Durante um mês, não se falará de outra coisa. O Campeonato do Mundo de Futebol vai encher-nos os dias, de manhã à noite. E se durante o sono acordarmos, a primeira coisa que ouviremos será do género: O melhor jogador do mundo dormiu bem, que dormir mal não será para um jogador como este.
É claro que para quem não vai na onde de exageros com fasquias altas, porventura ao jeito de se tentar descobrir alento para as dificuldades do dia a dia, terá de encontrar outros motivos de interesse para sobreviver nesta vaga futebolística que só dá substância, isto é, bom dinheiro, a quem souber dar uns pontapés na bola que há mais de 100 anos alguém previu que iria dar a volta à cabeça de tanta gente.
Não tenho nada contra o desporto, antes pelo contrário, mas acho que a moderação e a humildade ficariam melhor no mundo em que vivemos. E se olharmos para o Brasil, o país da paixão pelo chamado desporto rei, mas também das favelas e das casas com grades de ferro para evitar os assaltos, com fomes, pobrezas extremas e misérias, talvez pudéssemos concluir que, afinal, há milhões de reais para estádios e outras infraestruturas, mas não há para matar a fome, para a educação e para a saúde de imensos brasileiros, que não se cansam de protestar nas ruas com sinais de desespero. Tenho para mim que, passada a euforia, haverá estádios que vão ficar às moscas ou subaproveitados, tal como aconteceu em Portugal. Vivemos mesmo num mundo injusto, cego e de vaidades desmedidas.