quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A PROPÓSITO DO SEMINÁRIO…


A propósito da efeméride do Seminário de Santa Joana Princesa, dei mais uma vista de olhos ao livro “A alma e a pena do arcebispo”, com selecção de textos de D. João Evangelista de Lima Vidal da responsabilidade de João Gonçalves Gaspar. Estive a reler, precisamente, o tema “Na entrada dos primeiros alunos no novo Seminário”, com data de 17 de Novembro de 1951. É uma delícia esta escrita poética do saudoso arcebispo, que justifica, pois, uma leitura de quando em vez, para então sentirmos o palpitar do entusiasmo do primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro.
“Estamos longe, bem longe ainda, desse absoluto almejado arrumo; falta ainda um novelo espantoso de inquietações, de esforços, de lutas, uma mina de ouro, para nós podermos dizer que a construção do Seminário foi empresa que, realizado integralmente o seu curso, ora a cavalo ora a pé coxo, ou a cem à hora ou à velocidade da lesma, está agora nas prateleiras de algum silencioso e venerando arquivo”, lembra D. João, de quem bem me recordo.
E a seguir sublinha:
“Todos sabem até que eu, se fosse a fazer aquilo que mais me estava no gosto, preferia mil vezes que só houvesse vida de seminário no Seminário depois de se ouvir lá a última martelada dos operários, depois de se extinguir lá o último grão de poeira das obras, depois de não haver mais nada a fazer lá senão abrir a porta e entrar. Mas foi preciso apressar e fazer como os cães: acomodar um canto entre o tumulto, defendê-lo com umas aparas ou com umas ripas, abrir-lhe a cova, dar-lhe umas voltas e, fechados os olhos, fechados também os ouvidos, fazer por dormir.”
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Foto de D. João, desenho de Gaspar Albino

Efeméride


NOVEMBRO - 1951


Neste dia, mas em 1951, O Seminário Diocesano de Santa Joana Princesa, instituído em 1939, foi transferido para o novo edifício, no lugar de Santiago, freguesia da Glória, como refere João Gonçalves Gaspar, em Calendário Histórico de Aveiro.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Na Linha Da Utopia




Museus, Cultura, sempre “depois”!

1. «É impossível gerir uma casa sem saber o que acontece amanhã!», lamenta o director do Museu de Arqueologia de Lisboa, Luís Raposo (Público, 13.XI.2007). É o desabafo que espelha a realidade de grandes museus do país que, por falta de pessoal vigilante e devido a desarticulação de serviços, se vêem obrigados a fechar (tanto algumas salas de exposição como em horas especiais). O Museu Nacional de Arte Antiga já no Domingo passado esteve semifechado, e as palavras da Ministra da Cultura confirmam a «situação de colapso provocado pela falta de atenção do Instituto dos Museus e da Conservação» (IMC), ainda sublinhando que «não há a mais pequena responsabilidade do Ministério da Cultura neste assunto». Mãos lavadas em assunto cultural!...
2. O director do IMC prefere não comentar a acusação de “esquecimento” de sua parte em manter os mínimos da “precariedade cultural” no solicitar atempadamente ao Ministério da Cultura a requisição da prorrogação dos contratos para este, por sua vez, se dirigir com “pressão” ao das Finanças a “mendigar” a sustentabilidade apertada das portas abertas dos museus. A resposta, no dizer da tutela da Cultura, “é natural que demore alguns dias” (semanas?). A certeza é de que até chegar a solução (sempre retardada e provisória… com excedentários provisórios?), uma parte expositiva dos museus pode estar encerrada (provisoriamente!), indo por água abaixo tanto esforço e investimento em captar os (já de si) difíceis PÚBLICOS.
3. A situação é de tal maneira apertada que o director do Museu Nacional de Arte Antiga considera a nomeação de vigilantes «um balão de oxigénio!» No meio de toda esta provisoriedade, não deixa de ser interessante a existência de reclamação de público detectada no Domingo passado, sinal (apesar das limitações) de louvável esforço no divulgar da fundamental abertura dos museus e património às gentes. Desta situação, todos declaram convictamente que O PROBLEMA É ANTIGO, num país ainda à procura da sobrevivência onde é “tese” a cultura vir sempre depois, se houver tempo e no infalível dogma da provisoriedade. Neste panorama, como é possível a (essencial e definitiva) abertura cultural das mentalidades em que os museus façam parte da vida das gentes e cidades e estas sintam-se “em casa” nos seus (amados ou tantas vezes esquecidos?) museus?
4. No fundo, o dinheiro existe sempre para o que se considera que é importante. Que o diga a (pós)cultura do futebol, falado em todos os lados!... Como (nos) sentimos (n)os museus, e como eles estão com o seu património histórico-cultural no centro das nossas cidades? Como transferir públicos dos centros comerciais para os centros culturais?! Talvez seja de concluir que muito do futuro (humano) passa hoje pelo modo como (vi)vemos os museus e o património que temos à nossa volta. Quando não seremos estranhos em casa!

Alexandre Cruz

Banco Alimentar


UM BOM ENSAIO
DE SOLIDARIEDADE


Quem nunca fez uma experiência de solidariedade não sabe o que perdeu. O facto de nos sentirmos com capacidade para partilhar o que temos, mormente o nosso tempo, é de uma riqueza interior que nem tem explicação. Por isso, acon-selho essa vivência, nem que seja, e já não é pouco, colaborar, simplesmente, num peditório.
O Banco Alimentar Contra a Fome está a organizar mais um peditório anual de recolha de alimentos junto das superfícies comerciais. É nos dias 1 e 2 de Dezembro que tal acção vai acontecer. E para isso precisa de gente que se disponibilize para colaborar, nas diversas tarefas que essa recolha impõe. Se tem um tempinho livre, inscreva-se no CUFC, junto à Universidade de Aveiro. Depois, tudo será fácil.

GAFANHA DA NAZARÉ: Subsídios para a sua história

A partir de hoje, passarei a publicar alguns escritos, que mais não são do que modestos contributos para a história da Gafanha da Nazaré. Serão escritos despretensiosos, objectivos quanto possível, já publicados em circunstâncias especiais. Outros resultam de intervenções em palestras, colóquios e encontros de jovens e menos jovens. Quem me ouviu ou quem me leu há-de verificar, no entanto, que não faltarão, agora, alterações aos textos, resultantes, naturalmente, da evolução dos tempos. Por norma, modifico bastante a minha escrita, sempre ao sabor da maré, mas faço-o no respeito absoluto pela essência do que primeiramente publiquei.
Penso que a história da Gafanha da Nazaré, como das outras Gafanhas, ainda está por fazer. Há muita gente que escreve, mas falta, indubitavelmente, uma recolha criteriosa do que há, publicado ou na memória de muitos gafanhões, porque as actuais gerações precisam desse trabalho. De diversas pessoas tenho recebido incitamento para tornar público os vários escritos que a vida dos gafanhões me suscitaram. Confesso, no entanto, que tenho andado um pouco indiferente a esses apelos. Por comodismo, sobretudo. Mas prometo que não deixarei de pensar nisso.
Hoje, portanto, aqui deixo a promessa de começar a publicar no meu blogue o que considerar importante para a história deste povo, na certeza de que estarei a homenagear quantos aqui nasceram e quantos, vindo de todos os recantos do País, fizeram as Gafanhas, à custa de suor e lágrimas. Mas também de alegrias, pela certeza de terem ajudado a dar vida a uma terra que fica no coração de quem um dia a conheceu.
Ainda quero deixar um pedido a todos: As contribuições dos meus leitores são indispensáveis.

Fernando Martins

Semana dos Seminários








Seminário de Santa Joana Princesa, uma jóia a preservar…

O Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, é uma jóia a preservar, para dar vida a projectos de formação, que enriqueçam quantos acreditam que nem só de pão vive o homem.
Estamos a viver, até domingo, a Semana dos Seminários, o que nos obriga a pensar um pouco na importância destes edifícios, onde há décadas a alegria esfuziante de muitos jovens, a reflexão e o estudo se tornavam imagens de marca. Desse ambiente e de quantos se envolveram nos projectos de formação dos Seminários nasceram os padres que hoje servem o povo de Deus, mas também muitos outros que, sentindo que a sua vocação não era o sacerdócio, partiram para a vida com hábitos de trabalho, cultura e valores humanos que são, sem dúvida, uma mais-valia para a sociedade.
Hoje, com projectos e formações muito diversos, mas também com menos jovens a aderirem à vocação da disponibilidade total para servir as comunidades católicas, os Seminários sentiram a premência de se reconverterem, sem, porém, abdicarem dos caminhos que levem a valorizar quantos desejam saber mais, para mais eficientemente contribuírem para a elevação moral, espiritual e cultural da sociedade. Por isso, se não há tantos jovens, eventualmente, a caminho do sacerdócio, há outros jovens, de todas as idades, à procura do saber. Em Aveiro, o ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas) assumiu a tarefa de dar mais vida ao Seminário de Santa Joana Princesa, proporcionando formação a clérigos e a leigos, da diocese e de outras regiões do País. Para além disso, os serviços diocesanos garantem ali a realização de várias acções abertas a todas as pessoas ou apenas aos seus membros, o que mostra, à evidência, que, afinal, o edifício do Seminário, com mais de meio século de existência, tem certezas de sobrevivência, na plenitude da razão de quem o sonhou.
Uma sugestão aqui fica, dirigida a todos: vale a pena passar por lá para apreciar o edifício, belo e típico exemplar da arquitectura dos anos 50 do século passado, mas também para sentirem e constatarem o palpitar de vida cultural e espiritual que enche claustro (há exposições permanentes e temporárias) e salas de aula.

Fernando Martins

Arte Nova


CASA MAJOR PESSOA VAI SER ABERTA AO PÚBLICO
Por notícia da Rádio Terra Nova, a Casa Major Pessoa vai ser aberta ao público, passando, em breve, a Museu da Arte Nova, em Aveiro. O empreiteiro, depois de ter concluído as obras de recuperação e restauro, já entregou as chaves à Câmara Municipal de Aveiro, pelo que num futuro próximo aquele edifício ficará à disposição dos aveirenses e dos turistas, sobretudo dos admiradores da arquitectura e da Arte Nova, em particular. Esta é, sem dúvida, uma boa notícia, ou não tivesse sido a Casa Major Pessoa, no Rossio, durante muitos anos, um triste exemplo do abandono e da degradação.

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