sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Jardim Oudinot espera mais animação

Jardim Oudinot - Um desafio ao nosso espírito convivial

Com os tempos e as circunstâncias mudam-se os hábitos. Há décadas, antes da televisão e dos cafés, na Gafanha da Nazaré e decerto noutras paragens, as pessoas viviam mais para a família e nalguns casos para tarefas eclesiais, mas também sociais, desportivas e profissionais. Sem telemóveis e aparentados, sem Net nem cinemas, sem iluminação pública nem divertimentos sofisticados, poucos convívios havia com a intensidade dos tempos atuais. A noite chegava ao sol-posto e a casa se regressava para cear (hoje jantar). De forma que, os mais necessitados de conversa por razões várias tinham espaços de encontro, um pouco por toda a nossa terra, à sombra de tavernas, cuja hora de fecho Salazar decretou para as 20 horas. Mas tudo isso já lá vai há muito tempo.

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Quando se fala de antigas centralidades, elas existiram, mas os cafés e similares, que se multiplicaram por todos os cantos, substituíram-nas com muitas vantagens. Os ainda conhecidos lugares da Gafanha da Nazaré — Cale da Vila, Chave, Cambeia, Bebedouro, Marinha Velha, Praia da Barra e Forte — tiveram, realmente, identidades próprias, que entretanto se diluíram, porque novas gentes e o batismo das ruas, alamedas, praças, jardins e largos os dispensaram com naturalidade e muitas vantagens.
Nasceu, entretanto, uma nova centralidade, o Jardim Oudinot, que visitamos frequentemente, havendo festas programadas por entidades da nossa freguesia, mas também concelhias e até regionais, delas se destacando o Festival do Bacalhau.
Pensamos que ainda não criámos o hábito de passar por lá regularmente para caminhar, arejar saborear a maresia e conviver, embora haja bar, pescadores que nos dão lições de persistência, espaços para crianças e jovens, o Navio-museu Santo André, o farol à vista, barcos que passam, ciclistas que batem recordes na arte de emagrecer e silêncio para quem o deseja ou procura.
Sabemos que o inverno não inspira confiança nem sabe fazer convites a quem gosta de passear, mas também sabemos que urge aproveitar os espaços públicos que possuímos, olhando para eles como dádiva que não pode ser menosprezada.
Também sabemos que muitas entidades da nossa região organizam encontros e festas para os seus consócios e amigos, mas importa realçar que será uma pena sentir que o Jardim Oudinot ainda está, a nosso ver, subaproveitado. Vai melhorar, disso temos a certeza.  O tempo o dirá.

Fernando Martins

NOTA: Texto e foto publicados no TIMONEIRO de dezembro.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Em 22 de dezembro, outro galo cantará!



Espero ansioso pelo dia 22 deste mês. Estou cansado da noite... os dias com luz solar vêm diminuindo e a 22 de dezembro teremos o dia mais pequeno do ano. Consequentemente, nessa mesma data, percebemos que estamos na maior noite. É, realmente, muita noite para quem gosta mais do dia, com o sol a iluminar caminhos e aconchegar corações. A noite, com a sua escuridão, torna-nos mais tristes, com horizontes mais curtos. No meu caso, com a escuridão ou falta da luz solar, fico mais sonolento e mais tristonho, porventura mais nostálgico. 
A partir do dia 22, o tal solstício de inverno, os dias começam a crescer e outro galo cantará. A luz inicia o seu ataque à  escuridão. O dia vence a noite. Olhamos ansiosos para o futuro com primavera e verão à vista.  

F. M. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

É bom saber – Preservação do ambiente

Praia da Barra com Farol (foto da CMI)

No mês de novembro, os alunos do Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré participaram numa série de atividades relacionadas com a preservação do ambiente. No âmbito da Ciência Viva, foi organizada uma visita de estudo à EPADRV, destinada a alunos do terceiro ciclo, em especial do 8.º ano, mas que contou também com alunos do 7.º e 9.º anos que pertenciam ao clube Ciência Viva. Este mesmo clube, juntamente com o Eco-Escolas, convidou o movimento Não Lixes, na figura de Fernando Jorge Paiva, a fazer uma apresentação na escola, destinada essencialmente a despertar consciências – Ação de Sensibilização sobre lixo marinho destinada a alunos e Encarregados de Educação. 
Na semana da Terra e do Mar Foram plantadas árvores autóctones, ação destinada aos delegados ambientais de cada turma e a alunos do Clube de Ciência Viva. Ainda inserida nas atividades da referida semana, alguns alunos e professores participaram na limpeza da praia da Barra. Finalmente, na última semana do mês, membros do Clube de Ciência Viva, em parceria com a Bioliving, plantaram e semearam, com moliço e composto, na estufa da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré. 
No dia 22 de novembro, no Museu Marítimo de Ílhavo, recebemos as oito Bandeiras Verdes - uma por cada estabelecimento que faz parte do nosso Eco-Agrupamento, num Eco-Município. O Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré participou na apresentação pública da Estação Náutica do Município de Ílhavo (ENMI) tendo assinado, em conjunto com cerca de duas dezenas de empresas e instituições, o respetivo protocolo de certificação no âmbito da “Rede Estações Náuticas de Portugal” da Fórum Oceano – Associação da Economia do Mar. 

Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré 


Nota: Publicado no jornal “Timoneiro” de dezembro

Teresa Machado dá nome a Pavilhão da Escola Secundária

Maria Eugénia Pinheiro e Carlos Rocha com Teresa Machado

Li na Rádio Terra Nova que o Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré e a Junta de Freguesia se juntaram para o 'batismo' do Pavilhão da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, que a partir de hoje se chamará 'Teresa Machado', um nome de uma figura do desporto nacional nascida na Freguesia. Teresa Machado dá, assim, nome ao equipamento e o seu exemplo servirá para muita juventude, de todas as idades, seja contagiada pela sua determinação, coragem, abnegação e amor à causa do desporto. 
Felicito a Teresa Machado com muita estima, na certeza de que, mais tarde ou mais cedo, novos atletas hão de surgir na Gafanha da Nazaré, mas não só.

Foto da RTN

Serões, conversas, leituras, rádio e búzio

O rádio da minha juventude
Quando me sinto livre, de corpo e espírito, tenho o possibilidade de saltar para o mundo e de me refugir na leitura e na escrita. Imagino, a partir desta minha e nossa realidade, como seria a vida dos que nem sonhavam com os progressos tecnológicos que estão hoje ao nosso alcance e que nos oferecem uma existência cheia de interesses e oportunidades. 
Antigamente, para além da rádio e da leitura, para alguns, pouco mais ocupava os serões. Conversa sobre as canseiras, contar e recontar histórias, rezar, dormitar, marcar tarefas para o dia seguinte. Os mais novos faziam os trabalhos escolares e a juventude namorava. Um dia ouvi um búzio cujo som cadenciado chegava longe. Perguntei à minha mãe quem é que soprava o búzio e para quê. Resposta pronta: — É o tio… que está a avisar os filhos namoradeiros que são horas de cear. 

F. M.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Natal é renascimento



Este arbusto é nosso companheiro em horas de descanso na sala. Uns leem  ou escrevem e outros, absortos, olham de soslaio a televisão. Ao lado dela, está o arbusto com a sua história. Alguém lhe deu a mão para renascer. 
Há mais de um ano ofereceram-me um ramo de flores muito bonito, que tinha como suporte um resto de tronco, porventura recuperado do lixo. As flores murcharam e acabaram por secar com o tempo. O tronco, novamente condenado ao lixo, ficou por ali. E a Lita resolveu limpá-lo e metê-lo numa  garrafa antiga  cheia de água. O tempo passou e um dia, sem se fazer anunciar, surge, a saudar-nos, um olhinho com sinal de vida. E continua a crescer saudavelmente. Era um renascimento. É Natal. 

F. M.

Nossas Senhora do Pranto - Presépio

Ílhavo -  Nossa Senhora do Pranto

Nasceu o Menino em Belém e diz São Lucas que Sua Mãe, Maria, o deitou numa manjedoura, por não haver lugar na hospedaria. O relato é simples, à semelhança da humildade com que desejou humanizar-se o Salvador. Os pastores, que por ali cuidavam dos seus rebanhos, acorreram a adorá-lo, levando à Sagrada Família presentes que brotaram dos seus corações. Alertados por uma estrela, que os guiou, os poderosos de então, Reis ou Magos, puseram-se a caminho, para também adorarem o Rei dos Reis, na sua exemplar simplicidade. Demoraram tempo, que os camelos eram lentos. Mas chegaram, como nós havemos de chegar até Ele. E então sentiremos que a riqueza do Natal está na ternura que soubermos partilhar. 

Fernando Martins

NOTAS:
1. Foto gentilmente cedida por Carlos Duarte
2. Foto de um Natal já vivido