Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo V da Páscoa
«Não deixemos os idosos sozinhos,
porque na solidão o coronavírus mata mais»
“Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta”, pede Filipe a Jesus, após a ceia de despedida, na conversa subsequente em que intervêm outros apóstolos. Tomé abre também o coração, expõe o seu desnorte na compreensão do que o Mestre dizia e interroga-o directamente. Pedro mantém-se silencioso, possivelmente a “mastigar” a premonição que acabava de ouvir: “Antes que o galo cante me negarás três vezes”, ele que havia jurado fidelidade até à morte. Judas, o Iscariotes, levado pela intenção de entregar o Mestre, já havia deixado o grupo, que parece alarmado e confuso. E mais ficaria com o anúncio de Jesus de que os iria deixar a fim de lhes preparar um lugar. Jo 14, 1-12.
“A partida de Jesus, afirma Manicardi, é crise para a comunidade dos seus discípulos. E a perturbação do coração não respeita apenas à esfera emotiva e dos sentimentos, mas indica igualmente que a vontade e a capacidade de tomar decisões estão paralisadas, a inteligência e o discernimento turvos. Jesus, com as suas palavras, está a fazer da sua partida e do vazio que deixa uma ocasião de renascimento dos seus discípulos”. E o autor conclui: “Pedindo fé, instiga-os a transformar o medo da novidade e o terror do abandono em coragem de dar-se, apoiando-se no Senhor, prometendo que vai preparar um lugar para eles. Ele vive a sua partida em relação com quem fica, e mostra que não está a abandoná-los, mas a inaugurar uma nova fase, diferente, de relação com eles. A separação tem em vista um novo acolhimento (cf Jo 14, 2-3)”.