Crónica de Anselmo Borges
no DN de hoje
Anselmo Borges |
Já sabíamos, mas agora é o próprio Francisco, entrevistado pelo Corriere della Sera, a dizê-lo: "Gosto de estar com as pessoas, com os que sofrem. O Papa é um homem que ri, chora, dorme tranquilo e tem amigos como toda a gente. É uma pessoa normal." Por isso, não gosta que façam dele um mito, e cita Freud: "Em toda a idealização há uma agressão.
"Não decide sem ouvir o conselho de muitos, e ouve mesmo, não finge. Mas, claro, "quando se trata de decidir, de assinar, fica só com o seu sentido de responsabilidade". Na entrevista, enfrenta os temas mais delicados. Com uma liberdade e clareza desarmantes. Assim: "Nunca entendi a expressão "valores não negociáveis". Os valores são valores e pronto.
" Sobre a pedofilia: "Os casos de abusos são terríveis, porque deixam feridas profundíssimas. Bento XVI foi muito corajoso e abriu o caminho. E, seguindo esse caminho, a Igreja avançou muito. Talvez mais do que ninguém. As estatísticas sobre o fenómeno da violência contra as crianças são impressionantes, mas mostram também com clareza que a grande maioria dos abusos provém do ambiente familiar e das pessoas próximas. A Igreja Católica é talvez a única instituição pública que se moveu com transparência e responsabilidade. Ninguém mais fez tanto. E, no entanto, a Igreja é a única a ser atacada.