quarta-feira, 8 de maio de 2019

Lançamento do livro “Santo André: memórias de um navio”



«No momento em que completa setenta anos, o Navio Santo André pedia uma uma boa história de vida. Esta monografia escrita a várias mãos e cheia de informação inédita recupera um género quase perdido na cultura portuguesa: a história de navios. Unidade flutuante com alma própria, o arrastão lateral Santo André teve uma vida de mar muito longa. Construído na Holanda em 1948 cumpriu mais de quarenta anos na pesca do bacalhau, no Atlântico Norte, e teve ainda, já sob o nome “Amazonas” alguns anos de viagens e trabalhos noutros mares. A ousadia do Município de Ílhavo fez dele um pólo do Museu Marítimo de Ílhavo, aberto ao público desde 2001. Neste livro honra-se esse percurso de várias fases. Descreve-se a construção do navio, invocam-se as suas viagens, contam-se peripécias e partilham-se memórias em discurso directo. Este livro é dedicado a todos os tripulantes do Navio Santo André.»

18 maio, sábado, 16:30

Ação integrada das comemorações do Dia Internacional dos Museus 2019

Nota: Texto e foto do Museu Marítimo de Ílhavo 

terça-feira, 7 de maio de 2019

Figueira da Foz: Hoje foi dia de passar pelo CAE





Enquanto fotografava a Lita espreitava. As estátuas estavam à espera da animação

Hoje foi dia de passar pelo CAE (Centro de Artes e Espetáculos), um espaço com programação variada e adequada à época. Isto significa que no verão a animação é valorizada e mais intensa, ou não fosse a Figueira da Foz uma estância balnear de referência. Há décadas por ali veraneavam as burguesia e até a aristocracia. Nos tempos atuais, perdeu, julgo eu, a fama de que gozou outrora. 
O CAE não estava muito frequentado. Uma exposição de fotografia de Rui Campos, “Arte no Feminino”, uma homenagem à mulher da Figueira que, na opinião do artista, deve ser retratada no seu quotidiano. Oficialmente encerrada, ainda tive a oportunidade de a apreciar. 
O jardim interior do CAE estava preparado para festas musicais, com o equipamento montado, palco, som e luzes a postos, mas também uma decoração agradável desperta interesse a quem chega. Um restaurante-bar completa o quadro. Os únicos visitantes, durante algum tempo, fomos nós. Mas valeu a pena.

Dia Internacional dos Museus - 2019


O nosso município tem diversos museus dignos da nossa admiração e com horários compatíveis para toda a gente. Possuem ainda dias abertos e com programas adequados para todos os públicos e para todas as idades. O Dia Internacional dos Museus vai garantir, certamente, excelentes oportunidades para todos viverem uns dias enriquecedores.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Notas do meu diário — Três momentos




Três aspetos da Serra da Boa Viagem: O longe fez-se perto
1. Esperada há muito, na precisa hora da partida para a Figueira da Foz chega-me a revista LER com as habituais novidades do mundo literário. Publicada nos princípios de cada estação do ano, desta feita trás o registo de Inverno|Primavera. Pelo telefone, explicaram-me há tempos os motivos: os colaboradores nem sempre respeitam os prazos estabelecidos. Está perdoada a demora porque gosto da revista.

2. E da revista transcrevo um poema, o primeiro texto deste número, na esperança de que me seja perdoada a ousadia de o fazer. O intuito é tão-só para saudar a LER e quem a faz trimestralmente. Mas ainda quem torna o mundo mais belo com a literatura, de que faz parte essencial a poesia: E aqui ofereço um poema de João Luís Barreto Guimarães, que acolhe os leitores na badana da capa.

Nómadas

Só o amor pára o tempo (só
ele detém  a voragem)
rasgámos cidades a meio
(cruzámos rios e lagos)
disponíveis para lugares com nomes
impronunciáveis. É preciso percorrer os mapas
mais ao acaso
(jamais evitar fronteiras
nunca ficar para trás)
tudo nos deve assombrar como
neve
em Abril. Só o amor pára o tempo só
nele perdura o enigma
(lançar pedras sem forma e o lago
devolver círculos).

Do livro Nómada (2018)
Incluído na antologia  O Tempo Avança por Sílabas.
Publicado pela Quetzal em 2019.

3. Depois, fui à varanda olhar a paisagem da serra da Boa Viagem, um desafio para quem vem ou passa por aqui. Gosto do sussurro do arvoredo, aqui e ali com mar à vista, do casario disperso com acessos sinuosos, com vida de quem aprecia a beleza da solidão, beleza esta que não será para todos, mas apenas para os que sentem prazer em olhar para o seu interior, irradiando paz para o mundo sôfrego de compreensão e solidariedade.

Fernando Martins

Bento Domingues — Os crismados responsáveis pelo futuro



"Sem empenhamento em fazer acontecer, na sociedade, 
o que celebramos, caímos no ritualismo"

1. As hierarquias eclesiásticas são muito tentadas a criar charadas para os párocos e os teólogos resolverem. O Crisma passou a ser exigido para se ser padrinho ou madrinha de outros sacramentos. Esta norma coincidiu com a progressiva falta de cristãos para satisfazer essas condições. Foi, então, decidido antecipar a idade para receber esse sacramento. Pior a emenda que o soneto. O Crisma passou a inscrever-se no fenómeno a que o Papa Francisco chamou a debandada da juventude, depois da catequese e da comunhão solene. Estamos sempre a ouvir esta observação: sou baptizado, fiz todas as comunhões, até sou crismado, mas isso já foi há muito tempo.
Não tem de ser assim. Um catolicismo iniciático deve ter várias etapas, desde o nascimento à Santa Unção. O Crisma, no Ocidente, deveria ser entendido como o Sacramento da responsabilidade pelo futuro da própria vida, da sociedade e da Igreja. Neste sentido, a idade mais aconselhável seria a do momento em que os jovens se preparam para tomar a sua vida nas próprias mãos, seja qual for o itinerário da sua escolha. O modelo é o do próprio Jesus. Foi depois de ter recebido o Espírito Santo que apresentou o programa da sua intervenção pública, um programa carregado de dimensões sociais e políticas: o Espírito do Senhor está sobre mim porque Ele me ungiu (crismou) e enviou para evangelizar os pobres; para libertar os presos e os oprimidos, para dar vista aos cegos, e para proclamar um ano de graça do Senhor [1], isto é, um Jubileu!

domingo, 5 de maio de 2019

Anselmo Borges — O Pai Nosso e o Maligno

Anselmo Borges


Levantou-se de repente e de modo totalmente desnecessário uma celeuma à volta do Pai Nosso e de uma possível nova versão. 
Assim, a actual versão diz: “Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.” Na nova tradução, passaria a dizer: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas ofensas, como também nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos leves à provação, mas livra-nos do Maligno.” 
Fica aqui a minha oposição a esta nova versão, sobretudo se se quiser introduzir na liturgia. Apresento algumas reflexões sobre o assunto. 

1. Não tenho objecção especial a que se introduza o “tu” dirigido a Deus. Mas, mesmo assim, chamo a atenção para o perigo de uma possível banalização que se tornou corrente nos dias de hoje. É preciso perceber que Deus se revelou como Abbá, querido Papá, mas ao mesmo tempo perceber que Deus é Deus, infinitamente para lá do “tu cá, tu lá”, como alguns comentadores já chamaram a atenção, de modo agudo e até com alguma acidez. É como os pais e os professores. Alguns querem ser tão próximos e “amigos” e iguais dos filhos e dos alunos que, depois, perdem toda a autoridade e, de “amigos”, passam a ditadores brutais, sem honra nem glória. Porque não sabem ser pais nem professores. 

Época balnear ensaia abertura


Segundo a tradição, os amantes das praias e do mar ensaiam abertura da época balnear, que ocorre a 1 de junho. Mas antes disso, o povo, ansioso pelo sol marinho e pela maresia que nos enche os poros do corpo e da alma, mal nota um dia airoso, corre para a Praia da Barra e outras. Hoje passei pela nossa praia e pude verificar que os preparativos para a abertura da época já estão em curso. É preciso dar condições de conforto e bem-estar, areal limpo e convidativo, com esplanadas atraentes para todos se sentirem bem. A máquina estava em hora de descanso, mas nos próximos dias entra em maré de azáfama. E como há anos, o galardão da Bandeira Azul será uma mais-valia.