terça-feira, 27 de janeiro de 2009

AVEIRO: História do CETA

50 anos ao serviço do teatro e da cultura
O CETA (Círculo Experimental de Teatro de Aveiro) apresenta uma “Exposição Retrospectiva da Sua História” no Teatro Aveirense, que decorrerá até 15 de Fevereiro. Desta forma dá início às comemorações do seu quinquagésimo aniversário. No dia 7 de Fevereiro, data oficial do seu aniversário, entre outras actividades, haverá um debate sobre a História do CETA e a sua importância como pólo de dinamização cultural, social e política para a nossa cidade, que decorrerá no salão nobre do Teatro Aveirense, às 18h30m. A exposição pode ser visitada de terça a sábado, entre as 13 e as 20h.

Consagradas e Consagrados por amor

Num mundo transtornado por tantas razões, as sérias e também as fúteis, vale a pena saber que há gente com coração largo. Quando pouco ou nada vemos à nossa volta, vale a pena saber que há mulheres e homens que enxergam a esperança, mesmo de olhos fechados. Quando não se calam as vozes que anunciam mais amarras, vale a pena saber que há pessoas que dão uso ao ouvido do coração, abrindo um porto seguro. A vida consagrada é hoje um esteio de humanidade. Para todos, mesmo os nãos crentes. Para a Igreja continua a ser, como sempre foi, aquele tesouro frágil que tanto mais a enriquece, quanto não lhe pertence a iniciativa do dom, sempre da Graça. Para uma sociedade cada vez mais secularizada, entre o incompreensível e o admirável, ela avulta como sinal de radicalidade, profundamente questionador das entregas e dos sonhos. Para uns e outros, percebendo-o ou não, a vida consagrada torna visível um amor encarnado, um amor louco de entrega, um amor chamado à glória pelo caminho da cruz. As religiosas e os religiosos que conhecemos, que não conhecemos, de quem ouvimos falar, ou que nos passam pela existência com a discrição de quem se apaga para servir, dão do ser cristão no mundo de hoje um testemunho único. E como seria diferente o mundo que conhecemos sem eles. Mais pobre, sem dúvida, talvez mesmo mais brutal ainda, de qualquer modo menos atraente. O amor destas mulheres e destes homens, tantas vezes provado, há-de sempre fazer lembrar, aos mais despertos e também aos outros, que a vida entretecida na gratuidade e no dom é por Deus abençoada com fecundas realizações. Que a Igreja estime com particular afecto aquelas e aqueles que lhe mostram o amor de Jesus com os traços da autêntica caridade fraterna, não parece de estranhar. Que também cada um de nós o faça com genuína alegria de coração é caminho a fazer todos os dias. João Soalheiro

GAFANHA: Coisas de antigamente – 1

"O povo que se instalou na Gafanha era gente pobre. Foi no século XVII que os primeiros, como caseiros, começaram a agricultar estes areais. Acossados certamente pela fome, no dizer do Padre João Vieira Rezende, procuraram melhores condições de vida. As areias não os assustaram, já que a elas andavam de certo modo habituados. A instalação não deve ter sido difícil. 
Era gente não muito exigente e com grande capacidade de sacrifício e de adaptação. As casas de habitação eram modestíssimas. De madeira ou de barro amassado com felga, limitar-se-iam à cozinha e a um ou outro compartimento que servia de quarto de dormir. As camas seriam esteiras ou pobres enxergas estendidas sobre bicas ou junco. 
Outras divisões e comodidades só muito mais tarde. Mas deixemos hoje estas coisas, aliás curiosas, e falemos da agricultura dos gafanhões dos fins do século XIX. Dos outros pouco reza a história.Terra para cavar não lhes faltava e vontade de a fazer produzir também não. 
A ria logo os atraiu, não tanto para a aventura da pesca, mas para o aproveitamento do que ela de mão beijada lhes oferecia: o moliço. Rapado na borda por ancinhos de dentes de madeira, lá ia curtir nos areais à espera da hora das sementeiras."

Leia o texto completo em Galafanha 

Fernando Martins

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Um livro de João Lobo Antunes

O Eco Silencioso
João Lobo Antunes, conhecido neurocirurgião e professor catedrático da Faculdade de Medicina de Lisboa, publicou em Novembro passado mais um livro de ensaios, O Eco Silencioso, que vem na sequência de Um Modo de Ser, Numa Cidade Feliz, Memória de Nova Iorque e Sobre a Mão e Outros Ensaios, merece ser lido e meditado. Irmão de outros médicos e também escritores, António Lobo Antunes e Nuno Lobo Antunes, este novo livro, lido e apreciado por um homem comum, como sou eu, revela o talento multifacetado do seu autor, que o leva a escrever sobre os mais variados assuntos. Mas não se vá supor que escreve por escrever, já que tudo o que afirma está imbuído de uma cultura exuberante. Lê-se na Introdução que escreveu estes textos porque “teve gosto em fazê-lo”, tendo-os publicado porque teve “vontade de os partilhar”. Razão por que não podemos deixar de aceitar a oferta. Ao ler Eco Silencioso, temos acesso a um conjunto de informações científicas que doutra forma ficariam de posse apenas de gente da ciência, mas também é verdade que João Lobo Antunes nos conduz, para quem o quiser e puder seguir, na senda de temas mais acessíveis, que merecem, contudo, ser reflectidos com elevação e interesse, pois que se trata de um professor e médico que assume, em pleno, a vivência da cidadania. Também revela quanto a sua formação cultural e humanista nasceu no seio da própria família, mostrando, aqui e ali, como seu pai, médico próximo de Egas Moniz, sabia incutir nos filhos o gosto pelas artes e pela ética. Questões sobre a vida e a morte, sobre as relações entre médicos e doentes, críticas a livros e homenagens a artistas e a colegas, neles incluído o irmão António, mais o seu relacionamento com o mundo da cultura, nomeadamente, da poesia, do romance, da pintura, da música e até da religião, bem como a evocação de mestres que o marcaram, de tudo um pouco podemos encontrar na caminhada de João Lobo Antunes, prosseguida com uma serenidade que só nos faz bem, se o soubermos imitar.
Fernando Martins

Alameda Prior Sardo


Figura preponderante 
na construção da Gafanha da Nazaré 


A Alameda Prior Sardo é uma justa homenagem ao primeiro gafanhão que concluiu um curso superior e que desempenhou, nesta sua e nossa terra, um papel relevante a nível religioso, social, cultural, administrativo e até político. 
Uma alameda é, por definição, em resumo, uma rua ladeada de árvores. Mas, apesar de as árvores não serem assim tão expressivas, lá há-de vir o tempo em que a Alameda Prior Sardo se apresente bem arborizada. 
Quem vai pela Av. José Estêvão, pode entrar na Alameda junto à Pastelaria Gafapão. No seu trajecto, que se estende até à rua Gago Coutinho, o viajante encontra o monumento dedicado ao Mestre Manuel Maria Bolais Mónica e a Escola EB 2,3. 
Não há dúvida de que o Prior Sardo foi figura preponderante na construção da Gafanha da Nazaré, pela sua intervenção multifacetada. Do seu empenho, nasceram a freguesia e a paróquia, em 1910, de que foi seu primeiro pároco. Antes, fora capelão, desde 1902. Lê-se na Monografia da Paróquia, “Gafanha – N.ª S.ª da Nazaré”, que o Prior Sardo “não era alto, mas era forte”. Dotado de “uma força física extraordinária”, era “muito activo” e tinha muita “paciência”. Também se dizia que era muito “genicoso”, a par de grande pregador. “Num sermão, chorava mais do que uma criança”, acrescentava-se. 
Além disso, tinha uma empresa de bacalhau, de que era gerente, e foi político, exercendo o cargo de vice-presidente da Câmara de Ílhavo. Chegou, inclusive, a ser presidente interino, durante dois períodos, como adiante se especifica. E quem hoje circula pela estrada velha que ligava a capela da Chave [primeira matriz] à ponte de Ílhavo, na Gafanha de Aquém, atravessando a que é, presentemente, a Av. José Estêvão, talvez nem saiba que esse melhoramente se deve ao Prior Sardo, obra que reclamou muito antes de exercer o cargo de vice-presidente da autarquia. 
Foi durante o desempenho do cargo de Presidente da Câmara de Ílhavo, lugar que ocupou, interinamente, durante dois períodos (entre 27 de Março de 1909 e 2 de Janeiro de 1910; e entre 4 de Julho de 1910 e 4 de Setembro), que se procedeu ao pagamento das despesas da referida estrada. Depois, dinamizou o processo da construção da igreja Matriz, que foi inaugurada em 1912, tendo falecido em 20 de Dezembro de 1925, com apenas 52 anos de idade. 
Entretanto, o Padre Vieira Rezende, referido noutros contextos, sublinha, na sua “Monografia da Gafanha”, o zelo com que o Prior Sardo desempenhou o seu múnus sacerdotal, transcrevendo uma lapidar informação do nosso primeiro prior: “O asseio que hoje já se nota nas habitações da Gafanha tem alguma coisa de instrutivo. É o resultado das persistentes insinuações da limpeza que eu sempre prego, quer nas homilias, quer no confessionário, e que é em parte complementar do asseio que desejo e quero nas almas.” 


 Fernando Martins

A CRISE

Não sei se já todos os portugueses (para falar apenas de nós) se aperceberam, com realismo, da periclitante (para não dizer dramática) situação económico-financeira que estamos a viver. É certo que toda a gente fala de crise e não faltam os que, com rostos sérios, atiram para o ar propostas com garantias de milagres. Leiam “A solução da bendita crise”. Pode ser que vislumbrem algum optimismo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

SINAL +

Navio-museu Santo André
1. A minha recente visita a uma escola, relatada no meu blogue, por razões sentimentais, levou-me a refletir sobre a contribuição de cada um de nós para valorizar o muito que já se faz com os alunos. Sempre aprendi que a comunidade educativa é constituída por todos os que, direta ou indiretamente, estão ligados à escola, razão por que é obrigação de todos colaborar, quando necessário, na medida das suas possibilidades. Eu sei que não é fácil deixar o nosso comodismo e vencer os nossos receios, quando somos solicitados a dar o nosso contributo. Mas também sei que colaborar não é somente contar histórias ou substituir os professores durante alguns minutos, para se falar de experiências que transcendem as vivências dos docentes. Há imenso a dar à escola e aos alunos, esperando-se, apenas, que se programem os apoios de pais, amigos e instituições diversas, da freguesia ou de fora.
2. Diariamente sou informado, por variadíssimas fontes, de ações de âmbito cultura relevantes na região. Exposições, museus, teatro, concertos, cinema, música, conferências, livros, CDs, DVDs, artes e artesanato, entre muitas outras. Em todas as informações vem o apelo à participação das pessoas, pois que gente culta é sempre, à partida, gente mais livre. É certo que há eventos que apenas se ficam pelas grandes cidades, mas também é verdade que nos concelhos mais recônditos já há, por norma, equipamentos culturais em número mais do que suficiente para as mais variadas iniciativas culturais. Penso, no entanto, que faltam campanhas de sensibilização, capazes de motivar as pessoas. Assunto a ponderar pelos promotores desses eventos.
Fernando Martins
NOTA: Texto em harmonia com o Acordo Ortográfico

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