domingo, 13 de abril de 2008

AÇORES - A minha homenagem

O João Paulo, cicerone, e a Lita

A colocação de um filho nos Açores, como professor, permitiu-me sentir, na pele e no espírito, a realidade da ausência. Eu sei que hoje a vida obriga a isso, como outrora obrigava à emigração, quantas vezes sem regresso. Não é o caso. Os Açores são Portugal, indubitavelmente. Pelas suas ilhas, que eu saiba, não há sinais de independência nem mal-estar em relação ao "continente" e aos "continentais".
A minha homenagem vai, então, para quantos, deixando o seu meio, são obrigados, por força das circunstâncias e por necessidade de trabalho, a dar um salto até aos Açores.

Na Linha Da Utopia


A Vocação

1. A palavra “vocação” conduz-nos pelo sentido de uma “chamada”. Mas para esta ser atendida e escutada devidamente exige as justas condições de sintonia e identificação. Talvez, em tempos de uma certa sobrevivência apressada, a palavra “vocação” contenha hoje das dinâmicas mais importantes. Vale a pena começar por ir ao dicionário: «Vocação: s.f.: acto de ser chamado para um determinado fim; inclinação e predisposição para um certo género de vida, profissão, estudo ou arte; tendência; talento; jeito» (dicionário da língua portuguesa). Não é de forma instantânea e fácil que se obtém a plena realização humana; quantas vocações pessoais e profissionais são “aprendidas” ao longo do caminho da vida. Mas também esse sentir-se chamado a algo não se pode situar meramente naquilo que é o “si mesmo”, pois quando se diz que um profissional tem mesmo vocação para esta ou aquela forma de vida é porque serve bem a comunidade. Consciência de vocação é (viver para o) serviço.
2. Já quando as coisas estão desajeitadas, quando ‘a bota não dá com a perdigota’, pode-se ter motivo para dizer que não existe uma identificação plena e realizante com a função que se desempenha, ou então existem outros fins que não o serviço. Outras circunstâncias também existem de vocações (a determinadas profissões bem vistas socialmente ou a certas formas de vida do âmbito da conjugalidade) que, na onda do hábito, pesam mais pelo factor social que por uma opção consciente e escutada profundamente. A este propósito, por vezes, pode haver razão para se dizer, por exemplo, quantos casamentos realizados sem uma inteira vocação, sem levar inteiramente à consciência aquilo por que se opta...(?) Quantas vezes a superficialidade do mais fácil faz com que não se tenha mergulhado nas águas profundas do ser para se conhecer a si mesmo e iluminar na recta consciência os projectos de vida com as suas exigências…(?)
3. Um grande enriquecimento será a capacidade de se ir aprofundando todos os dias a sua própria vocação, o mesmo será dizer, ir pensando a vida e discernindo os caminhos do futuro. Este, hoje, é um valor fundamental que proporciona a identificação da vida de cada dia com o ideal sempre mais elevado que se procura. Sem a sabedoria desta viajem pode-se cristalizar no tempo, deixando apagar a luz interior que comanda uma vida com sentido. Talvez a sociedade, mais do que nunca, precise de uma reflexão transversal e estimulante sobre a vocação à vida e ao serviço, sobre o lugar das diversas vocações humanas e existenciais como riqueza espiritual e opcional de ser humano. Sendo que, por vezes, quando se fala do conceito “vocação” se leva (errada pois) exclusivamente para o campo do religioso, também talvez tal aconteça porque se lhe reconhece grandeza humana e espiritual que está bem acima das coisas práticas. Uma aspiração/convite a todos!
4. Na semana passada a Igreja Católica propôs-se à coragem de reflectir (45ª Semana), em todo o mundo, a problemática das vocações. Profetismo de renovação estrutural à luz do “essencial” ou simples manutenção de modelos? (Por exemplo: que concepção/acção ainda existe em relação ao “lugar” da mulher na Igreja? A sociedade ensina…) Claro que para quem quer “ver” é verdade inadiável, neste tempo, a aprendizagem do pluralismo no contexto das vocações como serviço dedicado à comunidade. Nada de novo que continua sendo tarde… Tudo depende (ou não) do querer, pelo menos, reflectir o futuro! Tem-se dado preferência ao passado…

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios - 18 de Abril

Do museu paroquial da Gafanha da Nazaré

"Considerando que a expressão cultural da religiosidade, enquanto dimensão humana universalmente presente, constitui um dos mais importantes componentes do património no mundo actual, e é uma das principais marcas da paisagem cultural portuguesa, propõe-se, no dia 18 de Abril de 2008, dedicar um olhar especial ao património religioso e aos espaços sagrados nas suas múltiplas dimensões - humana, social, cultural, simbólica e memorial."
NOTA: No dia 18 de Abril, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, teremos, se quisermos, uma excelente oportunidade para reflectir sobre o nosso Património Histórico, de expressão religiosa ou outra. É sabido que as comunidades nem sempre estão vocacionadas para cuidarem e olharem para a riqueza cultural que integram no seu seio. E porque assim é, considero de fundamental importância a constituição de núcleos ligados às escolas, autarquias e demais instituições e entidades, com o objectivo, essencial, de preservar e divulgar o Património Histórico, marca indelével do passado e garantia cultural do presente e do futuro.
FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 73

A "casinha" da escola da Ti Zefa

AS CASAS DE BANHO

Caríssima/o:

Não é por acaso que hoje se mede a eficiência das autarquias pelos serviços de água e de saneamento. Curiosamente este até é o ano da água; e talvez ainda mais curioso é a ostentação da garrafinha para se ir bebericando o precioso e caro líquido.

Mas nem sempre foi assim. No nosso tempo de meninos e moços era vulgar matar a sede com a água que ficava pelas valetas e até pelas poças, afastando os ciscos e um ou outro peixe-sapo! Note-se que a água era límpida e corrente...

Quanto ao saneamento, bem: tenho dito!
Quer dizer: a terra consumia os dejectos que nela se lançavam. Pode dizer-se que havia equilíbrio biológico. Estava em voga aquela máxima: “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!” Tudo era reciclável!
Claro, de quando em vez, havia uma epidemia... [coisas do passado; hoje não as há, apenas endemias!]... que “limpava o sarampo” a uns/umas tantos/as.
Isto a propósito das “casas de banho”, propriamente chamadas “casinhas”.
- Senhor/a Professor/a, posso ir à casinha?- suplicava-se em ocasião de manifesta dificuldade.
E não é que numa dessas escolas era mesmo uma casinha de tábuas carcomidas e sem pintura? Aí fica a fotografia (creio que o Ângelo ainda se lembrará; já tem uns anitos: 1960!) e os comentários... por tecer.
Nas outras escolas a “desgraça” não era tanta, mas a higiene e a limpeza faziam-lhe parelha.

Este era, também e logicamente, o retrato do que se passava na maior parte das habitações da nossa terra; que nos lembremos que os campos de milho eram o mais frequentado quarto de banho dos nossos areais.

[ Seria interessante e muito proveitoso que outros/as participassem com as suas achegas, como alguns já fizeram. Atingir-se-ia mais exactidão e maior riqueza de pormenores. Os anos vão passando e há coisas que nos parecem incríveis... Com o meu abraço grato, aqui fica novamente o pedido: o espaço é vosso!]

Manuel

sábado, 12 de abril de 2008

Morreu o jornalista Ângelo Granja

O antigo jornalista Ângelo Granja faleceu este sábado, em Viana do Castelo, aos 67 anos, na sequência de complicações surgidas após uma operação cirúrgica aos intestinos. Natural do Porto, Ângelo Granja foi chefe de redacção do ‘Diário Popular’, em Lisboa. :
NOTA: Porquê esta referência no meu blogue? Pela simples razão de que Ângelo Granja foi o primeiro jornalista a fazer uma grande reportagem, para o “Diário Popular”, que foi publicada em 21 de Dezembro de 1966, defendendo a elevação da freguesia da Gafanha da Nazaré a vila. Veio a minha casa, com o jornalista Daniel Rodrigues, então correspondente daquele diário em Aveiro, para que o acompanhasse nas entrevistas que era necessário fazer. Dei-lhe as dicas necessárias, sugeri-lhe as pessoas com quem devia falar e mostrei-lhe a freguesia, viajando de carro por algumas ruas e passando por pontos estratégicos. No final, minha esposa preparou um lanche. A reportagem tinha por título “Do deserto nasceu um oásis... A Gafanha da Nazaré luta pela sua elevação à categoria de vila”. Dias depois, e tendo em conta que o "Diário Popular" era um jornal de grande expansão, Portugal ficou a saber que a Gafanha da Nazaré desejava ser vila. O presidente da Junta de Freguesia era o conceituado comerciante Albino Miranda e o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo era o Dr. Amadeu Cachim, ao tempo, também, director da EICA (Escola Industrial e Comercial de Aveiro.
FM

Acordo ortográfico


Já li o livrinho – atual O novo acordo ortográfico O que vai mudar na grafia do português – de João Malaca Casteleiro e Pedro Dinis Correia, que apresenta as alterações produzidas pelos países de língua oficial portuguesa. A primeira impressão com que fiquei diz-me que não haverá problemas nenhuns no futuro, e que tudo será ultrapassado com facilidade pelos que escrevem o português, um pouco por todo o mundo.
Já passei, ao longo da vida, por algumas alterações ao português, sob o ponto de vista ortográfico, e não morri. Em Portugal temos um certo prazer em contestar tudo o que seja novidade. Foi assim com a adoção da moeda única. Afinal, o povo depressa aceitou o euro. Com as alterações ortográficas, será o mesmo. E não vale a pena gritar muito, porque as línguas vivas têm de evoluir, adaptando-se à vida e procurando a simplificação, para melhor as pessoas se entenderem.
Qualquer dia, os computadores estarão disponíveis para nos ajudarem. Mais fácil, pois, tudo ficará.
Como é normal, neste curtíssimo texto já respeitei algumas regras, embora a isso ainda não esteja obrigado.

FM

Bombeiros de Ílhavo celebram 115 anos


A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo celebra 115 anos de vida. Bonita idade, com muitas histórias para contar. Histórias de vidas salvas, de pessoas que sofreram as agruras das catástrofes naturais, de incêndios incontroláveis, de desastres terríveis. Mas também de alegrias de gente que ajudaram a nascer.
Confesso que tenho uma admiração muito grande pelos Bombeiros. Comovo-me até quando os vejo, na televisão, e na vida, em luta contra os fogos e na atenção com que prestam os cuidados necessários a pessoas acidentadas.
Abnegados até à exaustão, disponíveis 24 horas por dia e durante todos os dias das suas vidas, os Bombeiros dão-nos extraordinários exemplos de amor ao próximo e de disponibilidade para acudir a quem sofre. Merecem, por isso, todo o nosso carinho e apoio.
Os Bombeiros de Ílhavo, que são a nossa gente, merecem os nossos parabéns.

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