Um filme que retrata
a saga dos bacalhaus
através dos séculos
Um aspeto da sessão (foto cedida por Rui Bela) |
No Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), foi apresentado em sessão de estreia, no dia 11 de dezembro, pelas 21.30 horas, o filme “Nos Mares da Memória”, com realização de Rui Bela e guião de Senos da Fonseca, sobre a história da pesca do bacalhau. Como seria de esperar, o auditório estava repleto, notoriamente pelo grande interesse que o assunto desperta nos ílhavos, e não só.
Na apresentação, Rui Bela frisou que este seu trabalho surge 26 anos depois de ter realizado o documentário “À Glória Desta Faina”, que «impulsionou a ideia de se criar um setor sobre a pesca à linha no MMI».
«Se Portugal tivesse que enumerar alguns dos seus feitos mais gloriosos, a descoberta dos mares gelados da Terra Nova e da Gronelândia e a pesca do bacalhau no século XV seriam seguramente dois deles», referiu. E acrescentou que, ao longo de cinco séculos de história, «os portugueses levaram mais longe o conhecimento nas artes da navegação e da pesca».
Rui Bela garantiu que os portugueses foram «os primeiros colonizadores dessas terras tão longínquas», onde «deixaram marcas profundas na cultura local», e salientou a inovação na construção naval, «considerada a melhor por exímios navegadores».
O filme, com a duração de 66 minutos, mostrou à saciedade a dureza da vida dos pescadores do bacalhau através dos séculos, referindo Rui Bela que «escasseiam as vivências dos que as experienciaram com tantos sacrifícios e dedicação».
O realizador de “Nos Mares da Memória” afirmou que este projeto visa «granjear e preservar as inúmeras lembranças deste passado tão presente para alguns», porque «sistematiza a informação escrita, fotográfica e cinematográfica», convertendo «as estórias num autêntico documento audiovisual».
Reconhecendo que o filme não abarca todos os conteúdos desta temática, Rui Bela admite que foi o mais abrangente possível, porque realçou os factos que «pareceram mais relevantes e numa abordagem, até agora, não patenteada».
“Nos Mares da Memória” contou com a colaboração de especialistas desta área da saga dos bacalhaus, nomeadamente, Senos da Fonseca, Valdemar Aveiro e António Marques da Silva, todos com obra publicada sobre múltiplas facetas.
Fernando Martins