quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Padre António Vieira, um homem de todos os tempos



A celebração dos 400 anos do nascimento do Padre António Vieira, jesuíta, que se distinguiu em diversas áreas, nomadamente, na vivência e divulgação da fé crista, na defesa dos indígenas brasileiros, na oratória, na arte de escrever e na política, entre outras, veio mostrar que muito pouco sabemos de um homem cuja cultura, no século XVII, se situava muito acima do comum dos mortais. Pelos seus sermões, carregados de sabedoria e de ensinamentos, sabe-se que a sua cultura, multifacetada, fez dele um homem que se projectou no tempo. Até hoje.
Como é costume, celebrações deste género, sobre figuras pátrias fascinantes, ficam-se por Lisboa. O resto do País é paisagem. Infelizmente.
Ontem, no Centro Cultural de Belém, foram lidos e comentados alguns dos seus sermões. Encarregaram-se disso personalidades da cultura, em especial Rodrigo Guedes de Carvalho, Baptista-Bastos, Mega Ferreira, Gonçalo M. Tavares e José Tolentino Mendonça. E foi bom conhecer melhor, por uma ou outra frase que li ou reli, a riqueza da sapiência de António Vieira. Mas também foi interessante confirmar a oportunidade dos seus escritos para os nossos dias.
Pelo relato dos órgãos de comunicação social pude ficar mais rico, mas não deixei de sentir que os lisboetas são uns felizardos.

FM

Mensagem Quaresmal do Bispo de Aveiro


"O esforço de conversão e a exigência de verdade a que o discípulo de Cristo é chamado educam-nos para este ser para os outros através da generosidade e da partilha fraterna, aprendendo a viver com sobriedade, com preocupação pela justiça e com ousadia da caridade, defendendo os valores humanos fundamentais da vida, da pessoa e de um humanismo solidário. Seremos, assim, luz de esperança, percursora de um mundo novo, se caminharmos na Luz que é Cristo."

António Francisco

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quem tem medo da história?

O centenário do regicídio trouxe ao de cima reacções curiosas. Por um lado, os historiadores a dar relevo à figura do rei, aos seus projectos e às maquinações que o levaram à morte. Por outro lado, o governo a dizer não ás iniciativas surgidas e AR a dizer que seria uma mancha, um erro sem sentido evocar-se um símbolo daquilo que foi derrotado, a execranda monarquia, e deu lugar à vitória do que somos hoje, a gloriosa república.É muito difícil encontrar competência, coragem e sensatez, para se lerem com liberdade interior acontecimentos históricos, quando tocam convicções ideológicas ou partidárias. É o caso. A monarquia não é uma ameaça, a república não tem um toque de perfeição acabada. A história é sempre mestra, para quem a souber ler sem preconceitos, nem olhos vesgos. Mais uma vez aí temos um presente vazio, um passado apagado e um futuro sem esperança.
António Marcelino

Imagens dos Açores

Ilha do Pico: Na serra mais alta de Portugal

Ilha do Pico: Lava solidificada



Diz-se, com razão, que os Açores nos oferecem paisagens deslumbrantes. A natureza, virgem em muitos recantos das suas ilhas, mostra-nos horizontes agrestes duma beleza inesquecível, para quem tem a dita de os olhar de perto. O meu filho João Paulo, professor por aquelas bandas, visitou este fim-de-semana as ilhas do Pico e do Faial, com algumas colegas, e do que todos viram enviaram-me fotografias para as partilhar com o mundo. Por qui as vou publicando durante alguns dias, para que alimentemos o desejo de visitar os Açores.

Padre António Vieira nasceu há 400 anos

Jesuíta, nascido a 6 de Fevereiro de 1608, ficou na história da literatura, da política e da Igreja Portuguesa.

"António Vieira nasceu em Lisboa junto da Sé. Aos 6 anos teve que se transferir para o Brasil. Acompanhou com a família o seu pai que tinha sido destacado para desempenhar funções na Alfândega de Salvador da Baía, então capital daquela colónia portuguesa. Entrou para o colégio da Companhia de Jesus daquela cidade, desejando ser missionário e dedicar a vida à conversão dos ameríndios. Tornou-se jesuíta e evidenciou-se rapidamente como um mestre da palavra: um ardente evangelizador e defensor dos índios, nomeadamente lutando contra a voragem esclavagista que grassava então nas terras de Vera Cruz."

::

"Nascer pequeno, e morrer grande, é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento, e tantas terras para a sepultura. Para nascer, pouca terra: para morrer, toda a terra: para nascer, Portugal: para morrer, o mundo."
Padre António Vieira, no Público de hoje (No PÚBLICO on-line, 2.º Caderno, P2, páginas 4, 5, 6 e 7), em trabalho de António Marujo

Regicídio e República





Não podemos aceder à história apenas pelos circuitos dos humores momentâneos. Se a aproximação aos factos se faz sempre com elementos condicionados, quer pelo conhecimento parcial, quer pela distância do tempo, quer pela névoa da ideologia que foca e desfoca o que, embora inconscientemente, parece relevante, cumpre-nos sempre reler a história e examinar mais profunda e friamente os dados e os significados.
A República esteve discretamente escondida nas entrelinhas de quase todas as crónicas que foram feitas sobre o assassínio do Rei de Portugal de em 1908. Notou-se algum desconforto em não condenar expressamente um acto de violência máxima, apenas por ele ter sido lançado por quem poderia pretender outra coisa: matar a monarquia enquanto matava o Rei.
Chegamos assim aos retorcidos da história e suas interpretações. Os cronistas não estão isentos desta manipulação, nem os jornalistas, os políticos, os intelectuais ou religiosos. Nem a opinião pública. Temos em Portugal experiências recentes de factos que foram enxertados nos anais segundo as conveniências enigmáticas dos seus historiógrafos. Percebe-se, mas não é honesto.
Por isso merece o maior realce o testemunho exemplar do Cardeal Patriarca de Lisboa pela celebração a que presidiu em S. Vicente de Fora e pela palavra luminosa que lançou sobre o centenário do regicídio.
Estamos a dois anos de celebrar o centenário da implantação da República. Nalguns areópagos começa a contagem de espingardas, glórias e vindictas. Pelo que já se cheira vai haver muitas histórias à volta da mesma República. Datas como 1789, 1834, 1926 vão dar que perorar a eruditos de circunstância. Mais do que extrair dividendos importa um esforço comum por aprofundar o que objectivamente se passou para termos algo de autêntico a transmitir às gerações vindouras. A história não é um brinquedo de circunstância.


António Rego

Na Linha Da Utopia



As cinzas


1. Os símbolos pertencem à vida. Eles estão por toda a parte, das coisas mais simples como os emblemas da praça pública ou de instituições às realidades mais profundas da existência humana e das religiões. Os estudiosos da identidade humana das sociedades falam do “símbolo” como inerente a uma consciência de “pertença”, não se podendo silenciar, por mais racionalista que se seja, a face simbólica da própria vida. Pode até ser com outros nomes, mas desde que exista uma sensibilidade humana que se projecta, a dimensão simbólica, que nos transporta sempre para “algo mais”, convive com o nosso dia-a-dia.
2. Desde os tempos mais antigos que a própria força da natureza apela à compreensão do universo e do lugar das pessoas no mundo. Se com a força da primavera nasce uma nova natureza, o mundo da sabedoria bíblica, que procura a primazia única de cada ser humano, irá propor que se renasça também para uma Vida Nova. Este dinamismo pedagógico, como caminho de revisitação da fonte original e revisão de vida em cada momento presente, atravessa os séculos, afirmando-se como um factor estimulante de melhoria, de progresso, de transformação da vida pessoal e social.
3. Não compreender e não se perguntar pelo dinamismo esperançoso destes tempos pedagógicos é viver “longe” da raiz, onde não se procura um sentido comunitário aperfeiçoado para a vida no tempo e espaço que nos são dados viver. Que sentido tem o Natal sem o compreender da sua origem reveladora? Que lugar de significado terá a Páscoa se não se abrir o “coração” a um caminho de transformação? Talvez das coisas mais importantes da vida seja compreender-se que os dinamismos da existência que sentimos foram vividos, acolhidos e superados por pessoas e(m) comunidades antes de nós. Também desta forma estamos unidos à humanidade. Claro, não basta cumprir por “cumprir”, é o sentido profundo com que se vive…para se viver no mais e melhor de cada dia.
4. Há tempos dávamos conta de uma nova área de estudo chamada “reflexologia”… Vamos chamando novos nomes, cheios de markting, para “coisas” antigas. Por um lado, dilui-se o património de “sentido” de que somos herdeiros; por outro, por outras palavras, vamos sempre lá parar, pois na reflexologia procura-se compreender a dimensão espiritual da vida e o seu fazer-se história (de salvação). Estes dias marcam o início de um tempo de reflexão: é Quaresma, tempo como caminho de preparação da Páscoa para os que livremente se enraízam no cristianismo. Quem lá adiante festejar Páscoa, acolhe um convite que começou da forma mais interpelante: com as “Cinzas”. Não são cinzas de pessimismo, de tristeza, de tempo negativo. Nada disso. São tomada de consciência profunda da nossa condição humana. Um “choque” estratégico e despertador que quer sensibilizar para o aperfeiçoamento de vida. Só assim, lá adiante será Páscoa; na diversidade corajosa, a “passagem”!

Alexandre Cruz

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue