terça-feira, 1 de agosto de 2006

Arte em Aveiro

Bienal Internacional
de Arte Contemporânea
Aveiro também vai ter a sua I Bienal Internacional de Arte Contemporânea, entre 11 de Novembro e 30 de Dezembro, com organização da Câmara Municipal de Aveiro e da associação de artistas AveiroArte. Trata-se de uma iniciativa que não deixará de alcançar grande expressão cultural, tanto em Aveiro como no próprio País. A Bienal, que servirá, sem dúvida, de estímulo à criação artística, vai abranger pintura, fotografia, desenho, gravura e escultura, havendo um prémio, denominado Prémio Aveiro, no valor de dez mil euros. A obra premiada ficará a pertencer ao espólio artístico da autarquia aveirense. Os interessados em participar nesta I Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Aveiro podem inscrever-se na Câmara Municipal.

Quadros da Ria de Aveiro

Palheiro de José Estêvão, na Costa Nova
(Foto publicada em "Imagens do Portugal Queirosiano",
com data de 1976)

José Estêvão, a esposa e seu filho Luís (Foto publicada no livro "José Estêvão - Estudo e Colectânea", com data de 1962)

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DESTES OCASOS D'OIRO
E DESTE CERÚLEO MAR
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Destes ocasos d’oiro e deste cerúleo mar, Desta mesma risonha e plácida paisagem, Quantas vezes, meu Pai, a luminosa imagem Se reflectiu no teu embevecido olhar! Era aqui, nesta paz, que vinhas descansar, Refazer, para a luta, as forças e a coragem, Vendo a planície verde ao fundo e, sob a aragem, Brancas, no azul da Ria, as velas deslizar… Por isso o coração aqui me prende assim! E, da saudade, quando, ao remorder acerbo, Tua figura evoco e ressuscito em mim, Vejo-te errar na praia – emocionante engano! – Buscando a inspiração do teu ardente verbo No esplendor do Infinito e o tumultuar do Oceano!

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Soneto de Luís de Magalhães,

filho de José Estêvão Coelho de Magalhães,

em que evoca a Costa Nova e o seu próprio pai

: In “José Estêvão – Estudo e Colectânea”

Um artigo de Alexandre Cruz

Pequenos, mas grandes vedetas!
“(A)pareço,
logo existo”
1. Nos nossos dias a televisão é uma autêntica produtora de vedetas. São dia-a-dia, também com a ajuda das praias dos veraneantes, criados e fomentados heróis cujo sonho é aparecer na novela. Sejam “morangos”, com ou sem açúcar, mas com floribelas à mistura, tudo foi pensado, criado, idealizado para criar hábito, estilo, moda. Se formos a ver e analisar o fenómeno destas novelas de concorrência que criou moda em Portugal, a certa altura apercebemo-nos de que o segredo está em trazer e consagrar a “realidade”, viva (nos “morangos”) ou sonhada (na “floribela”) para o ecrã da televisão. Nesta forma hábil e implacável de captação pela proximidade estará todo um mundo de contextos sociológicos, de vontades pessoais que se projectam, e de vedetas, heróis, que se criam simplesmente por aparecerem e dizerem uma “coisas” que, porventura, todos os dias se dizem, com calão à mistura, por aí. Na táctica do descomplicar para atrair, toda uma geração de gente nova do nosso país, mais coisa menos coisa, se revê no seu herói, se projecta nesse ideal que é tão banal quanto próximo, mas que existe e fala “como nós”…e assim sendo, pensará o adolescente, estamos a um passo de lá ir, de aparecer, de também “ser herói”. Tudo tão simples, tão prático, nem é preciso fazer nada de especial… Para a vedeta heróica bastará “aparecer”, mostrar a imagem e o “bronze”, o que é bem melhor que estudar!... 2. Este império das vedetas construídas na “banalidade” está aí, é irrefutável! Só nas consequências em futuro próximo se perceberá totalmente a grandeza desta ilusão colectiva da “malta” nova. E depois, quando acabar a novela? E quando se descer à realidade e todo esse castelo se desmoronar pela “fama” que, afinal, não existe? Se pensarmos que muitas vezes até as pessoas adultas (artistas, desportistas, “jet set”!) que atingem certo patamar de visibilidade e fama, se até estas pessoas, quer fartas da perseguição da imprensa cor-de-rosa quer pelo fim do próprio protagonismo e visibilidade, não aguentam o “choque” da realidade caindo no vazio… Então com crianças e adolescentes, como será?!... Quem não se lembra do famoso “caso Zé Maria”, o herói das galinhas do primeiro Big Brother, que de fama e dinheiro abundante desceu até à miséria do “abismo” da tentativa de suicídio. Por muito que se diga que as crianças e os adolescentes que aparecem na “novela” estão preparados para tudo, a verdade é que não estão preparados para nada disto; são pessoas em construção de sua identidade, personalidade, ideias, esperanças, projectos de vida. Com toda a liberdade realista fará sentido perguntar: quem pagará a factura de sua possível desorientação de vida, ansiedades, possível dificuldade em conviver com o “mundo real” onde não há heróis? O canal de televisão ou a produtora pagarão a despesa do médico, psicólogo,…?!... 3. Dizem-nos, habitualmente, que até uma certa idade é proibido trabalhar, e até em interpretações mais radicais não será permitido à criança começar a ajudar em casa, a lavar a loiça, limpar, aspirar, por a mesa, regar o jardim! E até assistimos a “processos-crime” atribuídos a instituições que acolhem crianças abandonadas por seus pais porque são iniciadas no realista mundo do trabalho, onde há esforço, de forma progressiva… Afinal, o que se passa com este mundo do espectáculo televisivo? Crianças em novelas e filmagens (tarefa muitíssimo exigente) não será trabalho infantil? Pertencerão ao mesmo país as normativas que de um lado proíbem e do outro permitem com visibilidade espectacular o duro trabalho de crianças na TV? O que e passa que por trás de tudo isto, fazendo dando às produtoras de televisão toda a isenção? O trabalho de crianças em novelas é ou não é trabalho infantil?!... 4. Grandes conseguem ser os pais e as famílias que, no máximo esforço da vida de cada dia para estarem sempre presentes, procuram transmitir aos “seus” os verdadeiros valores, ajudando a “pensar” e a dar valor de forma proporcionada. Como é natural, e este também é um tempo especial para quem tem essa oportunidade, dando lugar em férias ao entretenimento saudável que retempere as forças, a energia, a esperança, o ânimo fundamental (mesmo nas circunstâncias mais complicadas da vida, esta bem exigente que não é uma novela fictícia)… Depois de tudo, uma coisa é certa, e aponta o caminho do verdadeiro bronzeado a seguir: partindo do célebre pensamento grego “mente sã em corpo são”, talvez seja, a bem de todos os futuros, de dar mais “espaço” e valor ao “bronze da mente”! Afinal, a verdadeira grandeza, e o único caminho da verdadeira construção que não cai, mesmo com o “sonho”, reside no que se “é” e não no que se quer mostrar ou parecer ser! O filósofo, no seu tempo, apostava na palavra certeira ao dizer: “penso, logo existo!” E não, como em algumas modas actuais: “apareço…pareço, logo existo!” (Esquecendo o “pensar”, estaremos a regredir no tempo em termos de Humanidade?!...)

Visita às Dunas de São Jacinto

No dia 5 de Agosto, vai realizar-se mais uma visita guiada às Dunas de São Jacinto, acompanhada por biólogas da HERA-avpp. Esta actividade enquadra-se no projecto "Bandeira Azul" da Câmara Municipal de Aveiro.
As inscrições, obrigatórias, têm de ser feitas até 3 de Agosto, pelo Telm 969 145 152.
Programa:
15h25: Encontro dos participantes em frente da estação da CP, em Aveiro. 15h35: Partida para a Reserva natural de S. Jacinto. 16h25: Visita Guiada 18h45: Fim das actividades e regresso. A visita é gratuita, sendo o preço das deslocações (Autocarro, lancha: Aveiro-S.Jacinto / S. Jacinto-Aveiro) a cargo dos participantes.

segunda-feira, 31 de julho de 2006

ÍLHAVO EM FESTA

Posted by Picasa

Praia da Barra
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Mar Agosto
Festas do Município
Neste mês de férias por excelência e por tradição, a Câmara Municipal de Ílhavo preparou mais uma edição de MAR AGOSTO - Festas do Município de Ílhavo, para animar a população residente, visitantes, veraneantes e outros que queiram associar-se. As festas decorrem durante todo o mês de Agosto, marcando presença nas quatro freguesias do concelho: S. Salvador, Gafanha da Nazaré, Gafanha da Encarnação e Gafanha do Carmo. que decorrerão de 1 a 30 de Agosto. Conheça o programa e participe.

Uma boa medida?

Carta por pontos
em Espanha
reduz mortos na estrada
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O número de mortos nas estradas espanholas desceu 23,2 por cento desde que entrou em vigor o sistema da carta por pontos, no princípio do mês. São quase três mortos a menos por dia em relação ao mesmo período de 2005, segundo o balanço feito pela Direcção-Geral de Tráfego, no final da semana passada. Nos primeiros 26 dias de funcionamento do novo regime de penalização dos condutores em Espanha, morreram 225 pessoas na sequência de acidentes de viação, menos 68 do que em igual período do ano passado. "Sem dúvida nenhuma que isto se deve à carta por pontos", disse o responsável máximo da DGT, Pere Navarro, citado pelo jornal El País. "Pela primeira vez, baixámos de 300 mortos em Julho", acrescentou. No mês homólogo de 2005, os acidentes de viação provocaram a morte a 342 pessoas.
Desde o dia 1 de Julho, dois em cada 1000 condutores foram multados; 89 por cento são homens. Do total de multas aplicadas em 26 dias, só 10,7 por cento se destinaram a mulheres condutoras.
A explicação para a desigualdade pode estar no facto de "em muitos casais ser o homem a conduzir, apesar de a mulher também ter a carta", segundo fonte da DGT, citada pelo mesmo jornal. Os condutores mais jovens (menores de 25 anos) concentram 19,2 por cento das multas, enquanto os condutores profissionais cometem 4,3 por cento das infracções detectadas.
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Um texto de Sofia Rodrigues, no PÚBLICO : Leia mais no PÚBLICO

Quadros da Ria de Aveiro

Zé Penicheiro: "Amanhecer", acrílico s/tela, 35x27
A luz estremece antes de pousar ::
“A ria é um enorme pólipo com os braços estendidos pelo interior desde Ovar até Mira. Todas as águas do Vouga, do Águeda e dos veios que nestes sítios correm para o mar encharcam nas terras baixas, retidas pela duna de quarenta e tantos quilómetros de comprido, formando uma série de poças, de canais, de lagos e uma vasta bacia salgada. De um lado o mar bate e levanta constantemente a duna, impedindo a água de escoar; do outro é o homem que junta a terra movediça e a regulariza. Vem depois a raiz e ajuda-o a fixar o movimento incessante das areias, transformando o charco numa magnífica estrada, que lhe dá o estrume e o pão, o peixe e a água da rega. Abre canais e valas. Semeia o milho na ria. Povoa a terra alagadiça, e à custa de esforços persistentes obriga a areia inútil a renovar constantemente a vida. (...) Na ria o ar tem nervos. A luz hesita e cisma e esta atmosfera comunica distinção aos homens e às mulheres, e até às coisas mais finas na claridade carinhosa, delicada e sensível que as rodeia. A luz aqui estremece antes de pousar…"
In “Os pescadores”,
de Raul Brandão