segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O QUE É MAIS IMPORTANTE NA RELAÇÃO DA IGREJA COM A CULTURA?





Alice Vieira: Pastoral da Cultura usa «linguagem nem sempre acessível a todos». «Penso que a Pastoral da Cultura está com muita força e a fazer um bom trabalho mas por vezes usa uma linguagem nem sempre acessível a todos. Temos de pensar que há muitas camadas diferenciadas de pessoas, pelo que é importante chegar a todas e que todas cheguem a nós, sem afastar ninguém.» 

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PÚBLICO de hoje: Coroa de Nossa Senhora de Fátima

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domingo, 6 de novembro de 2011

PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues

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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 262


DE BICICLETA ... ADMIRANDO A PAISAGEM – 45 



SALTANDO DO SELIM COM RITMO 

Caríssima/o: 

Vem do lado do Forte; boa velocidade! 
Quase se não senta! Mal toca no selim! 
Pedala furiosamente! 
E afogueado, vermelho. 
Parece que está a participar na volta a Ílhavo! 
Até, se não me engano, há lágrimas nos seus olhos! 
Mas continua a pedalar. 
E ele que é tão folgazão, nem adeus diz, nem acena! 
Lá vai na sua corrida desenfreada, furiosa. 

O amigo que me faz companhia sentado no muro das Portas d'Água também estranhou: 
- Não, ali há coisa! Deve ter feito alguma aposta! 
É que o nosso homem já nem se via. 

No dia seguinte, a cena repetiu-se. Mas agora dava duas-três pedaladas, levantava-se, ... ia rolando a aproveitar o balanço e... lá se sentava.... Para logo a seguir, duas-três pedaladas, levantar... 
Seguiu até ao Forte. Passado algum tempo, retornou e a cena repetia-se: duas-três pedaladas, levantar, rolar... e sentar. 
Passou por nós sem olhar, com as lágrimas a correr pela face e a ... rugir. 

Mau! Aguçou-nos a curiosidade, mas ninguém teve coragem para se meter com ele. 
Pelo contrário, a chacota era dominante e, ganhando-lhe o jeito, uma-duas-três pedaladas, levantar, rolar e voltar a sentar! 

Andávamos nisto com gosto e sonoras gargalhadas, que o jogo prometia, quando passou a alta velocidade e, lançando um urro, nos atirou: 
- O que vos falta é o ... furúnculo, seus garotos! 

Manuel         

Uma reflexão para este domingo



VIGILANTES E ACTIVOS
Georgino Rocha


Insensatas, umas, e prudentes, outras. Assim se divide o grupo das jovens que aguardam a chegada do noivo da amiga. Néscias, umas e sábias, outras. Qual o critério para esta distinção, se o grupo todo se diverte durante o tempo da espera, se está apetrechado com as lanternas para iluminarem o cortejo nupcial, se escuta o mesmo anúncio, sente o correspondente apelo e entra num mesmo corrupio: “Eis que chega o noivo, ide ao seu encontro”?
Jesus, o autor das parábolas agrupadas numa só pela comunidade de Mateus por razões que têm a ver com a compreensão da última vinda do Senhor, quer dar uma resposta clara aos discípulos preocupados com a chegada do reino dos Céus e com os sinais que a manifestam. E a resposta começa assim: “Cuidado, para que ninguém vos engane” e prolonga-se por uma série de ensinamentos apresentados em parábolas, sentenças, recomendações. O cenário, onde esta “catequese” ocorre é o Monte das Oliveiras que, segundo a tradição, seria o espaço assinalado para esse derradeiro acontecimento. Aqui tem início, pouco tempo depois, o drama da paixão que leva Jesus à morte e à ressurreição.

sábado, 5 de novembro de 2011

Passagem por Pardilhó para recordar outros tempos

Monumento ao emigrante, com matriz, dedicada a S. Pedro, ao fundo

Aspeto do largo do centro de Pardilhó

Outro aspeto do largo 


De passagem por Pardilhó, a que me ligam tantos laços familiares e amigos, recordei, mais uma vez, tantas férias que lá vivi, com esposa, filhos pequenos e depois jovens. A Lita tem as suas raízes naquela simpática freguesia de gente cordata. À memória acudiram rostos, conversas e pessoas que já não estão fisicamente entre nós. Gente importante da terra e migrada em Lisboa e noutras paragens que vinha muito à terra natal. O largo de Pardilhó, com dois espaços distintos, era uma autêntica sala de visitas, onde confluíam diversas artérias dos vários cantos da freguesia. Por ali vi gente grada que em Lisboa se tornou importante e famosa, como os Ruela Ramos e Fernando Assis Pacheco, casado com uma pardilhoense. O Bispo Ferreira da Silva e seu irmão Monsenhor Ferreira da Silva também  se tornavam notados quando vinham a Pardilhó. Entre muitos outros, claro. 
O largo, com nome de Egas Moniz, esse mesmo do Prémio Nobel da Medicina, ficou  mais bonito e acolhedor com obras recentes. Egas Moniz foi educado em Pardilhó pelo seu tio, abade da paróquia de S. Pedro. Daí a ligação do sábio a esta terra.


Ver registo dessas férias  aqui

Poesia para este tempo


NO MEU PAÍS NÃO ACONTECE NADA

No meu país não acontece nada
À terra vai-se pela estrada em frente
Novembro é quanta cor o céu consente
Às casas com que o frio abre a praça.

Dezembro vibra vidros brande as folhas
A brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
Que o mais zeloso varredor municipal
Mas que fazer de toda esta cor azul

Que sobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente tem saúde e assistência cala-se e mais nada
A boca é pra comer e pra trazer fechada
O único caminho é direito ao sol

No meu país não acontece nada
O corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
O fisco vela e a palavra era para toda a gente

E juntam-se na casa portuguesa
A saudade e o transístor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
Da velha lei mental pastilhas de mentol

O português paga calado cada prestação
Para banhos de sol nem casa se precisa
E cai-nos sobre os ombros quer a arma quer a sisa
E o colégio do ódio é a patriótica organização

Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nessa orla costeira qual de nós foi um dia menino?

Há neste mundo seres para quem
A vida não contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe
Atenta a gravidade do momento

O meu país é o que o mar não quer
É o pescador cuspido à praia à luz do dia
Pois a areia cresceu e o povo em vão requer
Curvado o que de fronte erguida já lhe pertencia

A minha terra é uma grande estrada
Que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer

Ruy Belo

NOTA: Sugestão do caderno ECONOMIA do EXPRESSO de hoje