terça-feira, 20 de novembro de 2018

Direitos da Criança - Para que conste

Declaração Universal dos Direitos da Criança
Novembro
Dia 20





Princípios fundamentais


1. À igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.
2. Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.
3. Direito a um nome e a uma nacionalidade.
4. Direito a alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.
5. Direito a educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.
6. Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.
7. Direito a educação gratuita e ao lazer infantil.
8. Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.
9. Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.
10. Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

AVEIRO: "Tempos de Pesca em Tempos de Guerra"


Nota: Sobre este livro, ler aqui

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O tempo é o nosso maior património



«Quanto mais precisas para viver, mais tens de trabalhar e menos tempo tens para ti. O maior dos luxos é o tempo. O tempo é o meu maior património.»

Miguel Esteves Cardoso

Sábado (2008)

Soneto de Florbela para começar a semana


Perdi Meus Fantásticos Castelos

Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a  uma!

Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
— Tantos escolhos! Quem podia vê-los? —
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!

Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...

Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...

Florbela Espanca

domingo, 18 de novembro de 2018

Painel “eterniza” o valor dos mordomos

Li no Diário de Aveiro

Jeremias Bandarra  e Rui Ramos
«Com desenho de Jeremias Bandarra e execução do pintor e ceramista Rui Ramos, foi ontem inaugurado o painel de azulejos que presta homenagem a todos os mordomos que passaram pelas mordomias de São Gonçalinho. A obra de arte está bem visível junto à Capela (na parede da Casa de Apoio) e foi revelada no âmbito do primeiro Dia do Mordomo, criado pela actual mordomia e cujo Juiz reconhece ter um “valor sentimental muito especial”. De acordo com Ricardo Lopes Paulo, este dia foi pensado para reunir todos os mordomos que “serviram” São Gonçalinho e, de alguma forma, “reconhecer-lhes o seu valor”, porque “em todas as mordomias há conhecimento que não se deve perder”. Foi a pensar nessa “au­ra histórica que quisemos juntar todos eles e contribuir para a história do Bairro da Beira Mar e da festa”, testemunhou ao Diário de Aveiro. E nada melhor do que uma obra de arte para eternizar um momento importante, neste caso, um painel de azulejos que conta muitas histórias sobre os mordomos, mas também a Capela e o bairro.»

A estupidez das guerras

Frei Bento Domingues

1. Para O Livro do Desassossego, “as guerras e as revoluções – há sempre uma ou outra em curso – chegam, na leitura dos seus efeitos, a causar não horror mas tédio. Não é a crueldade de todos aqueles mortos e feridos, o sacrifício de todos os que morrem batendo-se, ou são mortos sem que se batam, que pesa duramente na alma: é a estupidez que sacrifica vidas a qualquer coisa inevitavelmente inútil. Todos os ideais e todas as ambições são um desvario de comadres homens. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança. Não há ideal que mereça o sacrifício de um comboio de lata” [1] 
Ainda antes deste texto, Fernando Pessoa já tinha escrito: “Dói-me na inteligência que alguém julgue que altera alguma coisa agitando-se. A violência, seja qual for, foi sempre para mim uma forma esbugalhada de estupidez humana. Depois, todos os revolucionários são estúpidos, como, em grau menor, porque menos incómodo, o são todos os reformadores.” 
Não diz só porque lhe dói a inteligência, dá um bom conselho, embora, como sempre, o julgue inútil: “Revolucionário ou reformador – o erro é o mesmo. Impotente para dominar e reformar a sua própria atitude para com a vida, que é tudo, ou o seu próprio ser, que é quase tudo, o homem foge para querer modificar os outros e o mundo externo. Todo o revolucionário, todo o reformador é um evadido. Combater é não ser capaz de combater-se. Reformar é não ter emenda possível.” 
Não falta nada para se concluir que Fernando Pessoa não passava de um reles reaccionário conformado com o mundo como ele está: um conservador, um decadente.

Um poema de Licínio Amador para este domingo



Licínio Amador
O moliceiro, o amante da ria

O moliceiro, o amante da ria,
Flutua leve, silencioso,
Rompendo a madrugada,
Rasgando o manto misterioso
Da neblina que o veste;
E com a ajuda do sol nascente
Aparece imponente à luz do dia.

Com a sua proa pintada,
A sua vela içada
Prenhe de vento, de maresia
Vai lavrando
As salsas águas da ria.

O moliceiro, o amante da ria,
Carrega no seu ventre
O húmus, a semente,
Que fecunda a terra
Terra que abraça a ria,
Rotunda de seiva, de alegria.

Corta as águas, ora calmo, gracioso,

Porque Eolo, no Olimpo, está alegre
Ora quase naufraga
Porque o deus está zangado, furioso.

E ria acima, ria abaixo
Ao som da concertina,
Espalha a cor, a alegria,
Ao levar os mancebos e as moçoilas,
A S. Paio em dia de romaria.

O moliceiro, o amante da ria,

Abraça-a nos seus braços esverdeados,
Trocando ósculos entusiasmados,
Que são as marolas da ria
Marulhando no casco do moliceiro.

Assim desliza o moliceiro
Pelas águas esverdeadas da ria
Ora lisas, ora ondeantes
Trocando juras de amor eterno
O moliceiro e a sua amante,
A ria!

Licínio Ferreira Amador

1.º Prémio de Poesia livre dos VII Jogos Florais da Câmara Municipal da Murtosa em 25/03/2006. Tema: O Moliceiro