A IMPORTÂNCIA DE REFLECTIR
1. Não se pode fazer omeletas sem ovos! As omeletas serão a vida diária, os ovos poderão ser a reflexão, o pensar, o interiorizar. Reflectir, criar a própria (equi)distância em relação às coisas e à vida agitada, discernindo o essencial (Ser) dos acessórios relativos será, hoje, a base fundamental da construção. Garantirá a continuada “reciclagem” da frescura e do equilíbrio da gestão da própria vida e do que cada “hora” temos em mãos, sempre para que tudo seja para o bem de todos. No tempo sociológico presente, onde é exigido qualidade em quantidade, redescobrindo cada dia essa novidade de sentidos e de sabedoria poderemos, bem melhor, aliar a criatividade à responsabilidade o ser pessoal ao compromisso comunitário.
2. Não dando lucro imediato, não se enquadrando na lógica do pragmatismo que nos pode ir cegando os horizontes, a “reflexão” assumirá hoje um lugar decisivo, determinante, para ser possível reinventar cada dia o sentido da própria vida, lendo-a acima das coisas acidentais. E quanto mais as tecnologias (da velocidade) nos inundam tanto mais, em proporção, deverão ser as oportunidades criadas como tempo e espaço diferentes, da profunda paz criativa, esta que saberá da escuridão vislumbrar a luz da esperança. No ano passado, em iniciativa internacional sobre o papel da Educação Artística destacava o investigador António Damásio que está a ocorrer uma profunda transformação especialmente verificada nas idades mais novas que acolhem todo o impacto as novas tecnologias, facto que está fortemente a limitar a criatividade gerando posturas como a apatia ou a indiferença. Será este (já) o futuro?
3. Há dias em conversa com um grupo de adolescentes, deparámo-nos com uma pergunta inquietante: “O que é reflectir?” Surpreendidos, procurámos, da forma possível, explicar que reflectir é pensar, ter uma visão crítica de tudo, ter ideias, e que é algo tipicamente humano… Após essa conversa (ao que parece pouco frutífera), a inquietação interrogante ficou-nos a pairar o pensamento sobre, afinal, o que andamos a ‘fazer’ e que mensagens conseguimos passar… Como às mãos cheias de telemóveis dizer que o essencial são os VALORES que se sentem no coração e que as “coisas” pouco valem?... Precisamos de valorizar mais a reflexão, o pensamento, as ideias (para mais e melhor agir); seja valorizada a “sabedoria”, esta que requer tempos e modos: a sabedoria que se vive, que se partilha, que se apr(e)ende. Mas, quem a ensina? Onde ela se aprende? (Ninguém dá o que não tem…) Precisamos mesmo de “reflectir” sobre estas questões. Quando não, vamos perdendo características de sermos humanos…
Alexandre Cruz