terça-feira, 8 de maio de 2018

Sede alegres na esperança

Rumo ao Congresso Eucarístico


“A morada natural da esperança é um «corpo» solidário, no caso da esperança cristã este corpo é a Igreja, enquanto o sopro vital, a alma desta esperança é o Espírito Santo. Sem o Espírito Santo não se pode ter esperança”

Papa  Francisco 

“Sede alegres na esperança”, recomenda S. Paulo aos cristãos de Roma perseguidos pelo poder político e necessitados de reforçar as relações dentro e fora da comunidade. E acrescenta outras de grande valor para dar testemunho da fé operativa.
Que alegria terão sentido os discípulos de Emaús ao encontrarem a comunidade de Jerusalém em assembleia! E que comoção ao verem confirmada a novidade surpreendente do fazer caminho e estar à mesa com Jesus ressuscitado! E ao poderem partilhar a experiência por eles vivida: “Contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando Ele partiu o pão”. Que conforto recíproco terão saboreado!
Agora, um novo laço os une. Além do sangue familiar, entre alguns, da memória agradecida de uma história comum nos caminhos da Galileia e noutras terras, da amizade alimentada em convívios e conversas, surge o facto novo que a todos entusiasma: O de serem constituídos testemunhas de Jesus ressuscitado, de beneficiarem da graça da sua aparição, de receberem o encargo do seu anúncio até aos confins da terra, a começar por Jerusalém (Lc 24, 40). E de contarem sempre com o Espírito Santo, o prometido por Deus Pai: “Por isso, esperai na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”.
Que conforto psicológico e espiritual lhes terá advindo deste regresso à cidade, testemunha do processo iníquo, onde tem de recomeçar a nova etapa da evangelização. Em Igreja, claro! Etapa que prossegue ao longo da história. Etapa em curso na busca de novos rostos e novas ousadias, novos métodos e novas atitudes. Etapa que brota da Eucaristia celebração para chegar à Eucaristia missão. 
O Papa Francisco lembra que: “A morada natural da esperança é um «corpo» solidário, no caso da esperança cristã este corpo é a Igreja, enquanto o sopro vital, a alma desta esperança é o Espírito Santo. Sem o Espírito Santo não se pode ter esperança”.

Georgino Rocha

domingo, 6 de maio de 2018

Artes no Canal - 2

Banca da Batita

A Lita também quis ver a mulher-estátua a mexer-se 

Criança a desfiar a mulher-estátua 

João Tiago 
Volto, como prometido, ao projeto “Artes no Canal” que visitei ontem, sábado, com dia luminoso e convidativo para uma saída. No meu caso, para retemperar ânimo, um pouco em baixo. Sair de casa ajuda a espairecer. 
Para além das bancas de vendas, onde se mistura o artesanato com outros produtos, acabamos por perceber que há rostos habituais com artigos habituais, nem sempre a condizer. A exposição-venda de uma artesã gafanhoa, a Batita, lá estava, com sua mãe a substitui-la, como tem acontecido noutras alturas. Dispensando-me de deixar o registo de tantos trabalhos exibidos, tive pena de não detetar mais ninguém das Gafanhas, mas seria natural e expetável que lá estivessem. Se errei, alertem-me. 
Motivo de atração para todos quantos passavam, com destaque para a pequenada, foi a mulher-estátua, na sua postura rígida, só alterada quando alguma moeda caía na caixinha à sua frente. As crianças, o melhor do mundo segundo Pessoa, passavam do espanto à admiração, com desafios, olhares, aproximações e palmas que não alteravam o rigor da postura. E então, quando tilintavam as modas na caixa, lá se mexia a mulher-estátua, serenamente, para gáudio dos mais pequenos e de alguns mais maduros. 
Também apreciei jovens que integram ASK – Aveiro Sketchers, um grupo que desconhecia e que abordarei amanhã. O seu projeto, cujo nome indica a naturalidade estrangeira, cultiva o desenho que posteriormente partilha nas redes sociais. Cinco jovens “retrataram” com arte o ambiente da Praça Dr. Joaquim de Melo Freitas.
Visita que recomendo em próximas edições.

O Espírito Santo é um atrevido

Frei Bento Domingues

"O Espírito Santo é muito atrevido, mas não é louco, não se substitui a ninguém, não tem uma varinha de condão para eliminar conflitos, não quer fazer nada sozinho, mas também não se acomoda ao que sempre assim foi"

1. Entramos em Maio e no VI Domingo da Páscoa. O Espírito Santo resolveu não esperar pela festa do Pentecostes e meteu S. Pedro em sarilhos teológicos e pastorais [1]. Contam os Actos dos Apóstolos (Actos) que estava ele para começar a rezar, mas com muita fome. Veio do Céu uma toalha cheia de manjares, mas todos proibidos a um bom judeu. Foi o próprio Espírito Santo quem lhe disse para não ligar a essas proibições e comer à vontade. Insistiu ainda que entrasse na casa de um gentio, um centurião romano, que o recebeu desvanecido. Pedro anunciou aí um princípio teológico de alcance universal: reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, pois qualquer uma, de qualquer nação que O tema e pratique a justiça, Lhe é agradável. Não estava a criar um novo privilégio, pois Jesus Cristo, que é o Senhor de todos, até começou pelos filhos de Israel o anúncio da boa nova da paz.
O Espírito Santo mostrou que não estava para conversas nem muitas cerimónias. Desceu sobre todos. Os companheiros de Pedro ficaram maravilhados ao verem que os gentios tinham a mesma sorte que eles. Pedro rendeu-se à evidência: como negar o baptismo aos que já receberam o Espírito Santo? Nasceu ali uma nova comunidade.

Para o Dia da Mãe



Mãe!

Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas 
que ainda não viajei!
Traze tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça 
não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. 
Depois venho sentar-me ao teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei,
tão parecidas com as que não viajei, 
escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente 
para a nossa casa, como a mesa.

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

José de Almada Negreiros


Nota: Sugerido pela Livraria Bertrand

sábado, 5 de maio de 2018

Artes no Canal - 1





Aveiro está no meu coração. Lá estudei, trabalhei, participei em inúmeras reuniões e cerimónias, convivi com amigos, assisti a espetáculos, apreciei exposições, frequentei livrarias. E, mais importante que tudo, conheci a Lita, minha companheira de toda a vida. Ultimamente, tenho passado por Aveiro a correr, sem vagar para olhar, com olhos de ver, as transformações que tem sofrido, em nome do progresso a vários níveis. 
Hoje, fiz questão de ir à cidade dos canais, animada por um projeto que tem por missão atrair pessoas, aceitar a onda do turismo, estabelecer convívios e criar dinamismos valorizadores da economia. Refiro-me, a Artes no Canal. 
O dia esteve lindo, próprio de festa, e os turistas, nacionais e estrangeiros, de linguajares bem patentes, encheram o centro citadino, com os moliceiros e mercantéis numa roda-viva, com apitos e cicerones a indicarem o que de mais importante se pode apreciar do meio dos canais. 
Cansado, mas satisfeito pelo que experimentei e apreciei, passei por ruas e ruelas há muito afastadas dos meus horizontes, vi esplanadas em cada canto, vi rostos que não via há muito, encontrei estabelecimentos modernos e outros puídos pelos anos, tirei fotografias e confirmei o peso que a moda da arte fotográfica tem nos tempos atuais. Máquinas fotográficas de alta resolução ao lado de smartphones que hão de levar gratas lembranças de Aveiro e seus canais, para mais tarde recordar. 

(continua amanhã)

Aveiro: Artes no Canal




Hoje, sábado, 5 de maio, terá lugar a edição dedicada à Cidade de Aveiro do “Artes no Canal” das 10.00 às 19.00 horas, integrando-se no programa que a Câmara Municipal de Aveiro organizou para assinalar o Feriado Municipal, que ocorrerá no próximo dia 12, também Festa de Santa Joana, padroeira da cidade e diocese de Aveiro.
Tenciono passar por lá para poder sentir o palpitar das gentes aveirenses, tão ricas a vários níveis, onde a cultura e a arte de conviver têm destaque no seu dia a dia.

Ver programa 

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Vieira da Silva na Biblioteca de Ílhavo

Vieira da Silva 
O livro "Marginal", de António Vieira da Silva, médico, poeta e cantor, vai servir de base à próxima sessão da "Comunidade de Leitores", na Biblioteca Municipal de Ílhavo, no próximo dia 24 de maio. Será uma boa oportunidade para conhecer um artista do nosso município, que merece ser mais divulgado.Para espevitar a curiosidade, aqui fica um poema, divulgado por Bibliotecas da Gafanha da Nazaré.

Escola

professor
não tenhas pressa

saí agora de casa
tenho a amarga sensação
de perda não sei de quê
de um regaço
de um abraço
que me ficou na memória

professor
não tenhas pressa
não sou um quadro vazio
já trago dentro de mim
os traços de outras viagens
imaginárias
reais
dos dias da minha história.


Vieira da Silva

O seu livro pode ser lido aqui

Fonte; Bibliotecas da Gafanha da Nazaré