A vida decorria, sem sobressaltos, ali, na Quinta do Briol. O “sultão” AlGalarós dominava, na hierarquia dos sete galináceos, arrastando a asa e controlando as suas (apenas!) seis concubinas.
Era um regalo olhar para o espaço ensolarado e contemplar o macho imponente no seu traje vistoso de penas listradas de cetim branco e cinzento, cacarejar em chamamento das companheiras dispersas pelo pinhal. Estas acorriam, ao apelo cantante do “senhor” que encontrara algum verme e queria partilhá-lo com as fêmeas. Tê-las sempre debaixo de olho e sob controlo apertado, era o grande objetivo do galo apavonado!
Cumpria-se a velha e já ultrapassada (!) filosofia, “Onde há galos, não cantam galinhas” e tudo corria ao som da trombeta, isto é, da voz do chefe.
Dori(n)da |
- Abaixo a ditadura! Fora a tirania! Derrubemos a prepotência! Seriam estas as ideias revolucionárias, em embrião, talvez do tamanho dum grão de milho, que começavam a ganhar forma, no cérebro minúsculo da meia dúzia de galinhas.
Estas e outras maquinações iam progredindo, na surdina, sem que a dona se apercebesse dos conflitos existentes ali, ao lado de casa.