Manifestação em Lisboa
A perplexidade apoderou-se dos portugueses, sobretudo dos
que costumam pagar impostos e da chamada classe média. Estamos, pelo que posso prever, num futuro sem
saída a curto e médio prazo. Esperam-nos, por consequência, dificuldades
enormes, com dramas garantidos pelo desemprego em crescendo. A Troika, a
defensora intransigente do poder económico que manda no mundo, atirando a
política para o tapete, ainda não resolveu, com todas as suas exigências,
qualquer problema de qualquer Estado. A Grécia, como está à vista de todos,
anda pelas ruas da amargura, como barata tonta, à procura de uma saída digna
para o equilíbrio das finanças e da economia. Portugal, por este andar, estará
na calha para lhe seguir os mesmos passos.
Há anos, Jorge Sampaio lembrou e bem que «há vida para além
do défice». Também julgo que sim, porque há milhões de pessoas no nosso país
que têm vivido de magríssimos salários, de empregos irregulares e incertos, da
esmola recebida com vergonha de familiares e amigos. O caminho para que esta
situação se multiplique está a aumentar a olhos vistos.
Não tenho na manga a solução para os problemas que nos estão
a afetar. Nem vejo, infelizmente, na classe política, económica e financeira
quem tenha ideias inovadores capazes de nos livrar do buraco em que estamos
metidos. Houve, é certo, décadas de esbanjamento, de obras inúteis, de
derrapagens monstruosas nas empreitadas públicas, tudo pela incompetência dos
nossos políticos, dos nossos técnicos, dos nossos empresários e dos corruptos
da nossa velha nação.