O rádio da minha juventude |
Quando me sinto livre, de corpo e espírito, tenho o possibilidade de saltar para o mundo e de me refugir na leitura e na escrita. Imagino, a partir desta minha e nossa realidade, como seria a vida dos que nem sonhavam com os progressos tecnológicos que estão hoje ao nosso alcance e que nos oferecem uma existência cheia de interesses e oportunidades.
Antigamente, para além da rádio e da leitura, para alguns, pouco mais ocupava os serões. Conversa sobre as canseiras, contar e recontar histórias, rezar, dormitar, marcar tarefas para o dia seguinte. Os mais novos faziam os trabalhos escolares e a juventude namorava. Um dia ouvi um búzio cujo som cadenciado chegava longe. Perguntei à minha mãe quem é que soprava o búzio e para quê. Resposta pronta: — É o tio… que está a avisar os filhos namoradeiros que são horas de cear.
F. M.