segunda-feira, 6 de junho de 2016

São Miguel: Sete Cidades e arredores

Um pouco do muito que vimos







Em 30 de julho de 1926, Raul Brandão esteve em São Miguel com espírito jornalístico, mas sempre acompanhado pela alma de artista, com a sua sensibilidade própria e única. Não há dois artistas iguais, porque se isso acontecesse um eliminaria o outro. E nessas deambulações deixou-nos retratos que nos nossos dias aceitamos e citamos com prazer.
Diz ele que «nesta ilha há duas coisas maravilhosas: as Furnas e as Sete Cidades». Estivemos hoje nas Sete Cidades e à medida que nos aproximávamos da Lagoa das Sete Cidades sentíamos que o nevoeiro iria estragar-nos a festa de uma paisagem de tons e cores diversos. Felizmente não foi tanto assim, embora em dia luminoso o espetáculo fosse mais belo. Mesmo Valeu a pena. Turistas com presença garantida, fotógrafos amadores como eu a disparar de vários ângulos. E boa razão tem Raul Brandão para dizer: «Quase tenho medo de falar duma paisagem que hoje, mais do que nunca, me parece irreal…»
Senti o mesmo neste domingo,5 de junho. O verde dos cerrados onde pasta o gado, os picos das montanhas, os penedos plantados no oceano, as ruas estreitas, a obrigação de parar para as vacas passarem na sua calma ancestral, as piscinas abrigadas, a ausência de areia branca, a floresta a encher os espaços e o casario a bordejar ruas e ruelas, largos e encostas das montanhas. Igrejas entre o antigo (vi uma de 1507) e o moderno atestam a presença do cristianismo desde a descoberta. 
O farol, de que falarei mais tarde também mereceu a nossa atenção, pequena mas bem cuidado. Navios no alto mar não vi. Nem surfistas nem nadadores, mas vi o oceano agitado e de vez em quando um ventinho mais forte que os montes não conseguiram desviar da nossa presença.
Amanhã, se Deus quiser, as Furnas e o seu famoso cozido esperam-nos.

domingo, 5 de junho de 2016

AÇORES: Uma luz que nos acaricia



«É uma luz que me acaricia, uma série de cinzentos que entram uns nos outros e desmaiam, apanham não sei que claridade e ficam absortos e quietos,  ou criam nova vida e recomeçam  uma gama de tons que faziam o desespero dum pintor, porque a paisagem a esta luz extraordinária ganha sombras, variedade e frescura que os pincéis não sabem reproduzir…»

Raul Brandão, 
in “As Ilhas  Desconhecidas”

Pus pé em terra do anticiclone  no princípio da tarde de ontem, graças aos desafios do meu João Paulo e à generosidade da minha Aidinha. Ameaças de chuva e mau tempo não perturbaram o nosso desejo antigo de conhecer os Açores, que Raul Brandão, quase há 100 anos, descreveu com arte e realismo. Hoje será muito diferente, mas os tons cinzentos entrecortados pela claridade que as nuvens frequentemente filtram e emprestam tonalidades novas a quem chega, como foi o nosso caso, meu e da Lita, enchem-nos  a alma e preenchem uma lacuna na nossa sensibilidade.
O João, à chegada, informa que já nos viu  por um frincha do aeroporto de Ponta Delgada. Apressados, fomos degustar o bife num restaurante especialista na  área dos bifes de vaca, carne saborosíssima do gado açoriano. Gado famoso, diga-se de passagem. E corremos para conhecer ao vivo a paisagem do mar da  ilha de São Miguel, sem areia branca, mas com sinais de quem sabe criar espaços marinhos para tonificar o corpo com sol e maresia, em piscinas naturais  que abundam por aqueles sítios. As primeiras impressões cativaram-nos pela originalidade  das baías, pelas ondas que desafiam surfistas , pela tonalidade negra das pedras que nos propõem  desafios no equilíbrio necessário para quem deseja aproximar-se do ocenano. E com a arquitetura do casario, das igrejas construídas em locais estratégicos para anunciar  o  transcendente  aos habitantes tantas vezes tão afastados do mundo, mais as ruas estreitas a indiciarem antiguidade, mais nos sentimos entusiasmadas e com ânsias de nos próximos dias, então mais afastados  das águas que rodeiam  a ilha, nos cruzarmos com outras paisagens.  

Ética e religião

Crónica de Frei Bento Domingues



1. Tornou-se um lugar-comum dizer que, na fonte de todas as grandes tradições religiosas, existe uma experiência original do Mistério Absoluto, ou de Deus, irredutível a qualquer categoria criada para o exprimir. Foi o que tentei mostrar no domingo passado. Mahatma Gandhi estava convencido de que, se pudéssemos ler as escrituras das diversas religiões, chegaríamos à conclusão de que todas elas estão de acordo nos seus princípios básicos, úteis para todos.
Pode-se perguntar se haverá alguém que possa viver, por dentro, as experiências de todas as tradições religiosas nas suas diversas evoluções e interpretações? Duvido! Será isso necessário para cultivar o respeito pela diversidade cultural e religiosa? Creio que não. O que julgo indispensável é o questionamento ético dentro de toda a actividade humana e, por isso, também dentro de todas as práticas religiosas.

sábado, 4 de junho de 2016

Filarmónica Gafanhense vai ter novo fardamento

SARDINHADA | 9 DE JULHO

A juventude está na banda
A Filarmónica Gafanhense está a comemorar 180 anos ao serviço da cultura musical e quer continuar com o entusiasmo que sempre a animou desde a sua fundação. E nestas comemorações, a direção pretende dotar a banda com novo fardamento, pois o atual conta já com «16 anos e necessita urgentemente de ser renovado».
Para a concretização deste objetivo, a direção tem estado e continuará a estar empenhada em promover eventos destinados à angariação de fundos, pois a despesa importará em 14 mil euros «para a renovação integral do fardamento». Nesse sentido, no passado dia 22 de maio realizou-se um encontro de membros da banda e amigos, da Gafanha da Nazaré e arredores, à volta de um Porco no Espeto, no espaço do Stella Maris. 
No próximo dia 9 de julho haverá mais uma iniciativa, desta vez uma sardinhada, integrada nas comemorações dos Santos Populares, que surge ao jeito de substituição do arraial da festa de São Pedro, no lugar da Cale da Vila, que este ano não se realiza. 
Enquanto se aposta na organização de convívios deste género, que todos consideram uma mais-valia para aproximar a banda do nosso povo, com a vantagem de se conseguirem obter alguns fundos, a direção não deixa de apelar à contribuição dos amigos para que ajudem com donativos, através do IBAN PT50 0033 0000 00003659704 35 Millennium BCP, ou deslocando-se ao Stella Maris, aos sábados, entre as 14h30 e as 17h, onde a Filarmónica Gafanhense ensaia provisoriamente.

FM

A resistência a Francisco

Crónica de Anselmo Borges


1. Algo mudou quanto à possibilidade da comunhão para os divorciados recasados? De regresso de Lesbos, Francisco foi claro: "Eu posso dizer: sim. Ponto." Quem tivesse dúvidas quanto a mudanças nesta e noutras questões teria, na oposição de muitos da alta hierarquia, a prova de que elas são reais.
De modo frontal, o cardeal G. L. Müller, prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, veio corrigir Francisco, dizendo que os divorciados recasados não podem, em caso algum, aproximar-se da comunhão e o máximo a que podem aspirar, depois da confissão, é viverem "em castidade total, como irmãos". Uma vez que o famoso teólogo Hans Küng tinha revelado, num artigo, que o Papa se lhe dirigira pessoalmente como "lieber Mitbruder" (querido irmão), manifestando abertura a um debate livre na Igreja sobre o dogma da infalibilidade, Müller assegurou que é um herege, que "não crê na divindade de Cristo nem na Trindade". Numa entrevista ao Achener Zeitung, o cardeal W. Kasper, que está com Francisco e que foi quem o convenceu a receber o Prémio Carlos Magno, atribuído por "ser a voz da consciência de Europa", declarou que "a enorme maioria das pessoas até para lá da Igreja Católica está fascinada com este Papa. Na Cúria, também há oposição resistente". Porquê? "Ele dá uma reviravolta a muitas coisas. Está sobretudo empenhado na mentalidade. Só se esta mudar é que virão as reformas nas estruturas. Isso precisa de tempo. Francisco trabalha nisso. A Cúria é uma instituição antiga, onde se cultiva carreiras e hábitos."

Mulher não chores. O teu filho vai reviver

Reflexão de Georgino Rocha


Jesus toma a iniciativa e aproxima-se de Naim, a cidade das delícias. É este o seu modo de agir: Ir aonde as pessoas se encontram, entrar em sintonia com as situações que vivem, fazer suas as alegrias e as tristezas que espelham, deixar-se envolver pelo “ar” circundante que se respira e intervir coerentemente. Com ele, vão os discípulos e a multidão que o acompanhava. Anima-o o gosto pela missão, a esperança de anunciar o projecto de vida que Deus Pai lhe havia confiado, a vontade positiva de aproveitar as oportunidades contrastantes que surjam para mostrar a novidade de que é portador.
Da cidade das delícias, significado original de Naim, sai um cortejo fúnebre. Um jovem vai a sepultar. A mãe, pobre viúva, chora visivelmente forçada pela convulsão das emoções. Com a morte do filho vê acabar toda a sua esperança, pois nada mais lhe restava. Fechava-se, de vez, o desejo apetecido de ver a sua posteridade, sinal de bênção divina. Ficava exposta ao que ocorrer, pois não havia qualquer protecção social. Era a morte de todos os seus sonhos. São lágrimas sentidas que fazem vibrar o coração de Jesus.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Praia do Jardim Oudinot com água de boa qualidade


De vez em quando, somos confrontados com notícias alarmantes sobre o ambiente que respiramos e os espaços de lazer que frequentamos. Foi o que aconteceu há dias, em que se dava conta da má qualidade da água da praia do Jardim Oudinot. Na sequência disso, a Câmara Municipal de Ílhavo vem esclarecer a opinião pública, através de comunicado, que, «estando concluídas as obras de saneamento na Gafanha da Nazaré, bem como a Vala do Esteiro Oudinot», é possível manter a referida praia na rede nacional. 
No comunicado, salienta-se que «foram tomadas todas as medidas de gestão adequadas», no sentido de se iniciar a época balnear com as garantias necessárias para os veraneantes. Ainda se refere que «as análises já efetuadas este ano, nomeadamente em 26 de abril e 24 de maio, classificam de boa qualidade a água da Praia do Jardim Oudinot», razão por que aquela estância balnear  foi incluída na Portaria relativa à identificação de águas para 2016.

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