sexta-feira, 17 de novembro de 2006

CUMPLICIDADE

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PESCA MAIS RENDA
DE MÃOS DADAS
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No paredão da Meia-Laranja, na Praia da Barra, há sempre pessoas que passeia. Outras, muitas, que pescam ou tentam pescar. Há tempos, quando por ali deambulava ao sabor da maresia, um pescador interpelou-me com um sorriso: - "Ó amigo, qual é o Padroeiro dos pescadores?"
Perante tão inesperada pergunta, respondi-lhe que talvez fosse o São Pedro. Então, ele disse-me com graça: - "Olhe, peça-lhe que me ajude, porque vim do Porto de madrugada e ainda não pesquei nada!"
Era quase meio-dia e o nosso pescador ainda não tinha apanhado nenhum peixe. E ali continuou com uma paciência sem fim...
Ontem, no mesmo paredão, vi, entre outros pescadores, este casal que ali estava numa grande cumplicidade. Ela não gostava nada da cana de pescar, mas sabia fazer renda.... Passei quatro vezes e as suas posições e interesses nunca se alteraram... Só de vez em quando é que se olhavam e sorriam...
Fernando Martins

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

PADRES CASADOS?

Presidente da CEP
defende celibato sacerdotal
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D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, defendeu hoje em Fátima que a situação do celibato é "vantajosa" para os sacerdotes, como disciplina da Igreja, aludindo à sua experiência pessoal.
Comentando a reunião do Papa com os chefes de Dicastérios da Cúria Romana, ocorrido esta manhã no Vaticano e convocado para debater esta temática, o presidente da CEP disse que o celibato "continua a ter a validade que sempre teve, teologicamente, e é, sem dúvida nenhuma, uma mais-valia para o exercício do ministério, do ponto de vista da disponibilidade pastoral".
Sobre a iniciativa de Bento XVI, considerou a discussão como "algo positivo" e admitiu que o Papa possa tomar "no momento oportuno", uma decisão sobre estas matérias, que são questões disciplinares e sujeitas a alteração. Apesar disso, o Arcebispo de Braga sublinhou que não considera o momento actual como o mais indicado para quaisquer mudanças."Quem entra no seminário, faz uma escolha", apontou.
D. António Montes, Bispo de Bragança-Miranda e vice-presidente da CEP, falou da questão da "readmissão" dos padres casados, frisando que a situação já vai acontecendo. Quanto ao celibato, sublinhou a sua dimensão de "opção prévia" para todos aqueles que querem seguir o caminho do sacerdócio, afastando a ideia de "imposição".
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Fonte: Ecclesia

CIDADES SANTAS

Compostela

Roma

Jerusalém

::: Jerusalém, Roma e Compostela
unidas pelo projecto
«Cidades Santas»
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Jerusalém, Roma e Compostela estão unidas, a partir de agora, pelo projecto “Cidades Santas”, destinado a promover o desenvolvimento e valorizar o seu riquíssimo património artístico e cultural. O projecto foi apresentado ontem, quarta-feira, em Roma. “O acordo de colaboração entre os três municípios, firmado no ano passado, começa a dar os seus primeiros passos”, explicam os autarcas das três cidades, num comunicado conjunto. A partir de agora, está disponível on-line o novo portal www.holycities.info, para informar sobre as iniciativas que as administrações das três cidades manterão conjuntamente. O "site" prevê uma secção de notícias, na qual as três administrações locais poderão incluir as novidades mais interessantes, e oferecerá informações de carácter geral sobre os três destinos, com "links" para os "sites" institucionais de cada cidade. Além da comunicação pela Internet, o novo projecto, que une três dos destinos turísticos e religiosos mais importantes do mundo, será divulgado também com folhetos e outros materiais informativos.
:: Fonte: Redacção/Zenit

PADRES CASADOS?

Concluído encontro
do Papa com chefes
da Cúria Romana
Já chegou ao fim a reunião de Bento XVI com os chefes de Dicastérios da Cúria Romana, destinada a analisar a questão criada pela “desobediência do Arcebispo Milingo e a reflectir sobre a dispensa do celibato obrigatório e os pedidos de readmissão dos padres casados. Uma breve nota da Santa Sé indica que o encontro decorreu na sala Bolonha do Palácio Apostólico do Vaticano. As conclusões desta reunião não deverão ser tornadas públicas, dado que se trata de uma iniciativa consultiva. A questão do celibato é do foro disciplinar. Na Igreja Católica Oriental os sacerdotes podem ser casados; na Igreja Católica Latina optou-se pela disciplina do celibato, estabelecido em 1139 (II Concílio de Latrão). O diaconado permanente, por outro lado, pode ser conferido a homens já casados. Embora reconhecendo as dificuldades da guarda do celibato e a dignidade do matrimónio, Roma tem-se mostrado firme na actual disciplina. No último Sínodo dos Bispos, em 2005, havia uma grande expectativa sobre eventuais mudanças, mas a assembleia sinodal considerou que os “viri probati” (“homens testados” – expressão que designa homens de confiança casados, de comprovada fé e virtude) não são solução para a crise vocacional. O Cardeal Juan Sandoval Iñiguez, Arcebispo de Guadalajara e presidente delegado do Sínodo, defendeu que o recurso aos “viri probati” não representa uma solução, mas “um problema”, dando como exemplo a situação que se vive nas Igrejas Orientais ligadas a Roma “que têm padres casados, mas que sofrem, apesar disso, de crise de vocações”. Já em Abril deste ano, Bento XVI destacou, a importância do celibato para os sacerdotes da Igreja Católica. Recebendo no Vaticano os Bispos do Gana, em visita “ad Limina”, o Papa lembrou que "os que recebem este sacramento estão configurados dum modo particular a Cristo".
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Fonte: Ecclesia

UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO

MUDAM OS ROSTOS,
PASSAM OS ANOS...
Já alguém disse que hoje a única coisa permanente é a mudança. De facto, tudo muda. Bem vistas as coisas, foi e será sempre assim. A mudança tem a sua marca dentro das pessoas e das coisas vivas e assinalará o ritmo da vida até à grande e definitiva mudança, essa já sem retorno. A criança nasce e fica logo marcada pelo signo mudança. A noite dá lugar ao dia. O Inverno à Primavera, a ignorância ao saber. Muda-se de residência, de profissão, de partido político. Muda-se de opinião e de hábitos, de costumes e de tradições. É tal a sua vertigem que até já se muda de marido ou de esposa, não de filhos, mais depressa e com maior facilidade do que se muda de casa, de lugar de trabalho ou do café habitual. Não mudar, diz-se, é para muitos sinal de estarem velhos e ultrapassados, de pouca abertura ao tempo que vivemos e às coisas novas que vão surgindo tão depressa e tão sem controle, como vento que sopra de todos os lados, sem que se saiba de onde vem. Porém, também se fala de resistência à mudança, pela dificuldade de se terem atitudes consequentes, sem se olhar, cuidadosamente, às razões que levam às convicções e referências estáveis, capazes de orientar e comandar a vida. Não podemos esquecer que as mudanças mais difíceis têm a ver com a capacidade de acolher os desafios inevitáveis e as oportunidades que não criamos. Mudou muita coisa após a implementação do regime democrático. Porém, muita gente que fala de democracia continua a ser fundamentalista e intransigente com quem pensa e age de modo diferente. E, pior ainda, quando se tem poder económico ou político. O Concílio Vaticano II marcou a exigência de novos rumos para a Igreja, quer em relação à sua expressão comunitária, como à sua relação com a sociedade, por força da sua missão. A verdade é que muitos cristãos, e mesmo responsáveis, que são capazes de falar com eloquência sobre os textos conciliares, não dão grandes sinais de mudança interior no seu agir e deturpam o rosto da Igreja que procura a renovação.
Há ainda as vicissitudes da vida, como a idade e o caminho já andado, que levam à mudança exterior e à separação de muitas coisas que se consideravam indispensáveis. Esta, porém, corre o risco de se tornar corrosiva das atitudes e dos sentimentos, se interiormente não se assume como espaço de novas oportunidades, investimento de experiências adquiridas, desbravar de campos pouco cultivados, abertura a uma doação mais gratuita, ou seja, se não promove mudança interior, sinal de conversão à novidade, que sempre espreita em nós pela sua vez. Quem tem fé e horizontes de vida entende melhor esta exigência interior e entende também o que alguém deixou aí como hino do bispo diocesano: “Mudam os rostos, passam os anos, não passa Cristo, nem muda o amor.” A mudança nestes casos é um problema de bússola e de capacidade do essencial. A fé abre caminho, ilumina-o e estimula a que nele se ande sem medo nem nostalgias.
As mudanças que se nos impõem não são todas iguais, nem têm a mesma dimensão existencial e social. Cada um de nós, porém, permanece o mesmo, sempre que entende e aceita o que subsiste nas mudanças que o atingem, a ponto de não cair na tentação de passar ao lado, mas se dispõe a enfrentar serenamente a realidade, de se orientar no que muda, de modo a que tudo tenha um sentido positivo. A fé ajuda a que na vida tudo seja luz, mesmo quando a noite se torna longa e incómoda. A mudança pode ser uma ocasião de nos apercebermos que estamos vivos e levamos connosco uma força impar, que pode não ser física, mas acaba por ser a mais determinante.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

Bispos aprovam nota sobre a PMA e apelam ao «Não» no referendo sobre o aborto
A assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reunida em Fátima, anunciou que vai publicar uma Nota Pastoral sobre a Procriação Medicamente Assistida (PMA). Mesmo com uma nova Lei aprovada no Parlamento, os Bispos publicam o documento para “orientar” os fiéis católicos. Sobre o próximo referendo ao aborto, D. Carlos Azevedo, Secretário da CEP, disse aos jornalistas que os Bispos esperam que os portugueses possam “amadurecer serenamente a sua consciência” nesta matéria e deixou um apelo aos que “estão convictos do Não” para que não deixem de votar. Os trabalhos da assembleia, iniciados na passada segunda-feira, abordaram ainda algumas questões da relação entre a Igreja e o Estado. A CEP lamenta o atraso do Governo na nomeação dos seus representantes na Comissão bilateral, prevista na Concordata para o desenvolvimento dos bens da Igreja que integrem o património cultural português. O Ministério da Cultura ainda não terá indicado o nome do vogal escolhido. “Não compreendemos a razão deste atraso”, lamentou D. Carlos Azevedo, frisando que “o Património é algo que todos valorizamos”. Outro tema é a questão das novas percentagens dos descontos que o Clero passará a fazer para a Segurança Social, com os Bispos a manifestarem disponibilidade para negociar. A assistência espiritual nos Hospitais e as aulas de EMRC no 1º ciclo são assuntos em que é preciso um acordo entre Igreja e Estado. D. Carlos Azevedo lamentou ainda a ausência de uma representação da Igreja no Conselho Consultivo das Famílias, um órgão de natureza consultiva composto por representantes de entidades não governamentais, criado este Verão. Seguindo o plano de reflexão sobre a transmissão da fé, os Bispos abordaram o papel da família, da escola e da universidade neste processo. O Secretário da CEP salientou “a crise da família na transmissão da fé” e salientou a importância de a Igreja apresentar “intensificar e renovar pedagogias”, criando métodos e técnicas eficazes.
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Fonte: ECCLESIA

Um livro de D. Manuel de Almeida Trindade

"Pessoas e Acontecimentos"

Eu não sei se os meus amigos leitores gostam de reler os livros de que gostaram, e gostam, muito. Eu tenho esse hábito e não o quero perder. Porque o que é bom vale sempre a pena repetir, como quem saboreia uma guloseima que nos estimula o sabor das coisas. 
Aconteceu há dias com a releitura de “PESSOAS E ACONTECIMENTOS”, um livro com textos de D. Manuel de Almeida Trindade, publicado em 1987, aquando da celebração do 25.º aniversário da ordenação episcopal do então Bispo de Aveiro. 
D. Manuel de Almeida Trindade escreve muito bem e consegue transmitir a quem o lê uma faceta importante da sua personalidade, que é a serenidade. Mas também nos conduz a fontes de conhecimentos e de vivências que refletem o homem de fé profunda e o humanista que olhava para todos como irmãos na caminhada da vida. 
O atual Bispo Emérito de Aveiro, que vive em Coimbra, evoca, com maestria, figuras gradas do seu tempo, fala do Vaticano II em que participou com uma sensibilidade rara, mostra o que pensa com uma facilidade enorme, recorda acontecimentos importantes com uma fidelidade a toda a prova, ou não fosse ele um cultor do diário pessoal, de onde saíram outras obras significativas. Penso que “PESSOAS E ACONTECIMENTOS” merece uma releitura… ou leitura, em tempo de tanta futilidade que enche os escaparates das livrarias. 

Fernando Martins 

Foto: Retrato de D. Manuel,
feito pelo artista aveirense Gaspar Albino

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