Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias
Na sequência do Sínodo sobre a Amazónia, que se realizou em Roma de 6 a 27 de Outubro do ano transacto, Francisco publicou, no passado dia 2 de Fevereiro, uma Exortação Apostólica Pós-Sinodal, a que deu o título “Querida Amazónia”.
Nela, formula quatro grandes sonhos: 1. O sonho de “uma Amazónia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e a sua dignidade promovida.” 2. O sonho de “uma Amazónia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana.” 3. O sonho de “uma Amazónia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.” 4. O sonho de “comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazónia que dêem à Igreja rostos novos com traços amazónicos.”
E explicita e concretiza os sonhos:
1. Um sonho social. Impõe-se a indignação e um grito profético a favor dos mais pobres e explorados, contra os interesses colonizadores, antigos e presentes, que lucram “à custa da pobreza da maioria e da depredação sem escrúpulos das riquezas naturais da região” e dos seus povos. “Os povos nativos viram muitas vezes, impotentes, a destruição do ambiente natural que lhes permitia alimentar-se, curar-se, sobreviver e conservar um estilo de vida e uma cultura que lhes dava identidade e sentido.” Danificar a Amazónia, não respeitar o direito dos povos nativos ao território e à autodeterminação tem um nome: “injustiça e crime”.