segunda-feira, 13 de março de 2006

Doutrina Social da Igreja indica vias para a paz

Cardeal Renato Martino encerrou Semanas Sociais em Braga A paz plena compreende
a verdade, a liberdade e a justiça
O presidente do Conselho Pontifício para a Justiça e Paz (CPJP) espera que o Compêndio da Doutrina Social da Igreja seja lido em Portugal, inspirando as pessoas a modificarem a sociedade, através do seu pensamento e da sua acção.
O Cardeal Renato Martino, que esteve ontem no encerramento das Semanas Sociais Portu-guesas, em Braga, recordou que o Catecismo Social encara a paz como «vida plenamente huma-na».
Nesta perspectiva, a paz plena compreende a verdade, a liberdade e a justiça, sendo a única que permite chegar à ausência de guerra. O Cardeal defendeu ainda que «o agir humano em relação à natureza deve ser orientado eticamente».
A propósito das Semanas Sociais, o Cardeal Renato Martino referiu que elas são «um instrumento muito importante que deve ser plenamente valorizado para facilitar uma abordagem correcta dos numerosos problemas sociais, económicos e políticos que o nosso tempo propõe à consciência humana e para dar a esses problemas respostas culturais adequadas, inspiradas pelo Evangelho e pela Doutrina Social da Igreja».
O orador disse que o Compêndio da Doutrina Social da Igreja «dá o seu aval à organização» destas iniciativas, que «são uma escola qualificada onde os fiéis leigos podem exprimir-se e crescer» e são capazes «de oferecer um contributo específico para a renovação da ordem temporal».
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Livro sobre as Semanas Sociais
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O presidente da Comissão Coordenadora Nacional das Semanas Sociais, Manuel Porto, revelou ontem que a organização da iniciativa vai editar em breve um livro com as comunicações proferidas durante os vários dias de reflexão. O responsável sublinhou que diversas intervenções proferidas pelos convidados foram escritas propositadamente para o evento.
Fazendo um balanço da iniciativa, que, desde quinta- feira e até ontem, decorreu em Braga, Manuel Porto disse que passaram pelas Semanas Sociais cerca de 500 pessoas, o que é motivo de «regozijo». O responsável destacou a presença verificada em termos de número, mas também de «qualidade».
Neste evento, promovido pela Comissão Episcopal do Laicado e Família da Conferência Episcopal Portuguesa, estiveram representados «todos os distritos e Dioceses, incluindo as regiões autónomas, e pessoas de diferentes entidades e qualificações », disse Manuel Porto, que focou o «alto nível das comunicações».
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, destacou o interesse que, através da sua presença, as Dioceses portuguesas tiveram no sentido do «conhecimento e da necessidade de concretizar a Doutrina Social da Igreja».
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Fonte: Ecclesia e Diário do Minho

domingo, 12 de março de 2006

As minhas escolhas

Pós-modernidade? Uma cosmovisão outra
O homem é no tempo, melhor, é temporal, pois o tempo é o modo como o ser finito se realiza. Somos seres históricos e, também para melhor nos situarmos, dividimos a História em épocas: a Antiguidade, a Idade Média, a Modernidade. Não falta quem fale já em pós-modernidade - outros dirão modernidade tardia, segunda modernidade... Não vamos entrar nesse debate. Partimos apenas do entendimento de que, com esse termo, se quer exprimir uma crise e que precisamos de uma nova cosmovisão.
(Para ler todo o artigo de Anselmo Borges clique aqui)

APRECIEM, POR FAVOR

COMENTÁRIOS PARA QUÊ?
NB: Enviado por João Caniço

Citação

“O retiro quaresmal não é para preparar a ressurreição futura. O importante é captar os fluxos de vida espiri-tual que percorrem o universo em novas experiências de trans-figuração da existência do quotidiano. Lamenta-se, e com alguma razão, que os grandes meios de comunicação social engordam quase só com notícias de desgraças e com a exibição de banalidades. Em vez de engrossar essas queixas, é preferível um longo jejum dessas imagens em troca da fruição da natureza, de boa música, de leitura, de meditação e oração, de partilha com os pobres, da presença aos doentes e idosos. Por aí corre a vida que mais vale. A surdez metafísica, poética e musical perde-nos do mundo da beleza. A falta de justiça e compaixão perde-nos de Deus e dos seres humanos.” : Frei Bento Domingues, in PÚBLICO

A foto do dia

Aveiro: Zona de lazer
junto ao Canal de São Roque
Quem resiste, com este lindo dia de sol, a ficar em casa? Depois do frio e da chuva, o sol voltou a brilhar, para nos convidar a uns passeios, em espaços que convidam ao encontro com a natureza.
Neste caso, de um lado está o Canal de São Roque, com pontes, água mais límpida e barquinhos. Do outro fica o IP5, com todo o movimento, que hoje não deve ser pouco, a caminho das praias. No centro fica uma zona de lazer, por onde se pode caminhar, enquanto se conversa.
Experimente e depois diga se vale ou não a pena esta minha sugestão para sair de casa.

Carta por Acabar, do Ir. Roger

P r o c u r a r a Reconciliação e a Paz “Procurar a reconciliação e a paz supõe uma luta interior. Não é um caminho de facilidade. Nada de duradouro se constrói na facilidade. O espírito de comunhão não é ingénuo, é coração que se alarga, é bondade profunda que recusa dar ouvidos à desconfiança. Para sempre portadores de comunhão, será que avançaremos, nas nossas vidas, pelo caminho da confiança e de uma bondade do coração sempre renovada? Nesse caminho encontraremos por vezes contratempos. Lembremo-nos então que a fonte da paz e da comunhão está em Deus. Em vez de nos desanimarmos, invocaremos o seu Espírito Santo sobre as nossas fragilidades. E, ao longo de toda a vida, o Espírito Santo ajudar-nos-á a retomar o caminho e a ir, de começo em começo, em direcção a um futuro de paz…” : Excerto da Carta por Acabar, Ir.Roger Mote para o Encontro Europeu de Taizé-Milão 2006 :
NB: Texto retirado do ROADBOOK – Caminhada de Quaresma
> Páscoa SDPJ, pág 23

Um artigo de Tiago Mendes, no Diário Económico

Deficiências
Um desejo:
que o tema dos direitos dos deficientes não fique apenas na agenda da Primeira Dama. Há uma magistratura de influência por cumprir
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Muitas coisas separam Portugal de Inglaterra. Uma é evidente: a forma como os deficientes se integram na sociedade. Algo que põe à prova, mais do que o sentido de justiça social, o valor da cidadania de um país. Em Oxford, não se sente o ostracismo relativamente aos deficientes que há em Portugal. Apercebemo-nos disto um pouco por toda a parte: das universidades aos teatros, das discotecas aos ginásios. E, claro, na rua, onde reaprendemos a olhar o deficiente como um cidadão igual aos outros. Sem qualquer reacção especial. Sem a escolha angustiante entre olhar e não olhar. A ”normalidade” no tracto social é um dado adquirido. O exemplo maior? Enquanto o português discute o politicamente correcto da denominação ”pessoa com deficiência” face a ”deficiente”, os ingleses têm, na famosa série ”Little Britain”, um personagem que anda de cadeira de rodas sem precisar dela, divertindo-se à custa do amigo. Já dizia Pessoa que um dos traços distintivos entre os homens é a qualidade da ironia, marca superior da civilidade.
O sentido de justiça para com os deficientes diz muito do país que somos. Sobretudo em relação aos que não têm qualquer responsabilidade pela deficiência que possuem. Em Portugal, existe uma miríade de leis por cumprir. Na Inglaterra, não. Os edifícios têm acessos adequados e os passeios estão rebaixados. As universidades garantem igualdade de oportunidades no acesso, na frequência e na avaliação dos estudantes. É comum vermos cadeiras de rodas mecanizadas e cães-guia pela cidade. Um cão-guia custa três anos de treino e cerca de 20 mil euros. As cadeiras não serão baratas. A diferença nos níveis de vida é real, mas acaba por ser uma questão menor: o importante é a igualdade de oportunidades na sociedade em que se vive.
Na política portuguesa há pouco interesse no tema, não obstante a minoria silenciosa de 500 mil portugueses com algum tipo de deficiência poder mudar uma eleição. Três razões ajudam a perceber o porquê disso. Primeira: a inveja, pouco convidativa a olharmos para aqueles que têm menos ”projecção social” do que nós. Segunda: uma débil consciência cívica, favorável à continuação do estado das coisas. Terceira: a dependência do Estado, uma forma de alívio rápido para as consciências de muitos. A Inglaterra notabiliza-se também aqui, por ter visto crescer, a par da liberdade, um forte espírito de comunidade, onde a participação do cidadão no espaço público é uma imagem de marca. E onde os ‘lobbies’ têm um papel natural, havendo alguns que lutam pelos direitos dos deficientes, algo pouco visto em Portugal. O que nos leva - no contexto da tomada de posse do novo Presidente da República - a juntar ao desejo de ”boa sorte”, este outro: que o tema dos direitos dos deficientes não fique apenas na agenda da Primeira Dama. Há uma magistratura de influência por cumprir.
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Publicado no Diário Económico, a 8 de Março de 2006