segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Um artigo de João Gonçalves, no CV



A casa velha

Era uma vez uma cidade que não tinha casas velhas; a cidade era bonita e airosa e, por isso, não admitia nada que destoasse da concepção que para ela os artistas tinham programado. Dum lado e doutro de ruas e avenidas, só se erguiam casas bem arquitectadas, a sugerir que outros edifícios fora de linha não tinham ali cabimento.Um dia, pela calada da lei, entrou na cidade um grupo de forasteiros que estranhou a arrumação da cidade e não encontrou sítio de paragem; tudo era, de facto, estranho!Na coragem de quem se sente no direito de viver ou, ao menos, de sobreviver, puxam pela coragem de tentar activar os sistemas de alarme das casas novas e belas. De dentro, só ouvem vozes estranhas que indicam outros alarmes, que ficam noutras casas e noutras ruas; talvez lá encontrem pessoas...
Foi assim que os forasteiros, de porta em porta, sempre encontraram o que pretendiam: uma casa velha, que tinha escapado aos artistas que faziam e refaziam a cidade; foi o maior achado da sua vida de peregrinos, sem eira nem beira, onde poderão assentar arraiais e, finalmente, dormir e poder sonhar. Dali poderão entrar e sair sempre que queiram, podem regressar à hora que quiserem, podem até alimentar algumas ilusões, lado a lado com outros seus semelhantes, também já desesperados de tantas respostas inconsequentes; estão felizes na casa velha, que quase já é sua.
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Uma quadra de António Aleixo

Qu’ria que o mundo soubesse que a dor que tortura a vida é quase sempre sentida por quem menos a merece.

Porto de Aveiro

Porto de Aveiro: Vias de acesso. Foto de Dinis Alves
VIAS FUNDAMENTAIS
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Porto sem vias de acesso compatíveis não tem futuro. Daí a preocupação de dotar o Porto de Aveiro, nas suas vertentes de Pesca Costeira, Pesca Longínqua, Comercial, Industrial e de Turismo, das melhores vias. Para já, há as rodovias. As ferrovias virão a seguir. Para breve, pensa-se.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Um soneto de Camões


AQUELA TRISTE E LEDA MADRUGADA


Aquela triste e leda madrugada,
Cheia toda de mágoa e de piedade,
Enquanto houver no mundo saudade,
Quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada
Saía, dando à terra claridade,
Viu apartar-se de uma outra vontade,
Que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,
Que de uns e de outros olhos derivadas,
Juntando-se, formaram largo rio.

Ela ouviu as palavras magoadas
Que puderam tornar o fogo frio
E dar descanso às almas condenadas.

Citação

"As crises são necessárias e os confrontos também, porque só assim é possível ponderar e fazer escolhas"
Laurinda Alves,
na XIS

Provérbio

"A ingratidão é filha da soberba"

Arte para todos


Costa Nova com arte para toda a gente
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Diz-se, por aqui, que aos domingos há muita gente a dar a voltinha dos tristes. Não sei de onde veio esta expressão tão sem sentido. A ela está ligada a ideia de alguém que mete a família no carro e vai passear pelos recantos mais atraentes. Neste caso, para os de Aveiro e arredores, a saída leva-os até às nossas praias. Passeiam, olham a ria, lancham em qualquer café ou pastelaria, e voltam para casa. Hoje sugiro que apreciem a arte que está à disposição de todos, na ampla esplanada ao longo da Ria, na Costa Nova do Prado.