domingo, 20 de maio de 2007

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


DEBATE SOBRE A RELIGIÃO
NO GRANDE ORIENTE LUSITANO



No passado dia 5, o Grande Oriente Lusitano realizou o Encontro Internacional de Lisboa - Religiões, Violência e Razão, onde me coube falar sobre os fundamentos essenciais do diálogo inter-religioso.
Crentes, agnósticos, ateus vivem no mesmo mundo, cuja realidade ambígua exige interpretação. Ora, como nota o teólogo Andrés Torres Queiruga, não é porque se é crente, agnóstico ou ateu que se interpreta o mundo de uma determinada maneira; pelo contrário, é-se crente, agnóstico ou ateu, porque a fé ou a não crença aparecem ao crente e ao não crente, respectivamente, como a melhor forma de interpretar o mundo comum.
É neste horizonte que se enquadra o diálogo entre as religiões, com quatro pilares fundamentais.
1. Desde que se não oponham ao Humanum, pelo contrário, o afirmem e promovam, todas são reveladas e verdadeiras, o que não significa que sejam iguais.
2. Todas são relativas, num duplo sentido. São relativas porque nasceram num determinado contexto geográfico, social, económico e até religioso. São relativas também no sentido de que estão todas referidas ao Sagrado, mas nenhuma o diz plena e adequadamente. Precisamente por isso, devem dialogar para melhor tentarem dizer o Mistério que a todas reúne e transcende.
Assim, o diálogo inter-religioso não se impõe apenas pragmaticamente, para evitar a violência, nem é simples tolerância, que ainda diz, subtilmente, superioridade face ao outro tolerado. Ele é exigido pela própria compreensão autêntica do que significa ser religioso, portanto, em relação com o Sagrado Infinito, que nenhuma religião nem mesmo todas juntas podem dizer.
Precisamente porque é necessário salvaguardar a transcendência do Sagrado, impõe-se a separação das Igrejas e do Estado. A distinção entre a esfera política e a esfera religiosa não é decisiva apenas em ordem à paz e à convivência pacífica entre todos os cidadãos. É exigida pela religião, que tem consequências políticas, mas não pode aceitar que o Sagrado seja transformado num ídolo político ou instrumentalizado para legitimar interesses económico-políticos.
Torna-se claro que é necessário tirar outra consequência fundamental. Se as diferentes religiões nascem num determinado contexto histórico, geográfico, cultural, moral e até religioso, isso também implica que os textos sagrados das diferentes religiões não são ditados de Deus e, por conseguinte, não podem ser lidos literalmente - exigem uma leitura histórico-crítica.
Ao contrário do que possa pensar-se, isto não significa de modo nenhum relativismo, pois é de perspectivismo que se trata. O relativismo implica negação da verdade. O perspectivismo, ao contrário, afirma a verdade, mas sempre presente ao Homem em várias perspectivas.
3. Deste diálogo fazem parte todos os seres humanos, também os ateus. Por duas razões fundamentais. Em primeiro lugar, porque o que, antes de mais, nos une a todos é a humanidade e o que se refere à Humanidade. Ora, também a religião e as religiões são questão da Humanidade. Depois, porque foram e são eles - os ateus e os agnósticos - que podem prevenir para o perigo da superstição e da desumanidade das religiões.
4. Se a religião e as religiões estão ligadas ao Mistério, ao Sagrado, que tudo penetra e envolve, o respeito pelo outro ser humano, crente ou ateu, e a salvaguarda da criação, não são algo acrescentado à religião - são exigidos pelo seu próprio dinamismo.
Critério decisivo da religião verdadeira é o ethos a favor de todo o Homem e do Homem todo. Seria levado a pensar que é neste sentido que as Constituições dos Franco-Maçons, 1723, declaram: "Embora nos tempos antigos os maçons fossem obrigados, em cada país, a ser da Religião, qualquer que ela fosse, desse país ou nação, julga-se agora mais conveniente obrigá-los apenas àquela Religião com a qual todos os Homens concordam, deixando a cada um a sua opinião particular, isto é, serem Homens bons e verdadeiros, ou Homens de Honra e Honestidade, quaisquer que sejam as denominações ou crenças que os possam distinguir."

sábado, 19 de maio de 2007

Aveiro: Feira do Livro

Rossio à vista e à sua espera


LIVROS PARA TODOS OS GOSTOS
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Hoje, pelas 16 horas, Aveiro e sua região vão ter mais uma Feira do Livro. Até 3 de Junho, no Rossio, os amantes do livro e curiosos terão à sua disposição, assim creio, mais um certame de muito interesse cultural. Haverá livros para todos os gostos e animação para atrair quem precisa, no fundo, de boas obras, para seu enriquecimento. Eu não faltarei, como é da tradição. Vá lá também. Olhe que em 50 stands, com 21 livreiros, sempre há-de haver um bom livro para si. Pense, por exemplo, nos livros que gostaria de ler nas férias, que se avizinham.

Ares da Primavera


ROTUNDA DO HOSPITAL
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A rotunda do Hospital está com ares de Primavera. Relva, árvores e flores convidam-nos a olhar. Nem sempre, porém, o fazemos. A pressa é muita. Uns vão para o Hospital, a correr, outros para a Universidade, com os seus múltiplos pólos, outros para o Seminário de Santa Joana Princesa, outros para o Bairro de Santiago, outros ainda rumo a diversas paragens. O trânsito à volta da rotunda é muito, normalmente. A atenção exige cuidado. Não há tempo para parar e para olhar.

Um dia no Hospital




UM DIA ENRIQUECEDOR.
APRENDI PACIÊNCIA, HUMILDADE E…



Ontem estive umas boas horas no Hospital Infante D. Pedro. Para consulta de rotina e como acompanhante de um familiar com um incómodo que aconselhava o Serviço de Urgência. Olhando pela positiva, foi um dia enriquecedor. Aprendi paciência, humildade, respeito pelos outros, compreensão pelas dificuldades de profissionais e utentes, aceitação do sofrimento, atenção aos mais idosos, apreciei a disponibilidade de muitos, tentei ler o que vai na alma de alguns. O tempo de espera deu para muito.
Aos hospitais chega de tudo. Gente idosa e mais nova, gente que vem acompanhada e gente que vem só, gente que tem tudo e gente a quem falta tanta coisa, gente que sofre e gente tranquila, gente com dores e gente que sabe consolar, gente que se senta e gente que procura ajudar quem chega.
Para ajudar, não faltou a oferta de chá, café, leite e bolachas, graças à colaboração de voluntários hospitalares. Eram duas senhoras simpáticas e bem dispostas, que não se cansavam de chamar a atenção para a oferta. "Ninguém paga nada", diziam.
Nas salas de espera do Hospital Infante D. Pedro está o que gosta de contar estórias e o que gosta de se rir, o que critica tudo e o apaziguador, o inquieto e o calmo. Nos rostos havia marcas de sofrimento e de algum desespero pela incerteza do diagnóstico médico. Uns acompanhantes perdiam a calma, outros aguardavam serenamente.
A meu lado havia quem gostasse de ler. Os desdobráveis que dão conselhos, os cartazes que fazem recomendações, as revistas com marcas de muito uso, jornais e livros. Os faladores nunca se calavam. Os calados raramente falavam. Eu era um destes. Mas lia estórias de Manuel Jorge Marmelo. Daquelas que se lêem depressa e não cansam. À minha esquerda um paciente lia “Porque não sou cristão”, de Bertrand Russell. O livro, de edição antiga, tinha sinais de ter conhecido muitas mãos. Interiormente, imaginei-me a formular votos de que não ficasse por aí e que lesse outros. Por exemplo: “As minhas razões de crer”, de Jean Guitton; “Em que crê quem não crê”, um diálogo sobre a ética no final do milénio, entre Umberto Eco e Carlo Maria Martini; “Diálogos sobre a Fé”, de D. José Policarpo e Eduardo Prado Coelho; a “Bíblia”, que o escritor brasileiro Erico Veríssimo tinha como livro de mesa-de-cabeceira, apesar de na altura se dizer não crente, mas que considerava como o melhor código de vida; e tantas outras obras que nos podem ajudar na caminhada espiritual, rumo ao encontro com Deus. Também li “Porque não sou cristão”, mas não fiquei por aí. Seria muito redutor fixar-me simplesmente num livro como o que escreveu o filósofo Bertrand Russell.
Já me esquecia de referenciar os serviços do Hospital Infante D. Pedro. Olhando pela positiva, tudo está aparentemente bem. Médicos e paramédicos atenciosos, demais funcionários em correria constante para atender a muitas solicitações. No fim, nos casos a que estive ligado, tudo normal. Os exames deixaram-me muito tranquilo. Foi um dia cheio, apesar de algumas inquietações. Aprendi muito. Quando me deitei, por volta da meia-noite, adormeci tranquilo. Acordei com outro ânimo e aqui estou, logo de manhã, com votos de que o fim-de-semana corra bem a toda a gente. E sem hospitais, claro.

Fernando Martins

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Dia Internacional dos Museus

Museu Marítimo de Ílhavo: bateira caçadeira de pesca

OS MUSEUS NÃO PODEM
SER ESPAÇOS MORTOS


Sempre me impressionou saber que os museus não são tão visitados quanto se desejaria. Têm visitantes, é certo, mormente à custa, imensas vezes, das escolas e instituições, que vão tendo o bom gosto de canalizar para lá alunos e utentes, em viagens de estudo. Isto é por demais conhecido, quando pelos museus passamos, em especial em épocas em que o tempo vai permitindo as deslocações.
Pessoalmente, sempre tive o cuidado de sensibilizar alunos, professores, familiares e amigos para a importância de usufruirem das aulas e ensinamentos que os espaços museológicos proporcionam, se para tanto soubermos e quisermos aproveitar quanto os nossos antepassados nos deixaram e outros souberam coleccionar e expor.
Penso que os museus não podem nem devem ser espaços mortos nem depósitos de objectos angariados sem qualquer nexo. Importa utilizar as melhores técnicas e organizar as colecções para que elas possam transmitir às gerações actuais as sensibilidades e a arte dos que nos precederam. Importa ainda que os responsáveis pelos museus saibam expor, temporariamente, obras de arte por séculos ou temas, por artistas e por estilos, por profissões e correntes artísticas, sempre na esperança de elevar o nível cultural das pessoas. Outras iniciativas, como conferências e debates, espectáculos e colóquios, publicação de livros e revistas, brochuras e desdobráveis, filmes e programas radiofónicos e televisivos, artigos nos jornais e demais publicações devem merecer a melhor atenção dos directores e outros técnicos dos museus.
Que cada um de nós, também, saiba e queira falar dos museus de que gostou, para que outros os visitem o mais depressa possível. Este será um bom serviço que podemos prestar em nome da cultura. E não custa dinheiro.

Fernando Martins

Dia Internacional dos Museus


O Dia Internacional dos Museus comemora-se hoje, com várias acções de animação sociocultural que decorrem nos vários museus do distrito
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Museu de Aveiro
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DIA ABERTO EM MUITOS MUSEUS
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O Dia Internacional dos Museus comemora-se hoje, com várias acções de animação sociocultural que decorrem nos vários museus do distrito. Na maior parte destes espaços museológicos é, hoje, Dia Aberto, e as entradas são livres. As crianças são o alvo privilegiado neste dia, tendo a possibilidade de realizar visitas guiadas aos museus, no sentido de ficarem a conhecer melhor o seu património. Nalguns destes espaços culturais decorrerão, ainda, concertos, representações teatrais, exposições, mostras de artesanato, entre outras actividades. Aqui ficam algumas sugestões.

Leia mais no Diário de Aveiro

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Imagens de Aveiro

Clicar na foto para ver melhor

VALE A PENA PARAR E OLHAR
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De quando em vez vale a pena parar e olhar. É certo que andamos sempre a correr e sem tempo para nada. Hoje, porém, deu para parar uns minutos na cidade e olhar para o lado. Vi esta placa toponímica e gostei de ficar a saber mais alguma coisa. Leiam e digam se é ou não verdade.