domingo, 30 de outubro de 2011

Uma reflexão para este domingo



VÓS SOIS TODOS IRMÃOS
Georgino Rocha

A prova está feita e a conversa acabou. Os diálogos não resultaram. A tensão era crescente. E a provocação que os desafios colocavam acaba por alcançar o seu objectivo: a eliminação do Nazareno era inevitável. Jesus sabia-o perfeitamente. Por isso, abre o seu coração e desabafa com os discípulos e a multidão. Diz coisas tremendas dos responsáveis do templo e dos mestres do povo, coisas que a comunidade de Mateus certamente avoluma, anos mais tarde quando o confronto adquire novos contornos.
Jesus reconhece a autoridade dos letrados escribas e fariseus no conhecimento da lei. E aconselha a que sejam escutados nos seus ensinamentos, a que sejam considerados pelo que dizem como mestres que se sentam na cátedra de Moisés. Com efeito, gozavam oficialmente, de grande sabedoria e de enorme prestígio e influência, pois sentar-se nesta cadeira era tomar parte na missão de quem, em nome de Deus, dera os mandamentos da aliança ao povo. Grande conselho que Jesus dá: apreciar quem sabe, reconhecer a fonte da autoridade, estar atento ao modo como esta é exercida. A ignorância, o menosprezo, a indiferença, e tantas outras atitudes que ainda hoje se verificam, não espelham o melhor da nossa humanidade e vão cavando o fosso da insociabilidade.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 261


DE BICICLETA ... ADMIRANDO A PAISAGEM – 44 



A BICICLETA DOS RECADOS 

Caríssima/o:

Ora bem!...
Será que, apesar de maletas laterais a abarrotar, porta-bagagem ocupado, quadro com pesadinho saco de batatas, ainda haja espaço para mais algum recado? 
Segundo Manuel Alegre há sempre a novidade de um renovado recado!

«Bicicleta de Recados

Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Pedalo nas palavras atravesso as cidades
bato às portas das casas e vêm homens espantados
ouvir o meu recado ouvir minha canção.
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Vem gente para a rua a ver a novidade
como se fosse a chegada
do João que foi à Índia
e era o moço mais galante
que havia nas redondezas.
Eu não sou o João que foi à Índia
mas trago todos os soldados que partiram
e as cartas que não escreveram
e as saudades que tiveram
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.

Desde o Minho ao Algarve
eu vou pelos caminhos.
E vêm homens perguntar se houve milagre
perguntam pela chuva que já tarda
perguntam pelos filhos que foram à guerra
perguntam pelo sol perguntam pela vida
e vêm homens espantados às janelas
ouvir o meu recado ouvir minha canção.

Porque eu trago notícias de todos os filhos
eu trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos
e um cesto carregado de vindima
eu trago a vida
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.

Manuel Alegre»


Manuel

sábado, 29 de outubro de 2011

Deus não pode ser objecto de provas científicas


"O ÚLTIMO SEGREDO" (1)
Anselmo Borges

Coube-me, a pedido da Gradiva, apresentar O Último Segredo, de José Rodrigues dos Santos. No sábado passado, na Sociedade de Geografia, com mais de 500 pessoas presentes. O que aí fica é a primeira parte de uma breve síntese do que aí disse.

1. Vamos supor que se descobriram os restos mortais de Jesus Cristo num túmulo de família. Agora, a partir do seu ADN, como não tentar cloná-lo, se ainda por cima o projecto for no sentido de o Jesus clonado instaurar a paz no mundo? Arranje-se uma intriga, com assassinatos pelo meio, dentro de um thriller, a partir dos interesses de uns em levar a ideia por diante e a perseguição de outros, que têm medo da sua concretização por motivos diversos, e temos material para uma história de enredo apelativo. Se, no meio da intriga, se vão descobrindo alegadas "fraudes" na Bíblia e se anuncia "a verdadeira identidade de Jesus", temos os ingredientes para o sucesso. Mesmo se o tema da clonagem de Cristo não é original, pois já há tempos apareceu um romance com esse tema.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Em Assis: Paz, culturas e religiões



Os crentes e os que procuram
Rui Jorge Martins 

O Papa Bento XVI viajou hoje de comboio do Vaticano até Assis para um encontro que reuniu cerca de três centenas de responsáveis de mais de 150 religiões e tradições religiosas. 
A iniciativa, que decorreu sob o lema “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz”, assinalou o 25.º aniversário do encontro inter-religioso que João Paulo II promoveu também na cidade italiana. 
Na parte final da sua intervenção, Bento XVI falou das pessoas que procuram Deus e da sua relação com os crentes. 
«[Existem] no mundo do agnosticismo em expansão (...) pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. 
Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele. São “peregrinos da verdade, peregrinos da paz” (...). 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Painéis cerâmicos: Gafanhões na diáspora

(Clicar na imagem para ampliar)

Aqui fica um painel cerâmico muito expressivo e realista. Como dá a entender, trata-se de uma família da Rua São João de Brito, na Gafanha da Nazaré, com ligações internacionais, o que prova à evidência como os gafanhões, à semelhança de muitos outros portugueses, certamente, andam espalhados pelo mundo, com as suas devoções. Ao lado da informação e pedido, estão as imagens do Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora de Fátima com os pastorinhos.

Se não formos capazes de ser inteligentes e colaboradores, a crise será cada vez maior


Clamor dos pobres numa sociedade de ricos? 
António Marcelino 

«A situação económica é grave, muitas pessoas, por vezes as mais débeis, estão fortemente atingidas, a classe média, que antes vivia com um certo desafogo, embora com regras, encontra-se em derrapagem. Os problemas multiplicam-se, tanto mais quando não se enfrentam em conjunto. Quem tem de decidir encontra-se ante forças antagónicas que ou apoiam ou nada encontram de válido nas decisões anunciadas ou tomadas.» 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

POPULAÇÃO PORTUGUESA VIVE SITUAÇÃO DE POBREZA

Vasco Lagarto, Ana Margarida, Jorge Ferreira, Maria José Santana,
 Luís Loureiro, Rogério Cação, João Seabra e Sandra Araújo

“O papel da comunicação social na criação de representações, atitudes e comportamentos face à pobreza e exclusão social” foi tema de debate, ontem, no salão nobre da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, promovido pela EAPN Portugal – Rede Europeia Anti-Pobreza. A ação foi organizada em parceria com a Amnistia Internacional e com o Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações do ISEG, no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que ocorreu no passado dia 17 deste mês. Na mesa redonda, moderada por Sandra Araújo, diretora executiva da EAPN, participaram Ana Margarida Almeida (Universidade de Aveiro), João Seabra (ligado a cidadãos em situação de vulnerabilidade social), Jorge Pires Ferreira (Correio do Vouga), Luís Miguel Loureiro (RTP), Maria José Santana (Diário de Aveiro), Rogério Cação (FENACERCI) e Vasco Lagarto (Rádio Terra Nova). 
Esta iniciativa teve como objetivos contribuir para a informação e sensibilização do público em geral sobre a natureza dos fenómenos da pobreza e da exclusão social, destinando-se a profissionais e voluntários que desenvolvem a sua atividade junto das comunidades locais, bem como da comunicação social e da população em geral. 


Quase metade da população portuguesa vive em situação de pobreza e essa realidade tende a aumentar nos próximos cinco anos, revelou Sandra Araújo, citando um estudo com data de 2009 sobre a perceção da pobreza em Portugal. E sublinhou que o inquérito não se enganou, como hoje está provado, sendo as causas atribuídas ao Governo, ao Estado e à UE. Curiosamente, os inquiridos não se autorresponsabilizaram pela pobreza no nosso país.
Considerando que se apontaram como fatores desta situação a falta de água, luz e quarto de banho em suas casas, quando é certo que o conceito de pobreza diverge de país para país e de continente para continente, foi realçado que cabe à comunicação social (CS) a denúncia daquelas realidades, fundamental na luta pela erradicação da pobreza, na certeza de que todos temos, referiu Sandra Araújo, de nos assumir como atores estratégicos nessa luta, até porque «é possível fazer muito com pouco dinheiro». 
Vasco Lagarto defendeu a ideia de que a questão em análise não deve ser abordada apenas pela aposta na erradicação da pobreza, mas sim pela criação da riqueza, tendo em consideração que se não pode repartir o que não há. Afirmou que «a ajuda que está a chegar a África mata a criatividade e impede o crescimento». Adiantou a moderadora que «crescimento económico não significa menos pobreza». 

Por sua vez, Rogério Cação disse que é urgente «distribuir melhor a riqueza que temos» e salientou que somos, realmente, «uma sociedade geradora de desigualdades, porque não vivemos numa sociedade em que a regra seja a igualdade». Denunciou que «há negócios à volta da pobreza» e referiu que «não é pobre quem quer», frisando que «a riqueza não é hereditária, mas que se herda». 
Luís Loureiro esclareceu que os media tornam visível o que existe no espaço público, mas logo afirmou que «há tanta luz no espaço visível que até já nem vemos nada». Denunciou «a batalha» que existe entre os diversos órgãos da comunicação social (OCS) que espalham ideias, tornando-se urgente fazer mais «alguma coisa»; se não se faz mais, é porque na CS «tempo é dinheiro». 
Jorge Pires Ferreira denunciou que a TV reproduz o que «durante o dia vem nos jornais», duvidando da influência que as televisões exercem sobre as pessoas. Referiu a necessidade de se «apresentarem casos positivos» e divulgarem «boas ideias». 
Maria José Santana considerou as limitações de tempo e de espaço em alguma CS, enquanto pediu mais «diálogo entre mediadores sociais», diálogo «nem sempre fácil». E para João Seabra, o papel dos media é preponderante na luta contra a pobreza. Adiantou, nessa linha, que o trabalho rápido que é feito pelos OCS «nem sempre é correto», o que contribui para «influenciar negativamente a opinião pública». 
Ana Margarida Almeida disse que o papel da CS «num futuro próximo pode ser radicalmente diferente», já que as gerações que estão a caminho «terão comportamentos também radicalmente diferentes». Adiantou que os efeitos da CS nas populações «não se podem medir em dois ou três anos», havendo «défice na formação da pessoa humana» a vários níveis. 
Sandra Araújo frisou ainda que o combate à pobreza não pode apoiar-se «só a partir da ação mais assistencialista e mais caritativa», sendo imperioso «dar condições às pessoas para a participação [na construção do seu futuro] sem as formatarmos». E partindo do princípio de que os media «não mudam nada», admitiu que «podem influenciar». 
Para Vasco Lagarto, «ganhámos liberdade [com o 25 de Abril], mas não perdemos a dependência do Estado». E para Jorge Ferreira, os órgãos de CS «são servidores da sociedade, mas não podem preocupar-se apenas com a erradicação da pobreza». 

Fernando Martins 

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue