Adriano Miranda
domingo, 10 de junho de 2018
O doido da família
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| Frei Bento Domingues |
«Em nome do cristianismo, em nome da sua exclusiva posse da verdade, foram muitas vezes condenadas as outras religiões, pois a verdade e o erro não merecem o mesmo respeito.
Do anátema passou-se à tolerância. Não eram igualmente verdadeiras mas, para superar as guerras de religião, o melhor era suportá-las. Mal menor.
O pluralismo humano e cultural apontava para algo mais positivo. Nasceu a teologia sobre as outras religiões, baseada na pergunta: qual a significação que a diversidade religiosa pode ter no plano de Deus?»
1. A Catalunha continua a ser notícia por vários motivos, sobretudo por razões de ordem política. Os meios de comunicação portugueses não foram excepção, mas esqueceram a grande homenagem à figura marcante da cultura catalã actual e de significação universal.
A Generalitat de Catalunya i l'Ajuntament de Barcelona estão a celebrar, em 2018, o Ano de Raimon Panikkar (1918-2010), centenário de um sábio do nosso tempo [1]. Filho de pai indiano e hindu e de mãe catalã católica romana, nasceu em Barcelona, viveu na Índia e morreu rodeado da beleza em Tavertet.
Era padre, cientista, filósofo, teólogo e místico. Sem deixar de ser católico integrou, na sua identidade, vários elementos de outras crenças religiosas. Como diz Ignasi Moreta, editor das suas Obras Completas, das quais já saíram dez volumes, "era uma ponte entre o Oriente e o Ocidente, entre as Letras e as Ciências, entre as expressões do Cristianismo, do Induísmo, do Budismo e do Pensamento Secular".
sábado, 9 de junho de 2018
Aveiro: Ponte Laços de Amizade
No canal, junto ao Forum, há uma ponte com nome curioso, no mínimo. Chama-se "Ponte Laços de Amizade - Poema a Aveiro" e liga aquele espaço comercial ao outro lado. As proteções laterais da ponte estão cheias de fitas assinadas, que traduzem, decerto, a ideia de que as grandes amizades tanto são espontâneas como resultam de pontes que estabelecem ligações de proximidade, que perduram pela vida fora. Gostei de ver, sim senhor. Mas não pude conhecer as motivações que levaram ao batismo desta ponte, com data de 10-12-2016.
Requalificação da Av. Lourenço Peixinho é uma urgência
«Para além do Rossio, outra zona central da cidade que esteve em discussão na reunião de Câmara de ontem foi a Avenida Dr. Lourenço Peixinho, onde a coligação PSD/CDS que governa a edilidade também pretende intervir. A sétima versão do estudo prévio foi apresentada em traços gerais por Ribau Esteves. De acordo com a descrição do autarca, a nova versão do documento mantém os dois passeios laterais mas com o dobro da largura (cinco metros cada) e com uma linha de árvores em cada um, à custa do separador central, que ficará apenas com um metro. Haverá duas faixas de rodagem em cada sentido, uma das quais será reservada a transportes públicos e bicicletas. Cada uma das margens da principal artéria da cidade terá ainda estacionamento longitudinal.»
Li no Diário de Aveiro
Nota: Com o tempo, tudo passa. O que ontem era moda, vai hoje para o caixote do lixo. Sou do tempo em que a Av. Lourenço Peixinho era a sala de visitas de Aveiro, Tudo para ali confluía e tudo ali se celebrava. O comércio da moda concentrava-se naquela avenida e era por ela que passeávamos. Também tomávamos café a apreciar o trânsito de veículos e pessoas. E ao domingo era certo e sabido que lanchávamos num dos cafés ou pastelarias da avenida com a família.
Depois vieram as grandes superfícies com o Forum à cabeça e tudo se alterou. A sala de visitas mudou-se de armas e bagagens para ambientes mais atrativos e a velha avenida envelheceu. Cá para nós, contudo, ainda será possível rejuvenescê-la. Não voltará aos tempos de ouro, mas poderá ser uma alternativa válida às grandes superfícies.
Bourdain ficará na memória de muitos
«Um outro dia, anos mais tarde, num zapping televisivo, reapareceu-me Anthony Bourdin. A agilidade fílmica da CNN dava outro enquadramento e ritmo a esta sua nova experiência televisiva. O modelo era diferente: menos intimista, mais cosmopolita, no limiar da antropologia cultural. Era muito interessante ver uma figura saída da cozinha convencional a passear-se por cenários quase “radicais”, das tascas de rua aos locais mais simples e estranhos. Devo confessar, para que não sobrevivam dúvidas, que raramente aquela exploração de culinárias raras me excitou os sentidos, particularmente ao ver Bourdain testar alguns produtos cuja bizarria fazia presumir sabores estranhos.»
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Nota: Confesso que apreciei imenso Anthony Bourdin nos seus programas televisivos, pela naturalidade na apresentação, pelo apetite que ele nos suscitava, pela cultura gastronómica que irradiava, mas não só, e por tudo o que nos ofereceu um pouco de todo o mundo. Não quis continuar a viver e foi pena, porque teria ainda muito mais para nos ensinar. E tenho para mim que o seu estilo dificilmente será ultrapassado.
sexta-feira, 8 de junho de 2018
S.O.S. cristãos
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| Anselmo Borges |
1 "A perseguição é um pouco "o ar" do qual o cristão vive ainda hoje, porque também hoje há muitos, muitos mártires, muitos perseguidos por amor a Cristo. Em muitos países os cristãos não têm direitos. Usar uma simples cruz (crucifixo) leva à cadeia. E há pessoas na cadeia; há hoje pessoas condenadas à morte por serem cristãs. Houve pessoas assassinadas e o número hoje é maior do que o dos mártires dos primeiros tempos. São mais. Mas isto não é notícia. Isto não tem lugar nos noticiários, nos jornais, eles não publicam estas coisas. Mas os cristãos são perseguidos."
Quem, mergulhado em tristeza, fez estas declarações foi o Papa Francisco no dia primeiro deste mês de Junho.
2 Como é o Papa, poderia não dar-se muita atenção. "Afinal, está a defender os seus", dirão muitos. Mas há uma jornalista catalã, Pilar Rahola, bem credenciada, que acaba de escrever uma obra de grande investigação, com o título desta crónica - S.O.S. Cristians - e o subtítulo: "A perseguição dos cristãos no mundo de hoje, uma realidade silenciada." Tanto mais credenciada quanto escreve: "O meu racionalismo militante impede-me de acreditar em Deus, mas a minha ética não me impede de respeitar os crentes", "o livro não aborda a moral de um grupo religioso, mas a ética de toda a humanidade. Precisamente por isso, não fala dos cristãos pela sua condição religiosa, mas pela sua condição de vítimas. E é neste ponto que o livro assume um compromisso solidário, uma vontade de arrancar o véu que oculta o sofrimento de centenas de milhares de pessoas perseguidas, maltratadas e assassinadas em pleno século XXI só pelo facto de seguirem a Cristo". Tratando-se de uma perseguição com objectivos de extermínio em vários países, é uma questão de decência ética acabar com o muro do silêncio que se abateu sobre esta tragédia. Como disse o prémio Nobel da Paz, Elie Wiesel, judeu sobrevivente dos campos de extermínio nazis, "O contrário do amor não é o ódio, é a indiferença. O contrário da fé não é a heresia, é a indiferença. E o contrário da vida não é a morte, mas a indiferença entre a vida e a morte".
A nova família de Jesus
"E vem a pergunta crucial: Para mim, quem conta realmente na vida? De quem me sinto mais próximo? Seria muito útil elaborar uma lista de nomes e, por cada um, louvar o Senhor que nos une e aproxima."
Jesus está em Cafarnaúm. Vem da sua terra natal, percorre a Galileia e faz-se hóspede em casa de Simão. Entretanto, chama discípulos, cura doentes, entusiasma tantas pessoas que deixam tudo, o acompanham e acorrem a Ele. Está a ponto de nem sequer poder comer. (Mc 3, 20-35). É impressionante este início da missão em público. A novidade surpreendente mobiliza e interpela. A Nazaré, chegam ecos desta actividade e os familiares põem-se a caminho para O deter, “pois diziam: está fora de Si”. Mais tarde, Jesus volta à sua terra natal e nela é recebido de forma tão hostil que querem lançá-lo por um precipício. Estranha reacção esta, a de O considerarem sem juízo, em vez de se abrirem à novidade, à interrogação, à busca de sentido oculto nas aparências. E eu como me sinto? Qual a minha reacção face à novidade de Jesus? Não podemos nós correr um risco semelhante? Convém estar atentos, lúcidos e abertos.
“A hostilidade e o duro juízo dos familiares de Jesus, anota Manicardi, p. 107, iluminam um dos aspectos das suas escolhas: a sua vida itinerante e celibatária com uma pequena comunidade de discípulos, prejudica economicamente a família, que se vê privada não só de um dos seus membros, mas também das vantagens económicas e do prestígio social que a aliança com outro grupo familiar, garantida por um casamento, teria trazido”
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