quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Património Histórico




SANTA MARIA MANUELA VAI CONTINUAR A VIVER

O velho navio bacalhoeiro Santa Maria Manuela vai continuar a viver. A história da luta que foi preciso travar para que isto acontecesse é por demais conhecida na região, sobretudo entre os que estão directa ou indirectamente ligados à Faina Maior, de tantas tradições entre nós.
Agora que o navio está a ser recuperado, sob a liderança de Manuel Serra, presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, penso que se torna interessante, e mesmo importante, pôr a nossa gente a par do que se está a fazer e do que está na agenda para se fazer.
Como sugestão minha, aqui fica o blogue para ser consultado com alguma regularidade. Há sempre algo a aprender; há sempre algo que pode enriquecer a nossa memória.

Veja Santa Maria Manuela

“Portugal na época da abertura da Barra”



No próximo sábado, 15 de Dezembro, vai realizar-se, no edifício da antiga Capitania de Aveiro, uma conferência subordinada ao tema “Portugal na época da abertura da Barra”. A conferência, com início previsto para as 17 horas, será proferida pelo Comandante Rodrigues Pereira, Director do Museu da Marinha e ex-Capitão do Porto de Aveiro. Esta iniciativa integra-se nas comemorações do Bicentenário da abertura da Barra de Aveiro.
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À data da Abertura da Barra da Ria de Aveiro, em 3 de Abril de 1808, Portugal encontra-se numa situação muito especial, com partes do seu território ocupadas por forças militares estrangeiras, a capital do Reino sediada no Rio de Janeiro e a costa continental bloqueada por uma esquadra inglesa.
Quando em 1802 se iniciam os trabalhos para a recuperação da Barra da Ria de Aveiro, assistia-se na Europa à ascensão de Napoleão Bonaparte, imperador de França, cujos exércitos considerados invencíveis, haviam dominado as velhas monarquias da Europa Central.
Em Portugal, o governo liderado pelo Príncipe Regente D. João – a Rainha D. Maria I havia sido dada como incapaz de continuar a governar – vai tentando, com dificuldade, manter a neutralidade portuguesa. O objectivo era manter a liberdade do comércio marítimo com as colónias sem a hostilidade da Inglaterra e resistindo aos ataques dos corsários franceses e barbarescos. Contra os primeiros organizavam-se as escoltas às frotas de navios mercantes que faziam o comércio com o Brasil; contra os segundos mantinha-se a actividade da Esquadra do Estreito tentando travar a passagem para o Atlântico dos Argelinos. Mas a Marinha Portuguesa sofria baixas nesta luta, perdendo a fragata CISNE em luta contra os argelinos e a corveta ANDORINHA em luta contra os franceses.
Leia mais em Porto de Aveiro

AVEIRO: Arte na cidade








PAINÉIS CERÂMICOS
Quem passa pelo centro da cidade não pode deixar de apreciar os painéis cerâmicos que são uma expressiva marca de Aveiro. Hoje andei por lá e vi como muitos olham a correr. Permitam-me a sugestão de cada um fazer uma leitura das mensagens que os painéis procuram oferecer a quem passa. Não digo mais nada, por enquanto, para que os meus amigos sintam e vivam a oportunidade e o prazer da descoberta.


CONSTRUIR COMUNIDADE, OBJECTIVO ESSENCIAL E PERMANENTE



Quem se mete a construir coisa que valha a pena não dispensa um projecto, gente que o entenda e o leve a bom termo, material de qualidade para que o que se constrói hoje não desabe amanhã.
Esta verificação de tipo corrente, mas sábia e objectiva, ajudará a perceber a missão fundamental da Igreja no seu dia-a-dia, bem como os caminhos de renovação que se consideram indispensáveis para que o objectivo essencial desta missão não se deteriore, nem se perca, e se reencontre, caso a rotina com os seus desvios se tenha aí instalado.
A Igreja, uma comunidade de filhos e de irmãos, “não pela força do sangue, da carne ou da vontade humana”, mas fruto do amor e dom de Deus”, já não se afirma hoje como sociedade perfeita, como o fez durante séculos, mas sim como Corpo de Cristo, vivo e actuante, no seio da comunidade humana, onde é chamado a ser fermento novo.
As comunidades cristãs edificam-se, crescem e actuam como expressões visíveis da realidade sobrenatural em que subsistem. São comunidades edificadas pela Palavra, que conduz à fé, a alimenta e fortalece; pelos sacramentos, que expressam a vivência pascal dos seus membros e da comunidade enquanto tal; pela oração, pessoal e colectiva, que mantém viva a tensão de ser de Deus no mundo; pelo amor mútuo consequente; pela partilha fraterna, traduzida na comunicação de bens a favor de todos, de modo que se possa dizer, com verdade, que aí não há pobres; pela consciência dinâmica da missão, que leva todos e cada um ao testemunho coerente de vida e ao apostolado concreto.
A Igreja, Corpo de Cristo, é uma comunidade que está sempre em construção. Aos seus responsáveis pede-se que reconheçam a dignidade dos que a compõem, não esqueçam o objectivo essencial da sua vida e missão, atendam aos meios que não se podem dispensar para que cada um se torne mais sensível aos dons de Deus e aos apelos dos outros, neste mundo religioso ou não, onde abundam os acomodados e os descrentes.
A comunidade eclesial mais próxima, em construção permanente, é a Diocese, que o Vaticano II define como “ porção do Povo de Deus que se confia a um bispo, para que a apascente com a cooperação do seu presbitério, de forma que, unida ao seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo pelo Evangelho e pela Eucaristia, constitua uma Igreja particular na qual verdadeiramente está e opera a Igreja de Cristo que é una, santa, católica e apostólica”. Nesta porção coexistem diversas expressões comunitárias, mais acessíveis a todos, como as paróquias, células da Igreja diocesana, nas quais se mostra ou não a verdade, dinamismo, capacidade missionária da Igreja num mundo concreto.
Não há verdadeira comunidade humana, exigência primeira da comunidade eclesial, sem relações primárias, conhecimento e compromisso mútuo. Assim, onde se vive e cultiva o anonimato ou se instala o individualismo, como modo de vida e de acção, não é mais possível edificar a Igreja, como comunidade fraterna. E isto acontece.Surge, então, como uma exigência iniludível redimensionar a diocese, para que o bispo que a ela preside não seja um estranho ou um ausente ou apareça apenas em momentos festivos ou através de delegados de passagem e por um tempo, os bispos auxiliares.
Exigência de redimensionar a paróquia e lhe dar um novo enquadramento, de modo que o responsável ou responsáveis, conhecendo os que lhe foram confiados, lhes façam chegar um dinamismo portador do essencial, à medida da necessidade e do direito de cada um.
Redimensionar com critérios pastorais, pede que ninguém se assuma como dono do Povo de Deus, mas seu servidor. Pode não se saber como fazer. Sabe-se que é preciso fazer alguma coisa, com a intenção recta de melhorar, sem ceder a motivos humanos e pessoais. Este é, por certo, um dos pressupostos para a renovação. Uma caminhada necessariamente longa e esforçada.

António Marcelino

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

GAFANHA DA NAZARÉ: Arte na rua


Clicar nas fotos para ampliar

Publiquei, há dias, algumas fotos da montagem da estátua de Jesus Cristo, junto à igreja matriz. Hoje, aqui ficam mais duas fotos, uma das quais com a legenda aplicada no sopé da estátua.

ARES DO OUTONO


Largo de São Braz

No largo de São Braz
a vendedora de castanhas
sorria os dentes podres
e patos marrecos
dançavam a dança dos mancos


No largo de São Braz
as crianças adormeciam
nos ramos das árvores
e os cães vigiavam as pombas


O largo de São Braz
era muito pequenino
e não era largo

As pessoas eram muito felizes
porque se sentavam no chão
e cruzavam os braços

Quem me dera voltar
ao largo de São Braz


Orlando Jorge Figueiredo

Na Linha Da Utopia

A admirável lição de James Watson

1. James Watson, famoso cientista norte-americano de 79 anos, acaba de receber a lição intercultural a partir do seu próprio ADN. Lembre-se que Watson, fruto dos seus estudos na descoberta da estrutura da molécula do ADN, no ano de 1962 ganhou o Prémio Nobel da Medicina. Em Maio deste ano 2007, o cientista desejoso de partilhar a sua informação genética, tornou disponível a sequenciação (A-T-C-G) do seu código genético a fim de ser estudado.
2. Entretanto, o Verão de Watson não deve ter sido nada bom. Em Outubro último proclama num jornal britânico a sua última tese, de que as pessoas de cor negra são menos inteligentes que os brancos. O seu desejado e precipitado protagonismo resultou no silêncio (como afastamento) dos mais reputados estudiosos da área e no seu posterior pedido de desculpas que, todavia, não evitou a demissão do conselho de administração do Laboratório de Cold Spring Harbor (EUA), onde trabalhara mais de 40 anos.
3. Ironia no destino, Watson, tendo tornado público o processo da sua amostra de sangue a ser analisado - por empresa e Laboratório de Sequenciação do Genoma Humano (EUA) – recebeu nestes dias o resultado surpreendente. A análise do seu ADN (A-T-C-G) revelar-lhe-ia um “presente caído do céu”: que 16% dos seus genes são de origem negra, o que representa um valor 16 vezes acima da média dos europeus brancos (habitualmente 1%). Assim, James Watson será descendente de um bisavô africano e também de origens asiáticas.
4. Que dizer e que fazer? Que conclusões tirar? Na desejada honestidade intelectual, e quanto maior é o cientista mais esta o deverá acompanhar (assim seja sempre!), Watson mais que um “mea culpa” tem meio caminho andado para dizer que, afinal, somos todos da mesma FAMÍLIA, que as comunidades migrantes de séculos que nos precederam geraram os laços que conduziram à vida que hoje “somos”, e que da comum origem do ser humano (para além de se foi em África ou não) brota o desafio do comum desígnio humano.
5. Tal como em Watson, também no extremo em muitas visões cegas e antropologicamente limitadas (racistas, xenófobas, desumanas) que persistem neste mundo, se não for de outra forma (a partir da sensibilidade da essência humana), talvez o fazer do teste da origem genética apure o sentido de que somos mais iguais (da mesma dignidade) que diferentes, e todas essas diferenças humanas e culturais (bem-vindas!) são o reflexo feliz dessa unidade criativa que nos convida a apreciar o “outro”. Eis-nos diante de uma situação em que a ciência corrige o pensamento.
6. Como disse Theilhard Chardin (cientista teólogo), “tudo o que sobe converge”. Se estudarmos a fundo a nossa origem, somos da mesma essência e dignidade. A origem, o ADN, do (único) Natal ajuda-nos a compreender isto mesmo!

Alexandre Cruz