Crónica de Anselmo Borges
1. Afirma-se que a religião está em decadência e lentamente Deus ficará obsoleto.
Esta leitura é apressada. De facto, não se pode estender ao mundo inteiro o que se aplica apenas à Europa e, mesmo na Europa, com reservas. Apresento, seguindo o sociólogo Javier Elzo no seu livro Quién Manda en la Iglesia?, uma síntese de dados estatísticos, a partir de inquéritos e sondagens mundiais recentes. Assim, Jean-Marc Leger, presidente da Win/Gallup, talvez a maior associação mundial de estudos de mercado e sondagens de opinião sobre diferentes temas, incluindo o religioso, na apresentação em 2015 do macroestudo realizado em 2014 sobre as crenças religiosas em 65 países no mundo inteiro, afirmou que "a religião continua a dominar a nossa vida quotidiana, pois constatamos que actualmente o número total de pessoas que se consideram a si mesmas religiosas é relativamente elevado". A média dos 65 países inquiridos: 63% das pessoas dizem-se religiosas, 22% não religiosas e 11% ateias. Segundo o Pew Research Centre, organismo americano independente, a percentagem é superior: 84% da população mundial confessa-se religiosa.