Crónica de Maria Donzília Almeida
"A poesia é a música da alma,
e, sobretudo,
de almas grandes e sentimentais."
Voltaire
Levar os alunos a escrever na aula de Língua Portuguesa, afigura-se um quebra-cabeças para o aluno e simultaneamente para o professor de língua materna, a quem cabe a dura tarefa da motivação.
A palavra redação que povoou os anos da minha instrução primária, foi evoluindo semanticamente para composição, chamando-se agora, com certa pompa, produção de texto.
Redigir é um trabalho que exige prática e dedicação. Não existem fórmulas mágicas: o exercício contínuo, aliado à leitura de bons autores e à reflexão são indispensáveis para a criação de textos. Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. Ler é fundamental para escrever. Mas não basta ler, é preciso entender o que se lê. Estruturar o pensamento e verbalizá-lo implica um esforço de concentração que não se coaduna com a impetuosidade e hiperatividade dos adolescentes.
Quando se passa da prosa para o texto poético recrudescem as barreiras. Daí, a necessidade de aquisição de estratégias e ferramentas didáticas, por parte dos professores de língua materna, para colmatarem esta dificuldade.
É neste contexto pedagógico que se inserem as Ações de Formação, em que uma tertúlia de professores se reúne para discutir e inventariar práticas que conduzam a uma sensibilização à escrita, numa espécie de brainstorming (chuva de ideias).
Numa dessas atividades, foram apresentadas as marcas do texto poético que vão para além da rima, a mais evidente e mais percetível pela faixa etária que lecionávamos. Existe a prosa poética em que a poesia está subjacente no conteúdo, desvalorizando-se a forma.