quarta-feira, 23 de maio de 2018

Notas do meu diário – O tempo e a passarada

Relvado e arvoredo 

Água para a passarada beber e tomar banho
Diz-se que só do tempo falamos (ou escrevemos) quando não temos assunto. Não será o caso de hoje, que assuntos não faltam, mas ao ouvir o chilrear da passarada nas árvores e arbustos do meu quintal, onde têm morada certa e água fresca diária e à discrição, pelos cuidados extremosos da minha Lita, terei mesmo de falar do ambiente que me cerca, com sol quanto baste.
Nunca fui dado ao cuidado dos passarinhos, nem mesmo na idade em que muitos amigos tinham palmas para os apanhar e gaiolas para se deleitarem com os seus variados cantares, que muitos interpretavam como desafios que uns aos outros se impunham, à semelhança dos cantadores de feiras e romarias, com versos brejeiros de respostas e remoques que nunca mais acabavam. 
Os pintassilgos da minha meninice prestavam-se para os seus donos, também meninos, se iniciarem nos negócios da troca, compra e venda dos mais cantadores, artes que, segundo se dizia, eram adquiridas nas prisões aramadas. Agora, até me dou ao luxo de admitir que os seus trinados seriam gritos de desespero pela liberdade a que aspiravam. 
O sol está quente, não há vento e da relva regada ontem vem uma frescura sadia, mais sentida quando caminho sobre ela, sempre com o trinado de aves cujos nomes desconheço. Admito, contudo, que a beleza do que ouço só pode ser dos pintassilgos, os tais que valiam mais dinheiro, que de canários pouco se discutia. 
Muito mais tarde, já maduro, soube apreciar os criadores de canários, com gaiolas bem equipadas e tratamento a condizer. Não faltavam misturas de sementes enriquecidas com vitaminas e seleção de aves a partir de pais com provas dadas para se preservarem qualidades raras, nas penas, na cor e no cantar. 

Fernando Martins

terça-feira, 22 de maio de 2018

Diáconos Permanentes celebram 30.º aniversário de ordenação

Augusto Semedo

Luís Pelicano 

Afonso Henrique 
Joaquim Simões 

Fernando Martins

Marcelina, esposa do Luís Pelicano 

Isabel, esposa do Joaquim Simões 

Edite, esposa do Augusto Semedo 

Padre José Manuel 

Os primeiros Diáconos Permanentes da Diocese de Aveiro foram ordenados na Sé por D. António Baltasar Marcelino, faz hoje, 22 de maio, 30 anos. Os seus nomes, para memória futura, aqui ficam: 

Afonso Henrique Campos de Oliveira, de Recardães 
Augusto Manuel Gomes Semedo, de Águeda 
Carlos Merendeiro da Rocha, da Gafanha da Nazaré 
Daniel Rodrigues, da Glória 
Fernando Reis Duarte de Almeida, de Óis da Ribeira 
João Afonso do Casal, da Glória 
José Joaquim Pedroso Simões, da Gafanha da Nazaré 
Luís Gonçalves Nunes Pelicano, da Palhaça 
Manuel Fernando da Rocha Martins, da Gafanha da Nazaré 

Destes, já partiram para o seio de Deus o Carlos Merendeiro da Rocha, o Daniel Rodrigues e o João Afonso do Casal. Também as esposas do Carlos Merendeiro e do Afonso Henrique já nos deixaram, gozando, decerto, agora, a alegria do aconchego do Pai Misericordioso. 

Hoje, para celebrar os 30 anos da ordenação, à volta da mesa da Eucaristia e da mesa do convívio fraterno, só não pôde participar o Fernando Reis e sua esposa Margarida, por motivos de doença, o mesmo acontecendo com a Hélia, minha esposa, por razões de exames médicos. 
À volta do altar, o delegado do nosso Bispo para o diaconado permanente, P.e José Manuel Marques Pereira, evocou os primeiros passos deste ministério ordenado entre nós, louvando a coragem dos que assumiram a ordenação, quando é sabido que os diáconos permanentes tinham caído no esquecimento na própria Igreja, há séculos. 

Luís Pelicano, no final da missa, também agradeceu aos que contribuíram para a instauração do diaconado permanente em Aveiro, destacando em especial D. Manuel de Almeida Trindade e D. António Marcelino. E não deixou de evocar os colegas falecidos e as esposas de Afonso Henrique e do Carlos Merendeiro. 
A Eucaristia e o encontro de convívio tiveram lugar em Águeda, a cuja paróquia, representada pelo P.e José Camões, agradecemos o acolhimento, enriquecido pelo grupo coral que animou a missa. 
À homilia, o P.e José Manuel recordou que fomos chamados para o serviço eclesial, sublinhando que a «Igreja só tem a sua razão de ser enquanto serviço para o mundo». Disse que Deus necessita de colaboradores, mas «não fomos nós que, por iniciativa própria, nos apresentámos; foi o Senhor que nos chamou». 
Frisou que o chamamento «é sempre uma história única e que o modo como lhe respondemos também tem de ser único, porque tem de responder àquilo que nós próprios somos, tendo em conta as nossas debilidades e fraquezas». 
O presidente da celebração evocou o Papa Francisco para dizer que importa verberar a mundanidade. «Nós, os que fomos chamados, não devemos estar agarrados aos critérios do mundo; somos, pelo contrário, enviados ao mundo com algo de novo», assente no projeto de salvação de Jesus Cristo. 
O delegado do nosso Bispo para o diaconado permanente referiu que o nosso ministério só existe para o serviço aos outros, numa atitude de «disponibilidade total, de acolhimento, porque só assim nos identificamos com Cristo». 
O P.e José Manuel concluiu, dizendo que, «apesar do peso dos anos e das doenças», nunca podemos deixar de ser servidores, quer no serviço ativo que a Igreja nos pede, quer noutro serviço, não tão visível, mas fundamental, como é o serviço da oração, numa disponibilidade interior muito grande. 

Fernando Martins 

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Luto nacional pelo morte do "pai" do SNS


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou um dia de luto nacional pelo falecimento de António Arnaut,  “pai” do SNS (Serviço Nacional de Saúde), ao aceitar a iniciativa do primeiro-ministro, António Costa. Congratulo-me com a decisão, uma vez que o SNS corresponde a um projeto de largo alcance social, apesar de necessitar de constantes aperfeiçoamentos. 
Na altura, Portugal deu um extraordinário passo na linha de oferecer cuidados de saúde a todos os portugueses, realidade não existente no universo dos países do mundo.

Notas do meu diário – O Futebol

Com as histórias do Sporting a dominarem todo o panorama noticioso de todos os quadrantes, fico perplexo com este mundo português que dá a entender que nada mais há para além do futebol. Quase tudo foi relegado para os sacos negros do esquecimento ou para planos secundaríssimos. Problemas sociais, económicos, da justiça, da cultura, de gente que sofre e que luta pela sobrevivência, desemprego, ensino, saúde e tantas outras questões deixaram de ter voz e vez. É pena. 
Entretanto, li este texto de Miguel Poiares Maduro, que anexo, para refletirmos: 

Como o jogo mais bonito ficou tão feio 

“a violência é apenas a manifestação mais extrema de uma doença profunda que ocupa o “corpo” do futebol há bastante tempo. Os sintomas têm-se multiplicado. Campeonatos do mundo atribuídos através de votos comprados; jogos viciados através da compra de jogadores ou árbitros; doping organizado e, nalguns casos, promovido por Estados; evasão fiscal; lavagem de dinheiro; e até funcionários judiciais corrompidos por agentes desportivos. Estes são alguns exemplos de processos judiciais que envolvem atualmente o futebol. Dos EUA à França, passando por Portugal, organismos de investigação criminal e magistrados têm tornado público uma pequena parcela do lado sujo daquele que durante tantos anos pensámos ser o jogo mais bonito. Mas a expressão criminal é apenas o estado mais avançado da doença ética e moral que domina a cultura do futebol”. 

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