sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Dr. José Rito

Figuras da nossa terra

José Rito nasceu a 19 de março de 1894, na Gafanha da Nazaré, filho de José Francisco Novo e de Custódia de Jesus. Licenciou-se em Medicina e especializou-se em Cirurgia na Universidade de Coimbra, a 30 de outubro de 1918, sendo o primeiro habitante da Gafanha a possuir este tipo de formação. 
Casou com D. Esperança Maria de Azevedo. Deste enlace nasceram dois filhos: Maria Henriqueta (20 janeiro 1932) e Frederico Elísio (13 de maio de 1935). 
Foi Delegado de Saúde de Ílhavo, tendo estabelecido o seu primeiro consultório, alugado, na Rua Arcebispo Pereira Bilhano. Em outubro de 1924, terminou a construção da sua casa na Rua José Estêvão (hoje pertença do CASCI), tendo mudado o seu consultório para esta morada. 
Mais tarde, a família mudou-se para o Solar dos Maias, na Rua de Alqueidão, propriedade que ainda hoje se mantém na família. 
São diversos os relatos que descrevem José Rito como uma pessoa muito preocupada com a comunidade onde se inseria, prestando cuidados às pessoas mais necessitadas de forma gratuita, chegando mesmo a custear-lhes os medicamentos. Aliás, a estima que os ilhavenses nutriam ao seu médico era tal que, a 11 de novembro de 1944, O Ilhavense, para responder às muitas solicitações que vinha recebendo, publicou que o Dr. José Rito se encontrava a aguardar uma intervenção cirúrgica numa casa de saúde de Coimbra, mas que se encontrava fora de perigo. 
Na sua lista de pacientes incluía-se D. Maria Henriqueta da Maia Alcoforado Cerveira, a quem prestou cuidados devido a uma grave depressão que a senhora enfrentou após a morte do marido, António Frederico Morais Cerveira. 
Faleceu a 11 de março de 1946, após doença prolongada. O funeral foi realizado no dia 13 de março, ficando sepultado no cemitério local. 

Notas:

1. Trabalho do Centro de Documentação de Ílhavo, integrado no projeto "Se esta rua fosse minha" 
2. O Dr. José Rito encontra-se representado na toponímia ilhavense, na Gafanha da Encarnação e na Gafanha da Nazaré. Na primeira, o topónimo foi criado em a 03/04/1996 (ata da CMI n.º 11/1996), após proposta da Junta e Assembleia de Freguesia da Gafanha da Encarnação e do Vereador João José Resende Bio. Na segunda, a primeira referência ao topónimo é de 1984 no Plano Geral de Urbanização das Gafanhas.

Curvas

Sugestão para passeio


Curva e contracurva no Caramulo. Nos horizontes que mudam minuto a minuto há necessariamente paisagens raras para quem vive na planície. Eu gosto enquanto penso nos que residem em aldeias isoladas, se calhar sonhando com outros ares. Bom fim de semana que já está a chegar.

Que vos parece? Pergunta Jesus

Reflexão de Georgino Rocha 
para o XXVI Domingo do Tempo Comum


As autoridades andam preocupadas e dão sinais visíveis de animosidade. E não era para menos. No templo, coração da religião e centro principal da economia, o Nazareno desafiava tudo e todos: expulsa os comerciantes, derruba as mesas dos cambistas e parte as cadeiras dos vendedores de pombas; acaba com o negócio explorador, denuncia a atitude dos que fazem do templo um covil de ladrões e realiza gestos de cura a cegos e a aleijados, gente marginalizada pela classe dirigente. Cita, em jeito de justificação, a Escritura: “A Minha casa será chamada casa de oração”.Mt 21, 28-32. 
Perante tal atitude, os responsáveis do templo aproximam-se de Jesus e pedem explicações, fazem-lhe a pergunta chave: Para procederes desse modo, que autoridade tens e donde te vem? A questão é séria. Está em causa a legitimidade, a honra e a honestidade, que são a base da sociedade de então. A autoridade consiste na capacidade de influir nos comportamentos dos outros e pode provir do nascimento e da posição social alcançada. O seu exercício era credível se o falar e o agir em público estivessem proporcionados ao estatuto social. Se não, era necessária outra forma de legitimação válida. De contrário, surgia a acusação de a pessoa estar inspirada pelo demónio. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Flores

Pela Positiva há 14 anos



Com a chuva que aí está, mais o vento, ora brando ora bravo, teremos de nos habituar a uma vida mais triste? Penso que não.
Há flores que murcham e caem, mas outras, mais dadas ao frio, hão-de resistir. Que a vida, como é habitual, precisa da alegria e da beleza que as flores nos dão.
Mas se elas se forem com o vento, que ao menos saibamos alimentar o prazer da espera pelo seu regresso. E até lá, aprendamos a cultivar outras flores, daquelas que nos enchem a alma com as suas cores e aromas: a amizade, a partilha da nossa alegria, o bem que podemos fazer a quem nos cerca, a aposta na construção de um mundo melhor.

F. M.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O nosso prior - presbítero há 41 anos

Padre César celebra hoje, 23 de Setembro, o 41.º aniversário da sua ordenação presbiteral. Nascido a 24 de Agosto de 1952, na freguesia de Calvão, Vagos, frequentou o seminário local e posteriormente o de Santa Joana, em Aveiro, onde permaneceu até 1971. Frequentou depois o Instituto Superior de Estudos Teológicos em Lisboa e o Instituto de Ciências Humanas e Teológicas do Porto. 
Conhecemos o Padre César há bons anos e dele sabemos que tem no seu currículo uma vida cheia ao serviço de Deus e dos homens e mulheres do seu e nosso tempo. Como sacerdote passou por uma experiência enriquecedora ao serviço das Tropas Paraquedistas,  onde foi capelão-militar, na guerra e nos quartéis, dando exemplo de coragem e dedicação, tendo sido condecorado. Importa, no entanto, falar dele entre nós, como coadjutor e depois como pároco da comunidade de Nossa Senhora da Nazaré. Sacerdote próximo e compreensivo, atento e dedicado, entusiasta e fraternal. 
Permitam-me que evoque o que nos disse no dia em que assumiu a paroquialidade da nossa terra, 16 de Agosto de 2015. Prometeu ele que iria seguir «as orientações dos sacerdotes» que o antecederam, na linha de obediência ao que o Senhor da Messe nos pede: «Que sejamos seus instrumentos na evangelização deste povo que tem nas suas raízes famílias profundamente cristãs,  sem excluir ninguém, porque pretendemos ser uma Igreja inclusiva.» 
E como desafios pastorais, o Padre César adiantou que, como as crianças, queremos ser pequeninos e humildes, dependentes só de Deus; com os adolescentes e jovens, queremos compreender as suas rebeldias e desafiá-los à generosidade; com as famílias, queremos ajudá-las a viver o amor generoso; com os idosos, já no outono da vida, e com os doentes, queremos ser próximos para lhes dar uma palavra de esperança; e com as autoridades autárquicas e as associações queremos usar sempre de uma colaboração franca e leal, porque o objetivo da Igreja também é o bem do ser humano no seu todo. E acrescentou: Confiantes na nossa Padroeira, Nossa Senhora da Nazaré, que nos acolhe sob o seu manto protetor até chegarmos a porto seguro nesta travessia do mar da vida, sentimos que a proteção da Mãe de Deus nunca faltará. 
Com o meu abraço amigo e a promessa da minha colaboração, apesar das minhas fragilidades, aqui ficam os votos das maiores bênçãos de Deus.  

Fernando Martins 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Outono chegou de castanho

"Floresta" de Gustav Klint, pintor simbolista austríaco, (1862-1918) 
 

OUTONO chegou vestido de castanho e a tiritar de frio com  chuviscos a prenunciarem o que nos espera. Que seja bem-vindo neste meu entardecer da vida ainda carregada de sonhos. De olhos bem abertos e ouvidos à escuta, hei de ter ocasião para deste tempo outonal contar histórias e segredar desabafos misturados pela beleza das artes.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

RETALHOS: Raul Brandão

Pequenas notas 

Pôr do sol (Foto de Ângelo Ribau)

PORES DO SOL 

"Se eu fosse pintor passava a minha vida a pintar o pôr do sol à beira-mar. Fazia cem telas, todas variadas, com tintas novas e imprevistas. É um espetáculo extraordinário.
Há-os em farfalhos, com largas pinceladas verdes. Há-os trágicos, quando as nuvens tomam todo o horizonte com um ar de ameaça, e outros doirados e verdes, com o crescente fino da Lua no alto e do lado oposto a montanha enegrecida e compacta. Tardes violetas, neste ar tão carregado de salitre que torna a boca pegajosa e amarga, e o mar violeta e doirado a molhar a areia e os alicerces dos velhos fortes abandonados ...
Um poente desgrenhado, com nuvens negras lá no fundo, e uma luz sinistra. Ventania. Estratos monstruosos correm do norte. Sobre o mar fica um laivo esquecido que bóia nas águas – e não quer morrer... " 

Raul Brandão,
em " Os Pescadores" 

Página 47 da edição Grandes Clássicos da Literatura Universal