso consolo. Foi o que li neste momento: a natureza depenada e seca a contrastar com o verde persistente ao longe.

OS MEUS SANTOS DE TODOS OS DIAS


Hoje todo o mundo católico celebra o Dia de Todos os Santos. Não só os que a Igreja Católica considerou dignos das honras dos altares, mas todos os outros que, por certo, são incontáveis. Nascidos na Igreja Católica e nas outras religiões. Quiçá sem qualquer confissão religiosa. São os chamados santos laicos, os que, pelos seus méritos, Deus acolheu no seu seio. 
Mas os meus santos, aqueles que venero no meu dia a dia, são os que me deram o ser, me acalentaram no seu colo, me levaram a descobrir o bem e o belo, me ensinaram a rezar, me apoiaram nos primeiros passos, me ajudaram a levantar quando caí, me ensinaram a ler e a compreender o mundo, me estimularam a partilha da compaixão, me orientaram para viver o amor, esses é que são para mim os santos que hoje e sempre recordo com muita ternura. E aqui fica uma flor para todos eles.

A vida é um exercício de esperança

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO



Neste doloroso tempo de pandemia, 
as bem-aventuranças estão a ser vividas 
por crentes e não crentes que ajudam 
a resistir à sua cruel devastação.

1. Segundo o grande historiador das religiões, Mircea Eliade, a crença na vida para além da morte está demonstrada desde os tempos mais remotos. As primeiras sepulturas conhecidas confirmam a antiguidade dessa crença. Os enterros direccionados para Oriente – e os usos dos seus rituais – indicavam a intenção de conectar a sorte da alma com o curso do sol, ou seja, a esperança num “renascimento”, a existência num outro mundo com marcas e utensílios das ocupações da vida anterior. Daí a sua conclusão: o homo faber era também homo ludens, sapiens e religiosus [1].
A festa de Todos os Santos e a celebração de Todos os Fiéis Defuntos podem ser estudadas como fenómenos internos do cristianismo, mas também em ligação com outra história subjacente: a história da cristianização de festas e mitos pagãos.
O desejo de viver e de renovar a vida parece fazer parte de qualquer ser humano. Para uns, a morte apresenta-se como o fim dessa utopia. Para outros, é inconcebível que esse desejo natural possa ser frustrado e acreditam, de modos muito diferentes, que a morte não é a última palavra.
Diz-se que a biomedicina actual promete a imortalidade do corpo neste mundo [2]. Veremos, como dizia o ceguinho.

sábado, 31 de outubro de 2020

FRATELLI TUTTI. 4 - A fraternidade e as religiões

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias


"Porque é que hei-de fazer o bem e cuidar do outro em necessidade 
mesmo quando isso agride os meus interesses e me prejudica?" 

1. Do tríptico: liberdade, igualdade e fraternidade, é a fraternidade que, sem a referência à transcendência, tem dificuldade em encontrar um fundamento último sólido. Por isso, Francisco escreve: “Como crentes, pensamos que, sem uma abertura ao Pai de todos, não pode haver razões sólidas e estáveis para o apelo à fraternidade. Estamos convencidos de que só com esta consciência de filhos que não são órfãos podemos viver em paz entre nós. Com efeito, a razão, por si só, é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade.” 
A própria ética, embora autónoma, terá dificuldade em estabelecer um fundamento inabalável, sem essa abertura à transcendência. De facto, o ser humano é terrivelmente carente e, por isso, irracionalmente egoísta e está sempre sob o perigo de ser subrepticiamente assaltado pela pergunta: porque é que hei-de fazer o bem e cuidar do outro em necessidade mesmo quando isso agride os meus interesses e me prejudica? Neste contexto, Francisco continua, derrubando a acusação feita por católicos conservadores de fomentar o relativismo: “Quero lembrar um texto memorável de João Paulo II: ‘Se não existe uma verdade transcendente, na obediência à qual o homem adquire a sua plena identidade, então não há qualquer princípio seguro que garanta relações justas entre os homens. Com efeito, o seu interesse de classe, de grupo, de nação contrapõe-nos inevitavelmente uns aos outros. Se não se reconhece a verdade transcendente, triunfa a força do poder, e cada um tende a aproveitar-se ao máximo dos meios à sua disposição para impor o próprio interesse ou opinião, sem atender aos direitos do outro. A raiz do totalitarismo moderno deve ser individuada na negação da transcendente dignidade da pessoa humana, imagem visível de Deus invisível, e precisamente por isso, pela sua própria natureza, sujeito de direitos que ninguém pode violar: indivíduo, grupo, classe, nação ou Estado. Nem tampouco o pode fazer a maioria de um corpo social lançando-se contra a minoria.” 

À ESPERA DA MARÉ


Entre pica e não pica espera pela maré. Há dias assim. 

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