domingo, 14 de dezembro de 2008

Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz - 1 de Janeiro

Combater a pobreza, construir a paz
"Em tal perspectiva, é preciso ter uma visão ampla e articulada da pobreza. Se esta fosse apenas material, para iluminar as suas principais características, seriam suficientes as ciências sociais que nos ajudam a medir os fenómenos baseados sobretudo em dados de tipo quantitativo. Sabemos porém que existem pobrezas imateriais, isto é, que não são consequência directa e automática de carências materiais. Por exemplo, nas sociedades ricas e avançadas, existem fenómenos de marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual: trata-se de pessoas desorientadas interiormente, que, apesar do bem-estar económico, vivem diversas formas de transtorno. Penso, por um lado, no chamado « subdesenvolvimento moral » 2 e, por outro, nas consequências negativas do « superdesenvolvimento ».3 Não esqueço também que muitas vezes, nas sociedades chamadas «pobres», o crescimento económico é entravado por impedimentos culturais, que não permitem uma conveniente utilização dos recursos. Seja como for, não restam dúvidas de que toda a forma de pobreza imposta tem, na sua raiz, a falta de respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana. Quando o homem não é visto na integridade da sua vocação e não se respeitam as exigências duma verdadeira «ecologia humana »,4 desencadeiam-se também as dinâmicas perversas da pobreza, como é evidente em alguns âmbitos sobre os quais passo a deter brevemente a minha atenção."
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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 107

O EXAME DA ADMISSÃO
Caríssima/o: Bem, entramos num assunto muito difícil para as actuais gerações; fazem lá ideia que para continuar na escola para além da quarta classe ou quarto ano era preciso outro exame, não era suficiente o que se tinha feito em Ílhavo! É lá possível?, perguntarão surpresos e com espanto. Mas era assim e muitos de nós, à cautela, fazíamos dois: um ao liceu e outro à escola industrial e comercial. Pois é!..., podia acontecer chumbar num e ficava a possibilidade de continuar os estudos no outro... Quer isto dizer que havia um grupo muito razoável que fazia três exames sobre as mesmas matérias, de princípios de Julho a meados de Agosto! A preparação para este exame, ou exames, era feita pelo Professor da 4.ª classe a pedido dos pais, mediante uma quase simbólica retribuição, e algumas vezes era o próprio Professor que «pedia» aos pais para deixarem que o filho continuasse a estudar, 'que era uma pena, o rapaz ou a rapariga, era bom aluno e esperto... seria bom que fizesse a admissão...', 'mas a vida está difícil; onde vamos arranjar...?', 'não se preocupem com nada, e eu ajudo em tudo o que puder'... E assim foi comigo e com tantos outros que ficámos a dever aos nossos Mestres mais este grande favor de motivarem os nossos Pais e de os convencerem numa época de fome a apertar ainda mais o cinto para que o filho fosse estudar! Bem hajam! Só depois da Páscoa é que começava a preparação a sério... e prosseguia depois do exame da 4.ª, continuando os alunos juntos na Escola da Ti Zefa. As provas tinham um grau de dificuldade mais exigente e o critério de classificação também mais apertado, pelo que a reprovação era encarada com alguma naturalidade e batia a muito boas portas. Na escrita lá estava o famigerado ditado, mas o número de erros permitido era muito menor e a redacção que se fazia na segunda página era como um discurso com um número mínimo de palavras; a aritmética e a geometria também puxavam bem mais pelos conhecimentos e pelas capacidades dos alunos; ainda o desenho não era a brincar... Curiosamente é desta última prova que me recordo com um sorriso de complacência: o meu Professor Salviano até arranjou um espião que foi espreitar qual o modelo e logo ali o esboçou e exemplificou para mim, que visse como era fácil... Não consigo explicar, mas o lado direito do jarro que estava empoleirado até ficou jeitoso com as curvas todas direitas, agora o lado esquerdo... eu inclinava-me para ver se ficava igual ou parecido com a outra metade, mas qual quê, fazia apagava fazia apagava... cansado e qual artista cubista, puxo do lápis e zás! Um traço a direito como que a dizer a quem corrigisse a prova que pelo espelho que era esse traço visse a outra metade! Mas escapei e fui à oral, onde apareceram três senhores doutores que depois conheci muito bem: Rocha, Patrício e Orlando. O do meio, também em Geografia e História, ouviu, ouviu e no fim sai-se: “p'rò ano temos que falar para esclarecer umas coisas!” (sempre a duvidarem do que tinha aprendido no tal quarto!...) Esta oral foi no Liceu Velho, no Zé 'Stêvão, na Praça, numa sala esquisita, com escadas; vim a saber no ano seguinte que era o Anfiteatro! Lá estava o quadro preto onde foi proposto e resolvido um problema com seis operações! Creio que fica bem aqui um aparte: houve no Liceu um professor famoso em Matemática, o Doutor Carneiro; na Escola Industrial não lhe ficava atrás o Doutor Damas. Para verem a capacidade dos alunos pespegavam-lhe com a tabuada dos 11 (depois ensinavam-lhes o truque!...) e com problemas fáceis mas... “Vais daqui até à Barra e dás, por hipótese, 1001 passos. Quantos passos dás numa viagem de ida e volta?” “2002!...” “Errado!” “Errado? Então 1001+1001...” “Pois é, mas esqueceste-te que tens de atravessar a rua!...”
Manuel

sábado, 13 de dezembro de 2008

Gafanha da Nazaré e Costa Nova com Unidade de Saúde Familiar

A Gafanha da Nazaré e a Costa Nova vão passar a ter em funcionamento, a partir de segunda-feira, uma Unidade de Saúde Familiar (USF), para servir dez mil utentes. Foi baptizada com o nome “Beira-Ria” e não vai funcionar em edifício próprio, como seria de esperar, mas nas já existentes Extensões de Saúde. Segundo Humberto Rocha, coordenador da Sub-Região de Saúde de Aveiro, este novo serviço conta com uma equipa de seis médicos, sete enfermeiros e cinco administrativos, trabalhando todos os dias úteis, das 8 às 20 horas, para consultas normais e ambulatório. Aquele responsável garante que serão atendidos “casos agudos, sendo que as situações de gravidade extrema continuarão a ser enviadas para o Hospital de Aveiro”. E acrescenta que esta USF pretende contribuir para que “todos os utentes sejam vistos no dia em que forem à consulta”. Este novo serviço obrigou a algumas adaptações, ao nível de uma redistribuição de espaços no Centro de Saúde da Gafanha da Nazaré, em ordem a uma melhor funcionalidade, com a criação, nomeadamente, de duas novas secretarias e gabinetes. No Posto da Costa Nova também houve algumas alterações, informou Humberto Rocha à comunicação social.

Ano Novo

Os votos de Ana Maria Lopes vieram assim, desta forma tão expressiva. Que o barco da vida continue a alimentar sonhos bonitos, são os meus desejos sinceros.
Fernando Martins

DEUS ESTÁ CONNOSCO

O Natal está à porta. Este é sempre um tempo em que a luz, a alegria e a proximidade estão mais presentes no nosso dia-a-dia. O Natal é isto mesmo: LUZ. A luz de Cristo, com a sua proposta, o seu jeito de viver que pode dar um sentido seguro à vida e capaz de iluminar os tantos sem-sentido da nossa existência. O Natal é ALEGRIA. A de Maria, de João Baptista e de tantos homens que sentem em Cristo a presença e a realização de uma esperança que não engana. No meio das contrariedades, dores e sofrimentos da vida, aí está esta alegria da presença de Cristo que se torna a estrela da esperança. O Natal é PROXIMIDADE. Isto é, Emanuel, que quer dizer Deus connosco. Em Cristo podemos sentir o carinho, proximidade de Deus. Em Cristo experimentamos a paixão de Deus por cada um de nós e pela humanidade inteira. Jesus Cristo é o presente de Deus à humanidade. Celebrar o Natal é construir no coração de cada um o presépio vivo que fará Cristo nascer na vida de cada um de nós. Desejo a todos um feliz e Santo Natal. Que o ano de 2009 seja repleto das graças de Deus. Francisco Melo, Prior da Gafanha da Nazaré

Efeméride: Falecimento de Egas Moniz

Egas Moniz recordado no Hospital de Aveiro
13 de Novembro de 1955
Nesta data, faleceu em Lisboa o Prof. Doutor Anónio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, insigne cientista de fama mundial, galardoado em 1949 com o Prénio Nobel da Fisiologia e da Medicina, que, em 29 de Novembro de 1874, nasceu em Avanca, actual concelho de Estarreja, Distrito de Aveiro.

O FÓRUM CATÓLICO-MUÇULMANO

Após a tragédia da Índia, em Bombaim, ganha urgência maior o princípio de Hans Küng: não haverá paz entre as nações, sem paz entre as religiões; não haverá paz entre as religiões, sem diálogo entre elas e sem um novo ethos - uma nova atitude ética - global. Lembro, pois, pela sua importância, o encontro inédito e histórico entre 29 muçulmanos, representando várias correntes do islão, e igual número de católicos, que teve lugar no Vaticano entre 4 e 6 de Novembro passado. Quem não se lembra do célebre discurso de Bento XVI em Ratisbona, em Setembro de 2006, e da indignação por ele causada no mundo islâmico por alegadamente associar islão e violência? Foi assim que, em Outubro de 2007, um ano depois, 138 académicos, clérigos e intelectuais islâmicos do mundo inteiro, numa Carta a Bento XVI, com o título Uma Palavra Comum entre Nós e Vós, declararam que, apesar das suas diferenças, o islão e o cristianismo - as duas maiores religiões: juntas, representam mais de 55% da população mundial -, partilham a mesma Origem Divina, a mesma herança abraâmica e os mesmos mandamentos essenciais: o amor a Deus e o amor ao próximo. Também afirmavam que, se não houver paz entre os cristãos e os muçulmanos, não haverá paz no mundo. A esta mensagem respondeu o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal T. Bertone, em Novembro de 2007: "Sem ignorar nem diminuir as nossas diferenças, podemos e portanto deveremos olhar para o que nos une." Os contactos entre as autoridades católicas e muçulmanas conduziram, em Março deste ano, à instituição do Fórum Católico-Muçulmano e à organização do referido encontro no Vaticano. No fim do Seminário, houve uma Declaração comum, em 15 pontos. Logo no primeiro, mostra-se como a concepção de um Deus, fonte de amor, é partilhada pelas duas religiões. Afirma-se depois que "a vida humana é o dom mais precioso de Deus a cada pessoa. Portanto, deveria ser conservado e honrado em todas as suas etapas". A pessoa requer "o respeito pela sua dignidade original e a sua vocação humana". Defende-se, por isso, uma legislação civil que assegure "a igualdade de direitos e a plena cidadania" de todos, e há o compromisso conjunto de "assegurar que a dignidade humana e o respeito se estendam a uma igualdade de base entre homens e mulheres". O respeito da pessoa e suas opções em assuntos de consciência e religião "inclui o direito de indivíduos e comunidades praticarem a sua religião em privado e em público". Também "as minorias religiosas têm direito a ser respeitadas nas suas convicções e práticas religiosas". "Nenhuma religião nem os seus seguidores deveriam ser excluídos da sociedade." A criação de Deus na sua pluralidade de culturas, civilizações, línguas e povos é "uma fonte de riqueza e portanto não deveria nunca converter-se em causa de tensão e conflito". É necessário promover uma informação exacta sobre as religiões e proporcionar uma "sã educação em valores humanos, cívicos, religiosos e morais aos seus respectivos membros". Católicos e muçulmanos estão chamados a ser "instrumentos de amor e harmonia entre crentes e para a humanidade em geral, renunciando a qualquer tipo de opressão, violência agressiva e terrorismo, sobretudo quando se cometem em nome da religião". Sem justiça para todos, não haverá paz. Por isso, a Declaração apela aos crentes para que trabalhem em ordem a criar "um sistema financeiro ético no qual os mecanismos reguladores tenham em conta a situação dos pobres e deserdados, tanto indivíduos como nações endividadas". No termo do Seminário, Bento XVI recebeu os participantes, apelando veementemente a que as religiões se tornem artífices da paz e a liberdade religiosa seja respeitada "por todos e em todos os lados". Certamente, pensava também nas minorias cristãs perseguidas em países de maioria muçulmana. A Declaração conclui com o compromisso de realização de um segundo Seminário do Fórum dentro de dois anos "num país de maioria muçulmana". Oxalá! Anselmo Borges