quarta-feira, 25 de março de 2009

MOINHOS ABERTOS em 4 de Abril

No dia 4 de Abril, um Sábado, no âmbito do Dia Nacional dos Moinhos, que se assinala a 7 de Abril, terá lugar o Dia dos Moinhos Abertos de Portugal, iniciativa organizada pela Rede Portuguesa de Moinhos, com o apoio da TIMS, Sociedade Internacional de Molinologia. Pretende-se chamar a atenção dos Portugueses para o inestimável valor patrimonial dos nossos moinhos tradicionais, de forma a motivar e coordenar vontades e esforços de proprietários, moleiros, organizações associativas, autarquias locais, museus, investigadores, molinólogos, entusiastas, amigos dos moinhos e população em geral.

AVEIRO: Feira de Março abriu hoje

(Foto do meu arquivo)
Segundo reza a história, a Feira de Março terá nascido por decreto régio de D. Duarte, no ano de 1434. Outros sugerem que a feira franca, que esteve na origem da actual Feira de Março, surgiu antes dessa data. Mons. João Gaspar, no seu mais recente livro, “AVEIRO – Recordando Efemérides”, aceita aquele ano e até adianta o dia 27 de Fevereiro. E acrescenta: “El-Rei D. Duarte, julgando ser do seu serviço e para bem do Reino e com o propósito de engrandecimento de Aveiro, nesta data deu «poder e licença» ao infante D. Pedro, seu irmão, que mandasse «fazer e se faça daqui em diante em cada hum ano na sua uila dAveiro e no mês de Maio huma feira franqueada, a qual se fará por esta guisa começar-se no primeiro dia do dito mês e durará até ao dia de São Miguel seguinte, que são outo dias.” Sublinha a seguir que “desde cedo foi transferida para os últimos sete dias de Março.” Depois destas curtas notas históricas, penso que vale a pena salientar que a Feira de Março está, de facto, no nosso imaginário. Quem há por aí que a não tenha visitado, nem que seja a correr, como quem cumpre, religiosamente, uma obrigação anual. Eu também lá costumo ir, nem que seja de fugida. Olho a animação, aprecio as quinquilharias, dou uma volta pelas indústrias ali representadas, com inovações, vejo a criançada a divertir-se nos carrosséis, como uma fartura (ou duas, se me deixarem) e regresso a casa com a sensação do dever cumprido. FM

O fio do tempo

Dizer Angola
1. «Quem vai para Luanda vai para a fortuna, quem procura qualidade de vida vai para a província» (Visão, 12-03-09: 58), afirma sem receios um dos 100 mil emigrantes portugueses que recentemente partiram rumo a Angola. A nova terra de oportunidades está na moda, mas as buscas ansiosas das fortunas também poderão ser traiçoeiras quanto indignas, pois continuadoras de desigualdades que importa diluir. A terra da promessa está na ordem do dia, facto acelerado pela generalizada crise global e europeia (a que Portugal não foge), sendo a língua e a cultura pontes privilegiadas. De quem conhece os terrenos angolanos, o desenvolvimento floresce a cada dia, mas sendo certo que uma coisa é a capital e outra é a realidade do interior.

Velhinha sem hipóteses para atravessar a rua

A velhinha ali estava na ponte-praça à hora de ponta fazendo tentativas após tentativas para atravessar. Estava no lugar que lhe pertencia, na passadeira. O trânsito, intenso como habitualmente, não lhe dava oportunidades. Dum lado e doutro, cada automobilista pensava só em si e nada nos outros. A cada tentativa, logo os estridentes apitos a avisavam de que ela não tinha hipóteses. Que esperasse, talvez pensassem os apressados condutores. Enervei-me e fui dar uma ajuda. Quase exigi, qual sinaleiro, que houvesse respeito pelos que não podem passar a correr, como qualquer de nós, mais jovens ou de pernas mais lestas. Todos reconhecemos que vivemos uma época de pressas, de correrias, de e para o trabalho, para os encontros com horas marcadas, para o aconchego da família após muitas horas de trabalho. Mas que isso se faça com muito respeito, sobretudo pelos mais idosos. Será que ainda não viram aquele anúncio da TV, em que o automobilista pára, solícito, para deixar passar o idoso, trôpego, ao encontro de sua esposa? E nunca repararam como eles, de sorriso agradecido, se dirigiam a quem parou e foi simpático?
Fernando Martins
In TIMONEIRO, Fevereiro de 1989

terça-feira, 24 de março de 2009

O FIO DO TEMPO

Fermentar Esperança
1. Uma boa parte dos diagnósticos está feita. O caminho que conduziu à crise (financeira, económica, social…) de sociedade actual vai-se descortinando do amplo novelo de redes que tudo liga. A tendência humana com facilidade esvai-se mais para o discursivo que para o ser pró-activo do compromisso histórico de todos. Dos dinamismos mais impressionantes que pode resgatar do pessimismo é a esperança; mas esta não existe por si, tem raízes profundas que escapam às fórmulas e às coisas utilitárias. O tempo de primavera comunica-nos esse imperativo do melhor para o futuro, renovação da natureza que reflecte uma lei de novidade infinita que tudo envolve.
Alexandre Cruz
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Delmar Conde vence Regional de Cruzeiros

Mike Davis/Porto de Aveiro, de Delmar Conde, vence Regional de Cruzeiros. Esta embarcação aveirense, em representação da Associação Náutica da Torreira, não deu hipóteses à concorrência e conquistou mais um troféu, aproveitando as excelentes condições climatéricas que se fizeram sentir durantes as três regatas que pontuaram para o Troféu Milaneza - Campeonato Regional de Cruzeiros, no campo de regatas de Leixões. O número de barcos superou todas as expectativas, o mesmo valendo para a qualidade competitiva das tripulações. No cômputo final, e para a Classe ANC, a vitória coube ao DC1200 Mike Davis/Porto de Aveiro, de Delmar Conde, seguido do Gindungo de António Alegre com o Cocoloco de Rui Ferreira a fechar o pódio.

O Papa dos clichés

A primeira viagem de Bento XVI gerava, logicamente, uma grande expectativa. Era uma ocasião histórica que chegava num momento em que o Papa se via debaixo de duras críticas no Ocidente. Já escrevi anteriormente que o actual Papa não é facilmente decifrável pela comunicação social, ainda que admita que a relação não funciona bem por falhas de parte a parte. Mais uma vez, contudo, foi visível que Bento XVI está condenado a ser julgado, quase em permanência, na base de uma série de clichés: conservador, duro, retrógrado, eurocentrista, etc. É verdade que boa parte da imprensa deste lado do mundo ficou presa no "caso" do preservativo. Também é verdade, contudo, que a viagem foi muito, muito mais do que essa resposta, ainda a bordo do avião, e seis dias em solo africano merecem uma abordagem bem maior. Diria, antes de mais, que a ideia de fundo que se aplica a todas as matérias abordadas é sempre a mesma: se os africanos não assumirem as suas responsabilidades, não se sentirem protagonistas, não são ajudas vindas de fora que irão resolver o problema. Mais surpreendentes ainda do que as reacções às considerações do Papa sobre o uso do preservativo no combate à SIDA - sente-se em muitos meios uma estranha necessidade de criticar Bento XVI - foram as avaliações que menorizavam as intervenções papais em solo africano. Não sendo o seu território preferido, o actual Papa pareceu bem preparado em relação ao que iria encontrar em África - onde as pessoas fizeram questão de mostrar que gostam dele - e há questões que dificilmente fazem parte de uma perspectiva "europeísta" do mundo: guerras civis, pobreza, tribalismo e rivalidades étnicas, má governação, corrupção e violação de direitos humanos, desigualdade entre sexos e marginalização das mulheres, práticas desumanas e exploração dos recursos naturais por uma globalização injusta. Para o Papa, África deve reencontrar o seu lugar mundo e ser, no século XXI, um farol para a Igreja e para toda a humanidade. "Reconciliação, justiça e paz" são as palavras que serviram de fio condutor da viagem e servem como uma espécie de "até já" para o II Sínodo dos Bispos africanos, que decorrerá em Outubro, no Vaticano, precisamente sobre esses temas. Uma palavra final para Angola. Ao escolher visitar esta Igreja lusófona, saída de décadas de guerras terrivelmente destrutivas, o Papa quis mostrar ao resto do continente qual é o caminho que está destinado aos católicos nos vários processos de reconstrução que o fim das ilusões criadas pela independência gerou em África. Octávio Carmo