domingo, 22 de outubro de 2006

O SORTILÉGIO DA SERRA



24 HORAS
NA PAZ DA MONTANHA

Como homem do mar e da ria, pisando chão plano, sempre sonhei, desde menino, com a magia da serra. Anos e anos olhei para as silhuetas das montanhas, bem visíveis em dias claros, com sonhos de um dia sentir ao vivo a paz dos montes, rodeado do silêncio e da verdura da floresta virgem. Já crescido, recordo os meus primeiros contactos com a serra e senti muitas vezes, ao longo da vida, o sortilégio da montanha, onde vou quando posso. E o mais curioso é que, quando a visito, novas sensações me invadem a ponto de alimentar, nem sei porquê, projectos inviáveis de me fixar nos montes de vidas mais calmas e da tranquilidade absoluta que me aproxima de modo diferente do espiritual. 
Por 24 horas, fui mais uma vez ao Caramulo, onde há recantos aparentemente nunca vistos. Recantos que vamos descobrindo e redescobrindo em cada esquina, sobretudo em aldeias quase despovoadas, que estão carregados de história e de estórias que são, sem dúvida, riqueza que não pode continuar ignorada.
Dia de chuva, ora miudinha ora pesada e agressiva, com nuvens negras a indiciarem o Inverno que oficialmente ainda vem longe, as 24 horas que passei na serra proporcionaram-me uma paz interior que foi saboroso viver. 
Da janela da casa que me acolheu, fui contemplando a floresta que os fogos de Verão, felizmente, não têm mutilado nem nunca, ao que soube, transformaram em montanha de cadáveres hirtos e ressequidos. Nem carros acelerando e chiando nas cursas, que as há por ali, nem cães que ladram e gente que grita, nem altifalantes que anunciam aos berros arranhados a próxima festa, nem aviões em exercícios mecânicos e enfadonhos, nada perturbava o sossego da montanha que vivia, tranquilamente, a sua existência milenar. 
Dei comigo a prescindir da música armazenada para ouvir o silêncio apenas perturbado, docemente, pela chuva miudinha que teimava em cair, senti o prazer de conversar ignorando a caixa mágica que mudou e moldou o mundo, deliciei-me com a sesta reconfortante, apreciei um conto da escritora Flannery O’Connor que me deixou emocionado… Passeei por ruas tortuosas despidas de gente, olhei com curiosidade para a toponímia da terra, parei na fonte que corria ininterruptamente, decerto há séculos, admirei a vegetação espontânea que tudo cobre, ouvi estórias de gente que trabalhou e que sofreu, aprendendo na vida a vencer obstáculos e a ser feliz. 
As nuvens acompanharam-me neste andar e neste estar, alimentando, com as suas correrias mágicas, ao sabor do vento, os meus sonhos, que nunca me abandonaram, de um dia correr mundo, como elas... E tudo isto, e muito mais, graças a bons amigos que sabem muito dos meus sonhos e dos meus gostos.

 Fernando Martins

Um ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

DEUS NA COZINHA
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Há uma história que Aristóteles narra sobre uma palavra do filósofo Heraclito a uns forasteiros que queriam chegar até ele. Aproximando-se, viram como se aquecia junto a um fogão. Detiveram-se surpreendidos, enquanto ele lhes dava ânimo: "Também aqui estão presentes os deuses."
Os visitantes ficaram frustrados e desconcertados na curiosidade que os levou a irem ao encontro do pensador. Julgavam ter de encontrá-lo em circunstâncias que, ao contrário do viver dos homens comuns, deveriam mostrar em tudo os traços do excepcional e do raro e, por isso, do excitante.
Em vez disso - e estou a transcrever o comentário do filósofo Martin Heidegger à história relatada por Aristóteles -, os curiosos encontraram Heraclito junto ao fogão. É um lugar banal e bastante comum. Ver um pensador com frio que se aquece tem muito pouco de interessante. A situação é mesmo frustrante para os curiosos. Que farão ali? Heraclito lê essa curiosidade frustrada nos seus rostos. Ele sabe que a falta de algo de sensacional e inesperado é suficiente para fazer com que os recém-chegados se vão embora. Por isso, infunde-lhes ânimo. Pede-lhes que entrem: "Também aqui estão presentes os deuses." Também aqui, neste lugar corriqueiro, é o espaço para a presentificação de Deus.
A mística Santa Teresa de Ávila também dizia que Deus anda na cozinha no meio das panelas. Para sublinhar que quem julga encontrar Deus fora do mundo lida apenas com as suas ilusões.
Na união com Deus, Mistério último da realidade, o crente continua no mundo, embora o veja a uma luz nova. A mística, sem o compromisso com os outros, concretizado também no amor político, que inclui o amor cósmico-ecológico, é auto-engano. Como escreveu o filósofo Henri Bergson, "a mística completa é acção"; o místico autêntico, "através de Deus, por Deus, ama a humanidade inteira com um amor divino".
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Leia todo o artigo no Diário de Notícias

Gotas do Arco-Íris – 36

CORES DE AVEIRO
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Caríssimo/a: Será que as cidades têm cor? Quem souber que responda; eu apenas sei que a minha Aveiro é toda ela uma aguarela que sempre me encantou e seduziu... De todas as povoações beijadas pela Ria, Aveiro foi a que mais profundamente se deixou invadir pelas marés; e, assim sendo, encantamento e sedução os atribuia ao sal, aos nevoeiros e neblinas, às nortadas e calmarias. Porém, o Congresso sobre Arte Nova e os livros que me surgiram, mostraram-me que ... E mais escrevi, abrindo o livro de Amaro Neves: «A Arte Nova em Aveiro e seu Distrito». Dizia também que pegando-me pela mão, me levou a admirar fachadas e a espreitar o interior de prédios e casas e solares e palácios aí me revelando a cantaria, a carpintaria, passando à serralharia (aquele gradeamento da varanda com uma borboleta em ferro forjado, na “vila Cecílio”...), ao estuque, ao mobiliário, à pintura, à azulejaria. Realçava eu as “cores arte nova”, com “tons verdes e amarelos vivos... vermelho de intenso colorido... azuis e brancos de gradações diferentes...”, enfim, “cores vivas e geralmente contrastantes”... Nesse instante o sistema operativo do computador deixou de responder, e quedei-me como se estivesse encostado àquela parede a abrigar-me da chuva. Que me resta fazer: esperar que a chuva passe ou avançar? Avancei e ... tudo o que havia escrito se apagou. E agora onde ia encontrar a luz e a cor que se espraiam e nos levavam a subir os empedrados antigos, ruas e vielas acima, a caminho do Liceu ou da Escola Comercial? Sendo-me impossível apresentar-te o meu escrito, fica o convite para que montes na buga e te surpreendas, em cada esquina, com as cores de Aveiro! Manuel

sábado, 21 de outubro de 2006

LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAMOS SEMPRE
A APRENDER
As Línguas vivas, que estão sempre a crescer, podem levar-nos a ter dúvidas. Por isso, quem quiser falar e escrever correctamente a Língua Portuguesa tem de estar atento, para se actualizar.
Aqui ficam duas sugestões muito úteis:
Na RTP1, pode ver, à sexta-feira, o programa "Cuidado com a Língua";
No "PÚBLICO on-line" há, também, uma rubrica que pode consultar, intitulada "Dúvidas Linguísticas".

JOÃO PAULO II em desenho animado

O PAPA AMIGO
DA HUMANIDADE
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A vida do Papa João Paulo II vai poder ser vista em desenho animado. Um DVD multilingue, com o título de "João Paulo II - o Amigo de toda a humanidade", vai mostrar a quantos o admiraram o que foi a sua caminhada até aos fim dos seus dias à frente dos destinos da Igreja Católica, marcando, de forma indelével, os destinos do mundo dos homens de fé e amantes da paz. Trata-se de um trabalho produzido pela Cavin Cooper Productions, com a colaboração do Centro Televisivo Vaticano. Além da parte de animação, o DVD inclui um documentário onde o Papa Wojtyla fala de si próprio. Este vai ser um DVD que não deixará de ser apreciado por gente jovem e menos jovem.

PRIVILÉGIOS

OS PRIVILÉGIOS
NÃO FAZEM SENTIDO
NUMA SOCIEDADE
DEMOCRÁTICA
Para mim, numa sociedade democrática, os privilégios não fazem sentido. Viola, a meu ver, o princípio de que a Lei é igual para todos. Portanto, sem excepções.
Toda a gente sabia, penso eu, que os futebolistas tinham um regime especial, tendo por base, alegadamente, que essa profissão é de vida curta.
Se têm uma vida curta, o que em princípio é verdade, também é verdade que alguns ganham muitíssimo mais do que os trabalhadores de outras áreas. E depois, há futebolistas que, depois de arrumarem as botas, continuam ligados ao mundo do futebol.
Numa altura em que se pede a todos os portugueses que se unam para que Portugal deixe de ser um país deficitário, será justo que os jogadores deixem se ser privilegiados, pagando os impostos como todos os cidadãos.
Mais ainda: há hoje muitos trabalhadores que, por ficarem numa situação de desemprego, acabam as suas carreiras profissionais muito cedo, sem terem hipótese de retomar o trabalho.

ABORTO - 3

D. José Policarpo esclarece declarações à comunicação social sobre o aborto
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Posição do Patriarca
de Lisboa sobre o aborto
As minhas respostas à comunicação social, que me interpelou sobre a hipótese de um novo referendo sobre o aborto, foram incorrectamente utilizadas por alguns meios de comunicação e mesmo por forças políticas e parecem ter gerado confusão e mesmo indignação em algumas pessoas. Parece-me, pois, necessário retomar as afirmações aí feitas, com uma clareza que não permita interpretações ambíguas ou desviadas. 1. Comecei por afirmar, o que parece que ninguém ouviu, que a doutrina da Igreja sobre esta matéria, não mudou e nunca mudará. De facto, desde o seu início, a Igreja condenou o aborto, porque considera que desde o primeiro momento da concepção, existe um ser humano, com toda a sua dignidade, com direito a existir e a ser protegido. 2. Afirmei, de facto, que a “condenação do aborto não é uma questão religiosa, mas de ética fundamental”. Trata-se, de facto, de um valor universal, o direito à vida, exigência da moral natural. Com esta afirmação não foi minha intenção negar a sua dimensão religiosa. A mensagem bíblica assumiu, como preceito da moral religiosa este valor universal, dando-lhe a densidade do cumprimento da vontade de Deus. Não é só por se ser católico que se é contra o aborto; basta respeitar a vida e este é, em si mesmo, um valor ético universal. É claro que o respeito pela vida é uma exigência da moral cristã, porque está incluído no quinto mandamento da Lei de Deus: “Não matarás”. Porque é um preceito da moral cristã, violá-lo é um pecado grave. Mas o Decálogo, estabelecido, pela primeira vez no Antigo Testamento, por Moisés, consagrou como Lei do Povo de Deus, alguns dos valores humanos universais, que interpelam a consciência mesmo de quem não é religioso. E de facto, na presente circunstância, há muitos homens e mulheres que, não sendo crentes, são contra o aborto porque defendem a dignidade da vida, desde o seu início.
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Leia todo o comunicado
do Patriarca de Lisboa

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