quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Frederico de Moura

A propósito de um texto que publiquei no meu blogue sobre o gafanhão e as dunas, da autoria Frederico de Moura, recebi um comentário de Senos da Fonseca em que me corrigiu, por ter dito que o referido autor era de Vagos, quando teria nascido em Ílhavo. Confirmou, no entanto, que exerceu medicina em Vagos. 
Depois de consultar um dos seus livros, “Pulso Livre”, fiquei então a saber que Frederico de Moura nasceu em 28 de Fevereiro de 1909 na freguesia da Vera Cruz, Aveiro, onde permaneceu até aos 5 anos, altura em que a família se mudou para Ílhavo, onde passou a viver. Depois, sim, é que se fixou em Vagos como médico. 
Porém, as suas ligações a Ílhavo mantiveram-se, tendo assumido as funções de diretor do Museu Marítimo e Regional de Ílhavo. 
A propósito das relações de amizade com Miguel Torga, Senos da Fonseca sublinha que ouviu, daquele multifacetado escritor: — Este Frederico, se trabalhasse, como eu, a escrita era um escritor que eu leria diariamente. De facto, a escrita de Frederico de Moura, dura, logo a seguir afeiçoada, forte e lúcida, penetra e impressiona... » 

F. M. 

Nota: Ver comentários aqui

Gente da nossa terra: Arrais Ançã

AO QUEBRAR DA ONDA



Em homenagem ao Arrais Gabriel Ançã 

ASSIM a modos como onda que tivesse quebrado, desfazendo-se numa catedral de espuma de neve de encontro ao areal doiradinho da Costa-Nova do Prado em dia de sol de brasa, acaba de dar o último alento o peito valente do Arrais Gabriel Ançã. 
Hoje à tarde, quando o meu espírito se espreguiçava dolentemente embebido numa bruma cinzenta que cobria este céu lindo da Coimbra feiticeira, os meus olhos que se transportavam ao abandono por de cima das colunas de um diário de Lisboa, foram chamados a afixar-se sobre a notícia da morte do velho herói que a terra santinha dos Ílhavos — santinha por ser de bravos que têm um coração branquinho — viu nascer ao murmúrio do pater-noster das ondas. 
Como disse, uma bruma cinzenta cobria o céu — assim a modos como na Costa-Nova do Sonho em dia de serração, quando os telhados vermelhos da Gafanha se não enxergam da banda de lá — como se o céu tivesse posto carranca dura — luto pesado — pela morte do velhinho que foi Herói. 
E a esta hora juntinhas ao areal das praias de Portugal, as ondas verdes do mar, estão por certo a lacrimejar e a soluçar como velhinhos de olhos da cor das águas dos lagos em dia de céu azul, a morte do maior rival dos seus braços de bronze. 
O Mar fará dos seus rugidos uma outra Marcha Fúnebre de Chopin, para a sua voz cantar em apoteose ao Bravo, e o Vento há-de sibilar Odes de Silêncio, Orações de Dor por alminha do Lobo-do-Mar que a estas horas Jaz de semblante sereno debaixo da mão direita de Deus Omnipotente. 
O Arrais morreu assim como se uma onda se tivesse estilhaçado de encontro a uma penedia escarpada, como se uma estátua de bronze tivesse rolado pelo flanco de uma montanha, lascando a pedra e amolgando as feições, como um soluçar a dobre de finados — não no som enfermo de sinetazinha de aldeia em dia de Fiéis Defuntos — mas em avalanche de som no sino pesado de Catedral.

Frederico de Moura



NOTA: Quando passo pela Costa Nova, demoro sempre o meu olhar sobre a homenagem prestada ao Arrais Ançã, que a juventude de hoje e demais passantes em maré de veraneio talvez desconheçam. Terão mais em que pensar. Por isso esta referência ainda em tempo de férias. 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Poema de João Mulemba para este tempo

Publicado no meu blogue
em 26 de Agosto de 2010




TEMPO

Sonhos atados nos mastaréus do tempo,
matam o tempo, do tempo-homem.
O Homem-tempo, soltando velas,
cruza o Além, no Além dos tempos.
Não há cais para o Tempo.
Não há ferros para o Homem.
O homem rasgando o tempo
Faz o Tempo. Faz o Homem.
Homem?
Tempo?
Tempo do Além?
Além do Tempo?
Homem. Só.

João Mulemba

In "Antologia de Poetas Ilhavenses", organizada por Jorge Neves

TORREIRA - Ria e juventude em 1956


 Domingo, porventura, em dia de passeio. Não seria no Verão, mas à volta disso. 

A Ria de Aveiro merece ser visitada

Moliceiro no Canal Central 

Boca da Barra

Regata de moliceiros

Murtosa - Bestida

A beleza da nossa Ria é incontestável. Quem está atento à comunicação social sabe muito bem que, por variadíssimas razões, se fala da laguna, sublinhando os seus encantos e recantos que justificam programas especiais. O blogue Tempo de Viajar não ignorou aquelas belezas e delas falou hoje na Antena 1. Consultado o referido blogue, pude confirmar quanto foi dito. Aliás, como gafanhão, sei que o entrevistado tem motivos, mais do que suficientes, para recomendar a nossa região. Podem ver  o blogue aqui. 

Nota: Fotos dos meus arquivos

AVEIRO - Passeio de Moliceiro



O Portal da Via Verde recomenda a quem viaja um passeio de moliceiro pela Ria. Eu reforço o convite.