Com edição da ADERAV, foi publicado em 1989 um livro do aveirense ilustre António Christo, com "h", como consta do assento do batismo e se lê na autobiografia do autor, elaborada com graça e inserida neste trabalho. O livro, intitulado "Capelas de Aveiro", tem prefácio e notas de Amaro Neves. Do plano do autor, que contemplava 38 capelas, oratórios, nichos e grutas, apenas foram publicadas 20 capelas, quatro oratórios e uma gruta, trabalhos estes que viram a luz do dia no semanário Litoral, de que foi fundador e diretor David Christo, irmão de António Christo.
Apesar de tantos anos passados sobre a publicação em livro deste trabalho, só agora descobri a oportunidade de o ler e fi-lo com gosto. A abrir, o prefácio de Amaro Neves é deveras elucidativo, pelas informações que nos oferece e pelos motivos que suscita. Desde logo, pela recordações que nos levam até ao autor, um aveirense que se deu a Aveiro e suas gentes de alma e coração, com o seu envolvimento em inúmeras instituições dos mais variados objetivos.
Amaro Neves, também ele um historiador de reconhecidos méritos, dirigiu na altura palavras de estímulo aos novos estudiosos para que, "levados pelo amor de Aveiro", sigam o exemplo de António Christo. Julgo que, tal como em 1889, as palavras de Amaro Neves se mantêm atuais.
Desta leitura retiro ainda a ideia de que as comunidades esquecem depressa os que mais a elas se entregam e por elas lutam. Quero com isto dizer que não faltam políticos que são recordados como gente grande e digna de destaque nas praças públicas, porventura com razão. Outros, que não navegam nessas águas, caem facilmente no esquecimento.
A obra apresenta-se bem ilustrada. É natural que a edição esteja esgotada, mas se puderem lê-la, verão que vale a pena. Como curiosidade, oferece ainda a autobiografia do autor, de leitura muito saborosa.
FM