Reflexão de Georgino Rocha
para o DOMINGO XXIX
«Pagar o imposto – questão tão actual – é dever de todo o cidadão,
não um dever cego, mas ilustrado por uma consciência informada
e desejosa de cooperar para o bem comum da sociedade»
As controvérsias dos opositores a Jesus vêm crescendo. Os domingos anteriores narram algumas dessas controvérsias. Quase sempre, as perguntas são capciosas e as parábolas respondem com sabedoria, habilidade e subtileza. No evangelho de hoje surgem os fariseus aliados aos herodianos que “passam ao ataque”. Mt 22, 15-21. Trata-se da questão dos impostos a pagar (ou não) a César, imperador de Roma que dominava também naquelas terras.
«É lícito ou não pagar tributo a César?», questiona a delegação enviada. É uma pergunta armadilhada que não pode falhar. Havia que pôr cobro ao agitador Nazareno que se movimenta tão livremente na esplanada do Templo e desafia o mais sagrado das práticas judaicas.
Leva consigo uma estratégia aliciante: tecer elogios que, se não fossem hipócritas, eram verdadeiros e reconheciam o agir correcto do Mestre. Pagar ou não tributo, eis a questão crucial. Se dizia sim, era colaboracionista com o ocupante romano e, por isso, insolidário com o povo oprimido. Se respondesse não, caía sob a alçada da lei e podia ser acusado de subversivo e revolucionário. E o exército imperial não tardaria a fazer-lhe o que havia feito a Judas, o Galileu, aquando da sublevação por ocasião do censo destinado a conhecer a população e a introduzir nova carga de impostos, cerca de seis anos antes de Cristo.