sábado, 13 de outubro de 2007

PAIXÃO POR DEUS, COMPAIXÃO PELA HUMANIDADE


"A compaixão tem de ser universal, porque nenhum ser humano gosta de sofrer e todos têm direito à felicidade: não há nós e os outros, pois vivemos todos nesta Terra, que é a nossa habitação comum. Por outro lado, todos temos a semente da compaixão, pois a natureza humana é gentil e compassiva - pense-se na importância do contacto da criança com a mãe: a vida emocional e afectiva boa na infância tem influência decisiva na vida adulta."


Anselmo Gorges, no DN de hoje

NOBEL DA PAZ

O antigo vice-presidente dos Estados unidos Al Gore recebeu on-tem o prémio Nobel da Paz, em conjunto com o Painel Intergovernamental da ONU para as Mudanças Climáticas. Os dois venceram pelo seu trabalho de alertar a opinião pública para o problema do aquecimento global.

Ver em DN


FÁTIMA: IGREJA DA SANTÍSSIMA TRINDADE



UM POEMA DE SOPHIA
NA CERIMÓNIA DA DEDICAÇÃO
DO TEMPLO, LIDO PELO BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA, D. ANTÓNIO MARTO






A CASA DE DEUS

A casa de Deus está assente no chão
Os seus alicerces mergulham na terra
A casa de Deus está na terra onde os homens estão
Sujeita como os homens à lei da gravidade
Porém como a alma dos homens trespassada
Pelo mistério e a palavra da leveza

Os homens a constroem com materiais
Que vão buscar à terra
Pedra vidro metal cimento cal
Com suas mãos e pensamento a constroem
Mãos certeiras de pedreiro
Mãos hábeis de carpinteiro
Mão exacta do pintor
Cálculo do engenheiro
Desenho e cálculo do arquitecto
Com matéria e luz e espaço a constroem

Com atenção e engenho e esforço e paixão a constroem
Esta casa é feita de matéria para habitação do espírito

Como o corpo do homem é feito de matéria e manifesta o espírito
A casa é construída no tempo
Mas aqui os homens se reúnem em nome do Eterno
Em nome da promessa antiquíssima feita por Deus a Abraão
A Moisés a David e a todos os profetas
Em nome da vida que dada por nós nos é dada

É uma casa que se situa na imanência
Atenta à beleza e à diversidade da imanência
Erguida no mundo que nos foi dado
Para nossa habitação nossa invenção nosso conhecimento
Os homens constroem na terra

Situada no tempo
Para habitação da eternidade

Aqui procuramos pensar reconhecer
Sem máscara ilusão ou disfarce
E procuramos manter nosso espírito atento
Liso como a página em branco

Aqui para além da morte da lacuna da perca e do desastre
Celebramos a Páscoa

Aqui celebramos a claridade
Porque Deus nos criou para a alegria

Páscoa de 1990

(In Igreja de Santa Maria,
Marco de Canaveses; poema oferecido por Sophia à igreja;
in «Correntes D'Escritas», nº.2, Fevereiro, 2003)

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

D. AFONSO HENRIQUES

Ando a ler, reflectindo cada capítulo, “Afonso Henriques” de José Mattoso, grande medievalista. Confesso que me encanta este tipo de leitura. Tanto mais que a beleza da História está num trabalho normalmente inacabado. As investigações sucedem-se, nunca sabendo nós quando se atinge o zénite. José Mattoso vai-nos alertando, passo a passo, para esta verdade indiscutível. E se o assunto é bem lá de trás, dos primórdios da construção da pátria portuguesa, carregada de lendas e mitos, de feitos contados e recontados, ao estilo de quem conta um conto acrescenta um ponto, então se compreenderá que as figuras históricas estejam muito deficitariamente retratadas. Assim é com o nosso primeiro rei.
Diz o autor que “a demonstração dos factos históricos é quase sempre hipotética, sobretudo se eles se situam numa época tão remota como o século XII”. Esta ideia, que José Mattoso vai repetindo, lembrando que as teorias que apresenta não passam, muitas vezes, de meras leituras, deixam-me a certeza de que a figura do rei foi construída ao sabor de interesses em jogo, que muitos eram, quer da Igreja, quer dos senhores de Ribadouro, quer, ainda, dos que se lhes opunham, em especial dos reinos vizinhos.
As imagens que retenho do que aprendi ao longo do tempo sobre o construtor da nossa independência precisam, naturalmente, de ser reformuladas, tal é o manancial de informação, informação que tem estado a ser interpretada e reformulada, com base noutra visão do mundo daquele tempo. Ainda estou um pouco longe do fim do livro, mas já posso adiantar que, afinal, o famoso aio de D. Afonso Henriques, Egas Moniz, o da tal história do baraço ao pescoço, para desagravar a sua honra, pode mesmo não ter sido aio nenhum do nosso primeiro rei. Talvez o aio tenha sido outro… Depois conto.

Fernando Martins

PARQUE INFANTE D. PEDRO





AINDA HÁ MUITA GENTE QUE GOSTA DE VISITAR O PARQUE

Ontem estive no Parque Infante D. Pedro, que não visitava há anos. A vida é assim. Passamos por estes locais que, de alguma forma, foram marcantes na cidade, qual sala de visitas da urbe, com certa indiferença, sem justificação. Hoje as salas de visitas são os centros comerciais, com uma enorme panóplia de desafios que se tornam irresistíveis para muitos.
Ao parque íamos sempre nas horas vagas da escola, sobretudo quando surgia algum “feriado”. Por ali andávamos uns com os outros, ora a ver quem estava, uns a fumar outros não, por vezes navegando no lago, onde se aprendia a manejar os remos, ora namoriscando, enquanto outros apreciavam. Alguns liam o Cavaleiro Andante ou o Mundo de Aventuras, outros os jornais desportivos. Era assim há bons 50 anos…
Ontem encontrei quase tudo igual. A mesma alameda, os mesmos trilhos, a mesma ponte, a mesma Casa do Chá, como na altura era conhecida, o mesmo campo de jogos, os mesmos jardins. Decerto ali estavam muitas mas mesmo muitas árvores daquele tempo, o mesmo lago com patos nadando à espera de pão que lá se vendia. Um senão. Triste. O lago cheirava mal. Água turva. Nem sei como é que os patos resistem. Ali, no parque Infante D. Pedro, onde é desejável que tudo seja convidativo.
Vejam isso, senhores autarcas. É que, como vi, ainda há muita gente que gosta de visitar o parque. E de correr, e de jogar, e de conversar… à sombra do arvoredo.

FM

Na Linha Da Utopia



Da massa cinzenta à massa crítica

1. Dir-se-á que a ideia ainda está incompleta. Talvez o lema ideal fosse “Da massa cinzenta à massa crítica, e desta ao compromisso humano do bem comum”. Não chega uma “massa cinzenta” de conhecimentos que, intelectualmente, se adquire. A viagem da finalidade última da vida (em comunidade) move o conhecimento humano para uma visão de crítica social, esta que não se fique pela fácil teoria “criticista” mas que “agarre” o compromisso como visão dinâmica de verdadeira entrega ao bem comum.
2. O salto quantitativo da “massa cinzenta” tem sido elevadíssimo, especialmente, nestas últimas duas décadas; mas nem por isso o avanço qualitativo português nesse mesmo tempo correspondeu às expectativas. Os défices eram muitos e continuam a sê-lo. Mas, talvez o maior seja a persistente distância entre o mundo intelectual e uma “massa crítica” verdadeiramente comprometida com o “resolver os problemas” deste canto da Europa. Nunca tivemos tantos cursos e formados, mas (talvez) nunca se sentiu tanta dificuldade em gerir e orientar toda essa energia repleta de possibilidades adiadas.
3. Observando, e constatando pelas lideranças políticas que vão emergindo, verificar-se-á esse desfasamento entre níveis de conhecimento científico altíssimo de centenas e mesmo milhares de investigadores portugueses (que cá como fora vão brilhando) e a pobreza de “massa crítica” social, défice que se espelha, por vezes, em tão precipitados e ineficazes horizontes liderantes demonstrativos de desconhecimento da realidade concreta dos cidadãos que são chamados e servir. Governos, oposições e cidadãos, habituámo-nos (?) a adiar, mendigar e a esquecer que esse “encoberto” é mesmo cada um de nós! Sem “mágica”, com rigor!
4. “Servir”, é isso mesmo! É esta a palavra-chave de tudo. Lideranças que sirvam generosamente, é esse o referencial que importa salientar. É a partir dessa “praxis” (as mais das vezes tão difícil) que todas as teorias críticas ou todos os conhecimentos se hão-de redimensionar. Generosidade com cultura, será a linha de reconstrução da realidade, num terreno em que “massa cinzenta” não é sinónimo (simplista) de cultura, às vezes até é o contrário. Conclusão, ao nosso país, agora falta o erguer uma “massa crítica” estimulante e sempre presente, mas esta vivente da autêntica ética de servir, e não provinda de tantos “viveiros” que de “amor à comunidade” têm tão pouco. Pelas “últimas” notícias do país, é a revolução ética que nos pode salvar! Essa também se aprende, na vida!

Alexandre Cruz

SINAIS DO PASSADO


A caminho do Cruzeiro, visita de que dei nota ontem, passei por uma velha garagem, com data de 1931. Tem, portanto, 76 anos. O seu proprietário foi, como regista o painel de azulejos, Sebastião Pedro da Costa, conhecido por Sebastião Conde. Hoje não sei de quem é, nem me lembro de nos últimos anos ver o portão aberto. Há anos guardavam ali materiais de construção, mas na minha meninice e juventude estava sempre fechada.
Sebastião Conde foi um homem rico. Dizem que lhe saiu a "sorte grande" da Lotaria Nacional há muitos anos. A ele e a Manoel Carlos Anastácio, quando regressavam da América, onde tinham estado como emigrantes. Ambos foram generosos na Gafanha da Nazaré: Ofereceram, por exemplo, o relógio e o sino da igreja matriz, em 9 de Novembro de 1930, como refere a acta de entrega à Comissão da Igreja, publicada no livro "GAFANHA - Nª Sª da Nazaré", de Manuel Olívio da Rocha e de Manuel Fernando da Rocha Martins.
Gostaria de saber mais pormenores sobre a vida destes dois gafanhões. Pode ser que alguém me ajude...
FM

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