domingo, 7 de fevereiro de 2010

Efeméride: Para lembrar Sebastião da Gama, no dia da sua morte



Poesia depois da chuva

Depois da chuva o Sol - a raça.
Oh! a terra molhada iluminada!
E os regos de água atravessando a praça
- luz a fluir, num fluir imperceptível quase.

Canta, contente, um pássaro qualquer.
Logo a seguir, nos ramos nus, esvoaça.
O fundo é branco - cai fresquinha no casario da praça.
Guizos, rodas rodando, vozes claras no ar.

Tão alegre este Sol! Há Deus. (Tivera-O eu negado
antes do Sol, não duvidava agora.)
Ó Tarde virgem, Senhora Aparecida! Ó Tarde igual
às manhãs do princípio!

E tu passaste, flor dos olhos pretos que eu admiro.
Grácil, tão grácil!... Pura imagem da tarde...
Flor levada nas águas, mansamente...

(Fluida a luz, num fluir imperceptível quase...)

Sebastião da Gama

Gafanha da Nazaré: Tomada de posse de dirigentes da comunidade

Em tempo de dificuldades
é preciso dar primazia ao que é positivo


Padre Francisco Melo

Os membros do CEP (Conselho Económico e Pastoral) e os corpos gerentes da Fundação Prior Sardo e do Centro Social e Paroquial da Gafanha da Nazaré tomaram posse hoje, domingo, na missa das 11.15 horas, presidida pelo Prior, Padre Francisco Melo. Associaram-se os presidentes da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, e da Junta de Freguesia, Manuel Serra. Depois da celebração, todos participaram num almoço, no Centro Comunitário, preparado por um grupo de voluntários.

É preciso testemunhar uma Igreja
organizada, aberta e inclusiva

Nas palavras que dirigiu aos empossados, o Prior Francisco Melo lembrou a necessidade de todos testemunharem na vida “uma Igreja organizada, aberta e inclusiva, comprometida na missão de Cristo e consciente de que os bens que possuímos se destinam a fazer cristãos e a partilhar”. Referiu a urgência de experimentarmos no dia-a-dia “a Igreja da caridade”, capaz de levar à prática a disponibilidade, o que permitirá tornar efectiva “a solidariedade e a fraternidade”.
“O mundo que nos é dado viver parece cheio de incertezas económicas, sociais, religiosas e culturais”, frisou o Padre Francisco. E acrescentou: “O homem pós-moderno e superdesenvolvido e a nossa sociedade em concreto parecem trilhar caminhos em que não conseguimos vislumbrar em que portos iremos atracar: se o da vida ou da destruição.”



Hugo Coelho
Universidade Sénior
para os que gostam de aprender

Hugo Coelho, presidente da Fundação Prior Sardo, afirmou que a instituição que dirige “é de todos nós” e que nasceu para ajudar os mais necessitados, apostando, por isso, em projectos cujos horizontes indicam “perspectivas de futuro”. Salientou a acção das equipas e técnicos para o projecto da prevenção  da toxicodependência, tido como  o melhor a nível distrital, e considerou uma mais-valia a recente criação da Universidade Sénior, “para os que gostam de aprender”, envolvendo 90 pessoas. Adiantou que a Fundação não existe só para apoios sociais, pois se empenha na defesa dos valores, enquanto dá muita importância às parcerias. “Qualquer instituição, para crescer, tem de estar acompanhada”, disse.

Bento Domingues no PÚBLICO de hoje: Uma inesgotável escola de espiritualidade


(Clicar na imagem para ampliar)

Os meus livros antigos: Cartas Familiares e Bilhetes de Paris, de Eça de Queiroz


Este livro, editado pela Livraria Chardron de Lélo & Irmão, do Porto, em 1922, faz parte da colecção Obras de Eça de Queiroz. Esta é a quarta edição. É curioso verificar como ao reler este livro sentimos como o grande escritor continua tão próximo do nosso tempo, pela acutilância e oportunidade dos temas abordados.

Ânimo revigorado e obediência pronta e generosa.


EXCELENTE TRABALHO

Por Georgino Rocha


Paulo classifica como excelente o seu trabalho. Pelo modo como o realiza, mas sobretudo pela graça de Deus que, por meio dele, vai agindo. Primeiro, transforma-o radicalmente. De perseguidor fanático, fá-lo apóstolo inexcedível de criatividade missionária. Depois, de observante fiel, converte-o em testemunha qualificada da ressurreição de Jesus Cristo. A ele que se considera como “o abortivo”, um ser humano incompleto e desfigurado.
A esta acção de Deus, corresponde Paulo com uma disponibilidade total, uma atenção absoluta, uma obediência pronta e fiel.
Outras pessoas seguem o mesmo exemplo e podem dar testemunho semelhante. É o caso – evocado hoje pelas leituras da celebração - de Isaías, de Jesus e de Pedro.
Trabalho excelente o de Isaías que se reconhece um pecador, a quem o enviado de Deus liberta da culpa e prepara para ser profeta em favor de todo o povo. E que grande missão desempenha este homem que vive no século VIII, antes de Cristo!

Poesia de Eugénio Beirão para este domingo



Vou partir

Vou partir,
montanha além.
Levo nos olhos
o fulgor do mar
e, no corpo cansado,
o sabor agridoce
da chuva
inesperada:
memória
adormecida,
sem palavras,
sem nada.

Eugénio Beirão
In Os Dias Férteis

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 170

PELO QUINTAL ALÉM – 7



A FIGUEIRA DA ÍNDIA
A
meu Pai

Caríssima/o:


a. Discreta presença, arrumada num canto muito sombrio, debaixo de ramada de videira americana, a nossa figueira-da-índia não tem ido muito longe; figos nem vê-los... Se ainda está viva e a ocupar espaço deve-o à grata memória que uma sua antepassada me deixou e à esperança de poder reproduzi-la em lugar mais solarengo ...

e. Nos longínquos idos de quarenta do século passado, tosse convulsa arreliadora se apoderou do meu dorido peito. Médicos? Medicamentos da farmácia? Privilégio de poucos...

Não sei onde meu Pai bebeu a informação mas, chegado a casa, foi-se à figueira da índia, cortou-lhe uma palma. Na cozinha, para uma bacia, cortou-a às rodelas que foi sobrepondo alternadamente com camadas de açúcar amarelo. No dia seguinte de manhã:
- Anda, filho, toma para te arrancar essa tosse de cão...
Desconfiado, abri a boca e sorvi o xarope que me fez esquecer o rufar do peito!...
A tosseira foi diminuindo... e ficou a vontade de renovar a colherada do tal xarope que entretanto se extinguiu...

Não sei que aconteceu a esta benfazeja piteira; certamente a sua sorte não foi diferente de umas tantas que que por aí vegetavam e nos ofereciam os figos em troca de umas valentes picadelas!... Teimávamos arrancá-los com os dedos desprotegidos...

i. A Figueira-da-Índia é um cacto lenhoso vivaz, originário da América Central. Em Portugal é subespontânea e é cultivado em jardins e para a formação de sebes artificiais no Alto Douro, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Algarve, Madeira e Açores.

O fruto é comestível, mas deve ser consumido com moderação, para evitar a diarreia.