O meu amigo Zé tem tido um medo terrível das modernices dos computadores e da Net, sem razão lógica. Ele, que anda sempre na luta, há anos, pelo progresso social, cultural, político e económico… receia enfrentar coisas tão simples. Nem parece de um progressista!
Mas a história da nossa terra e das suas gentes está desde sempre nas suas preocupações, porque acredita que o exemplo de tenacidade dos nossos antepassados pode servir para nos estimular nos trabalhos de construção de um futuro mais fraterno e mais justo para todos.
Um dia destes teve o bom gosto de me enviar umas considerações sobre Leprosos, Gafaria, Galafanha, Gadanhar. E contou uma história que aqui transcrevo, das suas andanças pela Europa, onde contacta com gafanhões e outras gentes. Diz ele que participou num casamento, numa igreja de aldeia, onde foi levado por uma amizade antiga. Só não sei é se ele rezou pela felicidade dos noivos, mas julgo que sim. Mesmo que ele negue, por se declarar alheio a orações, estou convicto de que rezou. Alguém acredita que o meu amigo Zé já esqueceu o Pai-Nosso aprendido na infância?
Aqui fica a história:
«Leprosos? Gafaria?
Galafanha? Talvez.
Gadanhar? Por que não?
Mas já agora uma pequena história que me veio à lembrança, e que não posso deixar de juntar para aumento das dúvidas que nos assaltam!
Há 40 anos, fui a um casamento no Norte de Itália, na região do Friul.
A terra onde fui chama-se Nogaredo di Corno.
No dia em que chegámos, diz-me o noivo:
— Vais ter uma surpresa que nem te passa pela cabeça.
Já agora posso-te dizer que o noivo, embora a viver fora desta terra, praticamente desde o nascimento, continua a ser um gafanhão de corpo inteiro.
Nasceu na casa do Ti Torres, quase em frente à casa do Humberto. E embora naturalizado francês faz sempre questão de afirmar que é gafanhão e que jamais deixará de o ser.
Casou com uma italiana, na igreja lá da aldeia, e no fim diz-me:
— Agora é que vais saber.
A boda era numa outra aldeia, perto do Adriático, e lá fomos.
Ao chegarmos à aldeia onde ia ser feita a boda, estava o melro aos saltos em frente à placa que assinalava o nome da terra.
Claro que parei e, surpresa minha: A Terra chamava-se FAGANHA.
Claro que fiquei emocionado, e pensei: Queres ver que o nome da minha terra tem alguma coisa e ver com esta gente marinheira?
Meu caro, de vez em quando lá venho vigiar o teu Blogue (nem sei se é assim que se escreve, porque ainda não me adaptei a estas modernices), e lembrar que, apesar da tua proveta idade, ainda continuas vivo. (continuamos).
Já agora só uma achega: A mãe da noiva fez agora, no dia 5 de Setembro, 106 anos e nunca foi a um Hospital.
Tenho a impressão que se esqueceu de morrer.
José Alberto»