terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O feriado negativo

Pedro Múrias 
escreveu no PÚBLICO sobre o Carnaval 

«Dir-se-á que isto bate certo com o próprio Carnaval, que é tempo de ser aquilo que não se é e em que nada parece mal. É tempo de homens vestidos de mulher, criados vestidos de senhores, crianças a fazer de adultos e adultos a fazer criancices. E é tempo de negação da autoridade, com reis e ministros em caricatura, falsos padres e bispos em procissão. Que as leis digam que não é feriado até aumenta a paródia. O Carnaval também é tempo de violência encenada, bisnagas e guerras de fruta, bombas de mau cheiro e bichas-de-rabear. A coacção do Estado não há-de assustar, e o Carnaval permite esconder a cara atrás de caraças e mascarilhas.»

Ler todo o texto aqui 

Lídia Jorge: Devíamos criar um estado de alarme

«Não há receitas imediatas. É aquilo que todos sabemos: apostar na cultura, no ensino, na crítica, no jornalismo. Devíamos criar um estado de alarme com base em actores que têm um papel especial na sociedade: os académicos, os jornalistas, os professores. Considero que são os pilares de pensamento e de denúncia. São eles os pilares, aqueles de quem se espera que pensem e denunciem, mas estão muito adormecidos e têm de tomar um outro alento. Senão, os próprios políticos que são bem-intencionados e querem fazer alguma coisa são submergidos por uma onda, uma teia que não os deixa actuar. Sobretudo, enquanto a política for comandada por esta economia, que de forma mais ou menos disfarçada continua a ser a ideia da Escola de Chicago [corrente de política económica liberal] de que a empresa é um templo. Isto é tão grave que mesmo as instituições que não têm nada que ver com uma empresa assumem essa imagem.»

Ler entrevista no PÚBLICO 

Normalmente, já sabemos o que vão dizer

Escrevi este texto 
em fevereiro de 2010

Portugal está cheio de opinions makers. São, quase sempre, os mesmos. E de tal modo nos habituámos a eles, que até já sabemos o que vão dizer, quando os jornalistas atiram as suas questões. De uma maneira geral, são pessoas que falam muito, burilando as frases para criarem impacto. Todos, ou quase todos, afinam pela dependência a que estão sujeitos. E todos, ou quase todos, apostam na crítica fácil, que é dizer mal do Governo, por mais certa que esteja a decisão, ou da Oposição, por mais oportuna que seja a sua proposta. É que a crítica mordaz se torna mais popular e os portugueses, duma maneira geral, gostam que se diga mal de tudo e de todos.
Os opinions makers estão em todas. Nos jornais, nas televisões, nas rádios, nos debates, nas entrevistas, nas mesas redondas. Eles abordam todos os temas e têm respostas para tudo. Raramente dizem que estão por fora do assunto, que não estudaram o problema. E talvez por isso, por nunca deixarem aflitos os jornalistas, são sempre convidados.
Confesso, com toda a franqueza, que muitas vezes desando logo. Vou dar uma volta para a música. Estamos assim. Não há mais ninguém no País?

F. M. 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Valdemar Aveiro - Apelos do Passado

MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO
6 de Março
21h30 


Registe na sua agenda: Lançamento de um novo livro de Valdemar Aveiro, com apresentação de Álvaro Garrido.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Primavera a caminho


Não há melhor anúncio da primavera do que o rebento de um arbusto. A estação das flores vem a caminho.

O Sagrado e suas configurações (1)

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Como ficou dito em crónicas anteriores, o Sagrado é o referente último de todas as religiões, o mistério da realidade na sua ultimidade. É o Sagrado ou o Mistério pura e simplesmente. É o Inominável, pois transcende sempre tudo quanto se possa pensar ou dizer dele. Nenhuma religião o possui nem mesmo as religiões todas juntas. 
Na experiência do Sagrado, fonte de sentido último, salvação e felicidade, o Homem está sempre em presença de algo outro e superior, “o tremendo e fascinante”, o Absoluto, inabarcável, inacessível e inefável. 
Esta superioridade do Sagrado manifesta-se em níveis diferentes: o ontológico – infinita riqueza de ser –, o axiológico – realidade sumamente valiosa. Assim, comporta “uma ruptura de nível que aponta para a plenitude de ser e realidade por excelência” (J. Sahagún Lucas). 
Sendo o Inominável, procurou-se, ao longo da História, nomeá-lo. Numa obra recente, Después de Dios..., o teólogo José Ignacio González Faus apresentou várias tentativas, com muitos nomes. Os Upanishades referem-se a ele como “O Incondicionado”; as filosofias mais racionalistas designam-no como “O Absoluto”; Santo Tomás de Aquino disse que o seu melhor nome é precisamente “O Inominável”; Tierno Galván, “a partir do seu agnosticismo despreocupado pelo tema”, designa-o por vezes como “O Fundamento”;

Acabar com o clericalismo

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO 

«A liturgia eucarística é obra de toda a comunidade 
e não apenas dos padres e dos bispos»

1. Para acabar com o clericalismo que o papa Francisco tantas vezes tem denunciado, importa desconstruir a eclesiologia que o produz e fundamenta. Sem esse trabalho, a concepção de Igreja do Direito canónico, que vigorou desde 1917 até 1983, desde Pio X até ao Vaticano II, reaparecerá quando menos se espera. Nessa eclesiologia o clero era tudo, tinha a primeira e a última palavra. Ao laicado restava-lhe ouvir, obedecer e sustentar o clero.
Nunca faltaram minorias para contestar esse culto da passividade perante uma hierarquia que se julgava omnisciente e omnipotente em nome de Deus [1].
Sem a desconstrução desse mundo de fantasias e práticas autoritárias, é impossível encontrar o que é essencial, o que é secundário e o que é de rejeitar na caminhada cristã. Sem essa redescoberta, continuaremos a construir sobre a areia, a alimentar ilusões com novas embalagens religiosas de produtos de fraca qualidade.
O Vaticano II iniciou, oficialmente, essa desconstrução, essa tentativa de encontro com o essencial da fé cristã. Ficou muito aquém do que era necessário e ainda nem sequer foi interiorizada a grandeza da sua mudança de perspectiva e de conteúdo.

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