domingo, 7 de maio de 2006

Bênção dos Finalistas - 2006

Grupo de finalistas

Aspecto da Alameda


D. António Marcelino



Um mar de gente
invadiu hoje a Alameda
da Universidade de Aveiro 


Como era de esperar, um mar de gente invadiu hoje a Alameda da Universidade de Aveiro. A cerimónia da Bênção dos Finalistas, presidida pelo prelado aveirense, D. António Marcelino, atraiu à cidade dos canais milhares de pessoas, entre familiares e amigos dos estudantes universitários, que quiseram associar-se à alegria incontida de quem chega ao final de um curso superior. O colorido da festa em fundo negro dos trajes académicos marcou este dia para quantos participaram nesta iniciativa patrocinada pela Igreja Católica, através do Centro Universitário Fé e Cultura, sempre de braço dado com a academia. Logo de manhã cedo, a cidade acordou com gente que foi chegando até à hora da celebração. Nos rostos de muitos sentia-se um certo orgulho (ou vaidade?), por verem os seus familiares concluírem os cursos em que apostaram nos últimos anos, com imenso trabalho e inúmeros sacrifícios. Um grupo coral, constituído por estudantes, bem afinado, animou a celebração, que decorreu num ambiente sereno e de reflexão, reflexão essa que foi bem estimulada por D. António Marcelino, na hora da homilia. Dezenas de estudante colaboraram, voluntariamente, nas mais diversas tarefas, para que tudo decorresse com ordem e elevação, todos bem apoiados pelo dinâmico responsável do Centro Universitário, Padre Alexandre Cruz. “A história de quem já venceu é sempre estímulo a novos caminhos para andar com igual mérito. Mas, sendo assim, não se pode olhar demasiadamente para o piso esburacado dos caminhos da vida, que cada dia tem de andar. A vida, hoje, pede-nos faróis de longa distância. Os mínimos são facilmente, se não sempre, dispensáveis. SEMPRE VENCEDORES! É o que vos desejo, o que de vós espera a Escola que vos formou, o que de vós reclama a sociedade de que fazeis parte e que, em vós, alimenta a esperança de coisas novas.” Estas foram palavras do Bispo de Aveiro na mensagem que dirigiu aos finalistas de 2006. Na oração de Compromisso, dirigida ao Deus-Amor, os finalistas reconheceram que o caminho "foi duro, exigente, trabalhoso", mas também disseram e sentiram que o Senhor partilhou com eles "todas aquelas horas de sono perdido". Ainda se comprometeram a "contribuir para o bem-estar de todos, colaborando assim na construção de um mundo melhor, de uma humanidade mais justa e solidária no caminho da paz universal".

F.M.

Gotas do Arco-Íris - 16

OURO FURTA-COR,
NO ARCO-ÍRIS?...
Caríssimo/a: Mão amiga trouxe-me livro de boas recordações, ou não fosse ele todo recheado de imagens da nossa Terra. “Diccionario Geographico abreviado de Portugal e suas Possessões Ultramarinas”, da autoria de Fr. Francisco dos Prazeres Maranhão, e data de 1852. Bonita idade! Hoje, apenas duas transcrições:
1. Em nota da página 17, pode ler-se:
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“O peixe vermelho ou pimpão, de que hoje abunda o baixo Vouga e seus affluentes, parece ser a dourada chinesa (chyprinus auratus), que os inglezes trouxeram da China em 1611. Tendo o Dr. Leite em Aveiro muitos pimpões, estes, em 1800 pouco mais ou menos, fugiram do tanque para a immediata Ria, aonde se multiplicaram (antes da abertura da barra); e d'alli se communicaram aos rios, que n'ella entram. Encontram-se hoje não só vermelhos, mas tambem mesclados de branco, preto, &c. e alguns são totalmente de côr tirante á de truta com pintas d'ouro furta-côr. Pouca gente os come, por serem muito molles; porém no inverno fritos ainda não são máos.” [Peço desculpa se, ao tentar manter a ortografia da época, algo não correu bem... Só uma pergunta: alguém poderá esclarecer quem era o Dr. Leite?]
2.Das páginas 52 e seguinte:
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“No seculo 16.º tinha Aveiro 11:000 h. e 150 embarcações proprias; e em alguns annos armou 60 navios para a pesca do bacalhau no banco da Terra Nova: porém o jugo hespanhol, e as arêas que se accumularam na barra de Mira, tudo fizeram retrogadar. Hoje tem 1:403 fg. em duas FF. (Nossa Senhora da Gloria 814, Vera Cruz 589). ... A Ria d'Aveiro é uma especie de lago salgado e de pouco fundo, que communica com o mar pela barra velha (hoje quasi de todo obstruida) que fica perto de Mira; pela barra nova que a O. de Aveiro foi aberta em 1808 (com a despeza de cem contos de reis), e pela communicação, que o mar abrio em 1838 ao sul da barra nova...” Creio que a leitura deste naco não é muito difícil e que chama a nossa atenção pela imensa quantidade de informação em tão poucas linhas. Talvez um dia se retome a transcrição de mais alguns centímetros desta antiga prosa. Manuel

sábado, 6 de maio de 2006

Bênção dos Finalistas, na UA

Da Bênção de 2005 Da mensagem do Bispo de Aveiro: “O apaixonante da vida
não é alcançar a cadeira
repousante do tudo feito"
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Amanhã, 7 de Maio, vai ter lugar, na Alameda da Universidade de Aveiro, a Bênção dos Finalistas, em cerimónia presidida por D. António Marcelino. Espera-se uma participação de cerca de dez mil pessoas, entre estudantes, familiares e amigos. Hoje mesmo testemunhei a azáfama da preparação da festa, com o padre Alexandre Cruz, director do CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), a orientar todos os trabalhos preparatórios da Bênção, bem coadjuvado por muitos universitários que voluntariamente se disponibilizaram para o efeito. Cada grupo ensaiou o que lhe compete fazer na festa, desde o acolhimento aos cânticos, passando pela apresentação dos símbolos dos cursos, pela montagem do altar, pelos distribuidores de água e pelo peditório, entre outras tarefas, para que na hora certa tudo transpire uma boa organização, como aliás é habitual. Na mensagem que o Bispo de Aveiro dirigiu aos finalistas, que intitulou “Sempre vencedores!”, o prelado aveirense sublinhou que “o tempo das portas fechadas ou mal entreabertas tem de ser, também, o tempo de corações disponíveis e escancarados à esperança, capazes de empurrar a vida para mais longe, por pesada que ela seja”. D. António lembra que “o apaixonante da vida não é alcançar a cadeira repousante do tudo feito, construído e conseguido de uma vez por todas, mas sim a plataforma, nem sempre cómoda, que atira para o mais além, para uma renovada criatividade, para uma procura séria que vai gerando outras procuras que vão fazendo história”.

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Papa recebeu Durão Barroso

Bento XVI debateu
futuro da Europa
com Durão barroso
O Papa Bento XVI recebeu hoje no Vaticano o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, numa audiência dedicada ao futuro da construção Europeia. De acordo com o porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, Durão Barroso falou «sobre o actual Estado da União Europeia, sobre os desafios que ela deve enfrentar e sobre o seu futuro». Depois de ter sido recebido pelo Papa, o presidente da Comissão Europeia reuniu-se com monsenhor Giovanni Lajolo, ministro dos Negócios Estrangeiros do Vaticano. Segundo Navarro-Valls, a rejeição do projecto de Constituição Europeia pela França e Holanda foi abordada no encontro. «Apesar das sombras que surgiram, foi dito que se pode ter confiança no processo de integração e de consolidação das instituições europeias». Uma declaração emitida pelo Vaticano concluiu que «durante o encontro, foram, em particular, abordados os ideais e os compromissos de solidariedade necessários, bem como o contributo que os cristãos devem dar» a esse processo. Por sua vez, Durão Barroso indicou, em comunicado, ter discutido com o Papa «o futuro da Europa, o diálogo entre as culturas e as religiões, as preocupações com os conflitos violentos no mundo e a luta contra a pobreza». «A experiência da construção europeia, orgulhosa da sua diversidade religiosa, cultural e linguística, é um exemplo do diálogo entre os povos», sublinhou o presidente da Comissão Europeia. Durão Barroso disse ter «respondido a uma inquietação particular da Santa Sé», afirmando que «a liberdade religiosa é inegociável e deriva do direito comunitário».
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Fonte: "Expresso" on-line

Um artigo de Joaquim Franco, na SIC

Vocações para a crise?
O número de padres está a diminuir em Portugal a uma média de quase 50 por ano. O último anuário da Igreja Católica revela dados preocupantes para o futuro da estrutura eclesiástica. A quebra é progressiva e, segundo dados oficiais, haverá já menos de 3000 padres diocesanos em Portugal, para quase 4400 paróquias...
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As estatísticas referentes ao triénio 2000-2003 revelam que, neste período, o número de sacerdotes formados nos seminários diocesanos baixou de 3159 para 3029: menos 130.
O clero formado noutros institutos não tem uma redução tão acentuada, mas a tendência parece irreversível.
Em média, por cada dois padres que morrem, é ordenado apenas um e o número de seminaristas também está a baixar.
Mantendo-se esta diminuição de vocações, dentro de uma década a Igreja portuguesa só consegue garantir padres, com a formação clássica dos seminários diocesanos, em metade das paróquias existentes. É a própria estrutura hierárquica que está em causa.
São frequentes os apelos e os documentos do episcopado para uma sensibilização das famílias católicas para a vocação sacerdotal. Mas um outro problema desponta, próprio de um tempo e de uma sociedade - a europeia, onde Portugal se insere culturalmente - que promove a ambição e a competição.
O exercício do "sacerdócio" não estará a perder o sentido do "serviço" gratuito de missão para ganhar contornos de uma "carreira" com o conforto do respectivo exercício profissional?
No caso português, há também um dramático fosso "geracional" nos padres. O período pós revolucionário provocou uma descontinuidade nas vocações que começa agora a ter impacto.
À cabeça do debate sobre a falta de vocações surge normalmente o celibato; a menor influência das famílias na educação dos filhos; o "divórcio" entre a doutrina e a vivência dos católicos; a sociedade, que promove o "efémero" e facilita a "desistência", como sugeriu o Cardeal Patriarca de Lisboa no último Domingo de Ramos.
Têm surgido alguns problemas de integração entre jovens padres. As vocações não são imunes à "pressão" da sociedade contemporânea e começam a ser frequentes os casos de padres que acabam por "desistir" ou enfrentam graves "crises" já depois de ordenados.
O assunto tem sido debatido em múltiplos fóruns de opinião, com a participação de grupos e movimentos da Igreja. São várias as causas e consequências deste cenário, e demasiado complexas para um simples texto de análise.
Admitindo o risco de uma abordagem demasiado superficial, limito-me a sublinhar que, num aparente paradoxo, esta "crise" de vocações na Igreja Católica coincide com o despertar do sentimento "religioso", numa sociedade cada vez mais plural e promotora do "indivíduo".
O modelo "piramidal", centrado no clero, que assegurou as "estruturas" locais da Igreja Católica durante muitos anos, é uma fórmula que há muito se diluiu na cultura urbana das liberdades adquiridas, dos direitos inalienáveis e dos deveres transversais.
Quando as hierarquias insistem na "estrutura" da "pirâmide" para organizar as comunidades urbanas de base, correm o risco de promover o distanciamento em relação ao homem contemporâneo. Incentivam a preguiça, centralizam responsabilidades que devem ser partilhadas e, na cegueira de um objectivo não devidamente participado, precipitam-se em dinâmicas de relacionamento comunitário que pouco contribuem para, verdadeiramente, congregar.
O homem urbano é formado e formatado por uma multiplicidade de estímulos culturais, assimilados no contexto do individualismo e da pouca disponibilidade. Construir hoje comunidade "religiosa", implica valorizar cada célula no seu âmago, para a tornar parte integrante de um "todo" fraternal.
As comunidades cristãs do século XXI são chamadas a um novo desafio de exigência espiritual e relacional, onde o "íntimo" e o "individual" ganham novo e maior relevo na senda do transcendente.
A "horizontalidade" não serve apenas para cumprir pressupostos democráticos - porventura os menos relevantes -, mas para valorizar o lugar que o "sagrado" ocupa em cada indivíduo e descobrir as "vias de acesso" de cada indivíduo à grande comunidade plural, com todas as suas implicações. Na consciencialização desta nova atitude poderá redesenhar-se a "comunhão" e o "serviço" na igreja.
Vive-se um tempo propício ao regresso às dinâmicas de pequenos grupos, cansados de ritos viciados pela rotina, mas sedentos do ritual da proximidade, da cumplicidade e da surpresa. É por aqui que o "sacerdote" assume a sua função maior, actuando à medida de cada "alma", onde o domínio do "inexplicável" é atraente e exclusivo dos ministros de qualquer culto ou fé, independentemente de serem celibatários ou casados.
O apelo de D. José Policarpo aos padres de Lisboa, preocupado com o envelhecimento do clero, é inequívoco: "Não hesiteis em limitar actividades, se for necessário, para reservardes tempo para a oração".

Tolentino Mendonça na Feira do Livro de Turim

Tolentino Mendonça,
poeta de eleição
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O padre e poeta madeirense José Tolentino Mendonça é um dos escritores portugueses presentes na Feira Internacional do Livro de Turim (6 a 8 de Maio), evento em que Portugal é o convidado de honra e que ficará marcado pela literatura e a música portuguesas.
A Feira do Livro de Turim é uma feira dirigida ao público, onde estão representadas essencialmente editoras italianas que promovem a venda de livros.
Ao longo da feira decorre uma programação literária intensa, distribuída por várias salas, que resulta da iniciativa da própria feira e de editores italianos.
Nascido no ano de 1965, em Machico, Tolentino Mendonça estudou no Seminário diocesano do Funchal e na Universidade Católica, em Lisboa, onde foi ordenado sacerdote em Julho de 1990, por D. Teodoro de Faria. Prosseguiu os estudos superiores em Roma, tendo desempenhado ainda o cargo de Reitor do Colégio Pontifício Português.
Poeta de eleição, José Tolentino Mendonça tem vários títulos publicados. Além dos livros de poemas - ("Os Dias Contados", 1990; "Longe Não Sabia", 1997; "A que Distância Deixaste o Coração", 1998) e do ensaio "As Estratégias do Desejo: Um Discurso Bíblico sobre a Sexualidade" (1994), “Baldios”,(1999) - Tolentino Mendonça é autor de uma elogiada tradução do "Cântico dos Cânticos" (1997) e de "Salmos", entre outros títulos.
O Pe. José Tolentino Mendonça foi distinguido com o Prémios Literários do P.E.N. Clube Português para prosa pela sua obra “A construção de Jesus” (Ed. Assírio & Alvim). O galardão, referente ao ano de 2004, é atribuído ex-aequo a Tolentino Mendonça e a José Gil, pelo seu best-seller “Portugal Hoje. O Medo de Existir” (Relógio d'Água).
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Fonte: Ecclesia

Um poema de José Tolentino Mendonça

Pico Ruivo Todo o verão amontoei pedras e as dispersei
vigiava nuvens e sombras pelas fajãs a mesma solidão perigosamente transcrita naquele cinzento avermelhado sob as escamas do céu urzes sobrevivendo à dura estação duas ou três cabras, uma tenda túneis, atalhos, águas geladas por aí nos conduz a travessia a folha e a flor pertencem ao vento um olhar (ainda o meu?) persegue-as entretido na grande subida mais abaixo, quando principiava a vereda manchas de líquenes cobriam de igual modo o nome dos lugares onde iremos e dos lugares onde não chegaremos

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