segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Um livro de João Lobo Antunes

O Eco Silencioso
João Lobo Antunes, conhecido neurocirurgião e professor catedrático da Faculdade de Medicina de Lisboa, publicou em Novembro passado mais um livro de ensaios, O Eco Silencioso, que vem na sequência de Um Modo de Ser, Numa Cidade Feliz, Memória de Nova Iorque e Sobre a Mão e Outros Ensaios, merece ser lido e meditado. Irmão de outros médicos e também escritores, António Lobo Antunes e Nuno Lobo Antunes, este novo livro, lido e apreciado por um homem comum, como sou eu, revela o talento multifacetado do seu autor, que o leva a escrever sobre os mais variados assuntos. Mas não se vá supor que escreve por escrever, já que tudo o que afirma está imbuído de uma cultura exuberante. Lê-se na Introdução que escreveu estes textos porque “teve gosto em fazê-lo”, tendo-os publicado porque teve “vontade de os partilhar”. Razão por que não podemos deixar de aceitar a oferta. Ao ler Eco Silencioso, temos acesso a um conjunto de informações científicas que doutra forma ficariam de posse apenas de gente da ciência, mas também é verdade que João Lobo Antunes nos conduz, para quem o quiser e puder seguir, na senda de temas mais acessíveis, que merecem, contudo, ser reflectidos com elevação e interesse, pois que se trata de um professor e médico que assume, em pleno, a vivência da cidadania. Também revela quanto a sua formação cultural e humanista nasceu no seio da própria família, mostrando, aqui e ali, como seu pai, médico próximo de Egas Moniz, sabia incutir nos filhos o gosto pelas artes e pela ética. Questões sobre a vida e a morte, sobre as relações entre médicos e doentes, críticas a livros e homenagens a artistas e a colegas, neles incluído o irmão António, mais o seu relacionamento com o mundo da cultura, nomeadamente, da poesia, do romance, da pintura, da música e até da religião, bem como a evocação de mestres que o marcaram, de tudo um pouco podemos encontrar na caminhada de João Lobo Antunes, prosseguida com uma serenidade que só nos faz bem, se o soubermos imitar.
Fernando Martins

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